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Coluna JATV

'Quando o sofrimento bate à porta' por Padre Gilson Siqueira

Confira o texto da colunista do JATV

Quando falamos do sofrimento do ponto de vista Bíblico a figura que logo lembramos é Jó. O livro de Jó se encontra na literatura Sapiencial do Antigo Testamento. É um livro de reflexão. Um drama da condição humana. Ele tinha tudo. Mas aos poucos foi perdendo tudo que tinha. A ponto de sua mulher dizer: "ainda continuas na tua integridade" (Jó 2,9). Mas Jó em sua sabedoria responde: "O Senhor deu, o Senhor tirou" (Jó 2,10). A Palavra de Deus apresenta Jó como esse modelo de homem integro que anda na presença do Senhor. Que experimentou as bênçãos, as riquezas e depois o infortúnio e pobreza. Mas no final Deus age em seu favor: "O Senhor mudou a sorte de Jó. Restituiu-lhe todos os bens, o dobro do que tinha antes" (Jó 42,10). Enfim, a narrativa de Jó é atual porque marca essa realidade que persegue a condição humana que é o sofrimento.

O sofrimento possui diversos rostos. Seja a criança inocente, vítima de um abuso sexual, o desemprego, a morte de um ente querido, uma doença que chega em nossa casa sem pedir licença e altera toda a convivência, o sofrimento da separação conjugal. A lista é grande. Não importa o grau de escolaridade, ou poder aquisitivo. Somos feridos em nossa própria carne pelo sofrimento. O próprio Jesus experimentou o sofrimento. Todavia, é importante termos em conta que o sofrimento nos dá a real consciência da vida. O prazer nos anestesia. Aliena-nos da realidade. O sofrimento nos acorda. É como o ferro sendo provado no fogo. Por analogia é o fogo dos sofrimentos que nos prova e concede a graça da maturidade. Mas nem todos passam pelo sofrimento do mesmo jeito. Nem todos reagem da mesma forma.

Se soubermos tirar lições dos sofrimentos podemos crescer e termos uma visão mais sofisticada da vida. Podemos associar nossos sofrimentos aos sofrimentos de Cristo. Encontrar um sentido. Quando encontramos o sentido, consequentemente ressignificamos a vida. Porém, infelizmente muitas pessoas por levarem uma vida sem prudência ou responsabilidade vivem num sofrimento demasiado que não cresce. Este tipo de sofrimento adoece. Não tiramos lições não ressignificamos a vida.

O ditado popular diz: "A vida te deu um limão, então faça uma limonada". Faça uma limonada de tuas dores, saiba criar musculatura interior, aprenda com os erros, as nossas dores não são infinitas. Depois da noite vem o dia. O sol que está mais fraco hoje, vai brilhar mais forte amanhã. As dores passam e podem ficar as marcas. Mas que essas marcas sejam a nossa identidade de pessoa mais madura.

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