Todos os anos, a Federação Nacional das Apaes (Fenapaes), por meio da ?Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla? abre debates e coloca a sociedade em reflexão no dever da igualdade para inclusão. Neste ano a campanha acontece entre os dias 21 e 28 de agosto.

Com base no tema: ?Pessoa com deficiência: direitos, necessidades e realizações?, as APAEs têm como objetivo quebrar tabus e vencer as barreiras da desigualdade, lutando pelos direitos das pessoas com deficiência, que têm a necessidade de apoio em diversas áreas: social, familiar, escolar, trabalhista e etc, para que a inclusão se torne efetiva e as pessoas com deficiência se tornem mais preparadas e amparadas diante das dificuldades da vida.

Na Apae de Rio do Campo a ?Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla? está mais que especial. Um dia marcante, desta semana, foi a quarta-feira (23), onde ocorreu no salão paroquial o encontro entre os alunos e profissionais da instituição com as famílias.

Apresentações, músicas, comida, muita emoção e animação envolveram todos os participantes neste dia, que é chamado ?Dia da Família na Escola?.

[caption id="attachment_8812" align="aligncenter" width="696"] Equipe de trabalho da Apae de Rio do Campo (Foto: Divulgação/Apae)[/caption]

Teila Franciele da Silva, tem 27 anos, é Pedagoga, pós-graduada em educação inclusiva para séries iniciais e educação infantil. ?E no momento já estou iniciando uma faculdade de educação especial. Para me aperfeiçoar nesta área, a qual eu gosto de trabalhar?, afirma a professora. Teila atua há quatro anos na educação especial.

A professora Teila explica como escolheu trabalhar com este público especial ?Minha primeira oportunidade surgiu de repente. Não tinha conhecimento nenhum do que era o trabalho da Apae, só ouvia falar. Não sabia os tipos de trabalhos que eram realizados, no entanto, tinha sempre vontade de conhecer. E quando surgiu uma oportunidade para mim, abracei com as duas mãos?, conta.

Bastou os primeiros passos trabalhando na instituição para Teila ter certeza de que fez a escolha certa ?Agora já é meu quarto ano trabalhando na Apae, e em cada período passei a gostar mais e mais deste trabalho. Já me escrevi em algumas escolas, tanto do município, como do estado, e em algumas fiquei em boa colocação, mas sempre quis continuar na Apae. Porque realmente me encontrei neste trabalho. Eu amo o que faço?, confessa a professora.

Mesmo diante de adversidades, Teila afirma que seu trabalho é prazeroso e gratificante ?Atuo com a estimulação precoce, um atendimento um pouco diferente dos demais alunos da Apae. É oferecido para crianças de 0 a 6 anos, que apresentam algum atraso em algumas das áreas cognitiva ou motora. É difícil, mas ao mesmo tempo é gratificante. Tenho que buscar algumas atividades diferenciadas para trabalhar com eles. Não só eu, mas todos os colegas de trabalho têm que buscar bastante para oferecer diversidades aos alunos. Pois somos nós que temos que nos adaptarmos a eles, não eles a nós. Temos que adaptar os conteúdos da melhor maneira para eles fazerem do jeitinho deles. E eles conseguem; é bem gratificante?, explica Teila.

Segundo Teila, um exemplo de momento gratificante no seu trabalho é o dia da família na escola ?É um dia muito especial para os alunos e funcionários também, desde o motorista, a faxineira, a merendeira, todos se envolvem; todos trabalham juntos. E a gente se prepara para esse dia, ensaiamos com eles e ao se apresentarem vemos que eles realmente conseguem. Ensaiamos todos os dias, mas em nenhum ensaio fica tão bonito como no dia da apresentação?, relata.

Na área de estimulação precoce, no momento são dez alunos sendo atendidos na Apae. E alguns deles já estão prontos para ganhar alta, explica Teila. ?Quando eles iniciaram demonstravam várias dificuldades. E hoje eles já vêm mostrando para a gente que são capazes, e que eles recuperaram o atraso. É muito gratificante olhar para os alunos e ver que eles realmente estão se desenvolvendo?, afirma.

Na visão da professora Teila, um excepcional supera-se por ser tão especial. Segundo ela, são pessoas realmente humanas e sinceras. ?O que eles sentem, eles demonstram para a gente. O amor deles é puro, é verdadeiro por todos que os rodeiam, que vivem ao redor deles. E são mais que especiais por isso. E também conseguem realizar as coisas, como os ditos normais; só que com o jeitinho deles?, expressa.

Teila garante que não é mais a mesma pessoa depois que passou a trabalhar na Apae ?Durante esses quatro anos para mim, tanto profissionalmente como pessoalmente, tornei-me outra pessoa. Comecei a perceber a vida de outra maneira, coisas que antes eu não dava valor, hoje dou. Principalmente o carinho, o amor, a sinceridade que eles têm pela gente, me ensinam muito. E eu paro para pensar: poxa como eu tenho que melhorar! Eles têm a deficiência deles e mesmo assim são felizes. Muitas vezes eles são mais felizes do que a gente. Eu me tornei outra pessoa, depois que trabalho na Apae?, conta.

?Sou muito realizada nesta profissão e em trabalhar na Apae?, finaliza a professora Teila Franciele da Silva.