A Família Meurer, da comunidade de Taiozinho, em Rio do Campo, encontra-se enlutada pelo falecimento de sua mãe, sogra, avó e bisavó, Marta Meurer.

O falecimento de Dona Marta ocorreu na quarta-feira, dia 16, em Joinville, aos 77 anos. Dona Marta Meurer deixa enlutados os nove filhos, quinze netos e dois bisnetos.

Em 2015, no mês de julho, a equipe do Jornal A tribuna do Vale esteve na localidade de Taiozinho visitando Dona Marta. Na oportunidade, ela concedeu uma entrevista falando sobre sua descendência, a Origem Alemã. A matéria foi divulgada no mesmo mês, na edição especial nº 330, sobre a Festa das Origens.

[caption id="attachment_8444" align="aligncenter" width="1007"] Marta participou do desfile da Festa das Origens, em 2015 (Foto: JATV/Arquivo)[/caption]

Acompanhe, na sequência, alguns trechos da matéria, onde Dona Marta falou sobre sua história de vida.

Foi na comunidade do Taiozinho, antiga Campinas, que a família Kunze decidiu firmar residência, no ano de 1949. Marta Kunze Meurer, nasceu em 2 de setembro de 1939 "Quando eu nasci, minha família morava em Ituporanga. Vim para cá com meu pai, mãe, minha avó, mãe do meu pai, e mais três irmãs: Maria, Odete e a Terezinha. E quando já estávamos morando aqui nasceram Verônica, Maria de Lourdes, Lucilene (in memorian) e Deonísio", contou Marta.

Ainda jovem, com 18 anos, no dia 26 de julho de 1957, Marta casou-se com Fredolino Meurer "Assim que casamos moramos dois anos no Taiozinho, em seguida moramos dois anos em uma terra na casa do pai, arrendamos para conseguir dinheiro, para ter o primeiro pedacinho de terra, fomos morar então na Tifa Varela em um rancho de chão batido para poder pagar a terra". Desta união nasceram dez filhos: José Valdemiro, o Luizinho, Dauri Antonio, Augustinho, Maria Terezinha, Maria de Lurdes, Francisco (in memorian), Helena, Marinho e Edinho.

Mesmo com dificuldades, Marta frequentou a escola "Do terceiro para o quarto ano fiz em Ituporanga, fiquei dois anos sem estudar porque aqui não tinha escola, aí os pais fizeram uma pequena escola, que hoje seria perto do clube de mães do Taiozinho, se ainda existisse". A turma de alunos, após a conclusão da pequena escola, iniciou com 18 alunos "A diretora era de Taió. Eu fiquei um ano, depois o pai tirou nós para trabalharmos na lavoura, mas o número de alunos foi aumentando e era só uma professora, a Maria Max, que morava no Taiozinho", explicou.

Da origem alemã, várias comidas são da preferência da família de Marta Meurer "Aipim frito com toicinho e cebola; feijão amassado e frito; sopa de leite doce, o alemão só come doce se tiver salgado; comíamos também feijão, aipim, batata, batata salsa, salada e Guimis (a principal comida do alemão), também a batata azeda, pois o alemão não faz maionese, faz batata azeda, todos aqui adoram a batata azeda que faço", contou Dona Marta.

Dona Marta residiu no Taiozinho mais de seis décadas. E era viúva há 31 anos. Desses anos vividos tinha muitas lembranças para recordar "O que me deixou feliz foi que com 14 anos comecei a dar doutrina, que hoje se chama catequese, eu também levava a comida do padre na sacristia, lavava a roupa dele e arrumava as crianças para a primeira comunhão. Os nascimentos dos nossos filhos também foi um momento de muita alegria, mas não foi fácil, pois tínhamos que ficar horas e horas na lavoura, para não deixar faltar nada".

Da descendência alemã, Marta tinha orgulho das raízes que carregava "Alemães são gente de palavra?, expressou.

A família era seu maior patrimônio ?Em primeiro lugar é a família, todos têm que se gostar, ter união, harmonia, por isso gosto e faço todo ano a Ceia de Natal e de Páscoa, que é uma confraternização, fazemos uma oração, agradecemos a Deus. Meu genro Nilson, na ceia de 2014, pegou na minha mão e disse 'Vamos fazer uma oração sogra, para agradecer o ano, e pedir que seja ainda melhor o próximo', e ele acabou falecendo no início de 2015, isso me marcou muito, ele era como um filho para mim. Eu sinto felicidade quando reunimos toda a família".

Dona Marta falou a língua alemã até seus 70 anos de vida. Nos últimos anos não fala mais, ?No entanto entendo tudo o que os alemães falam?, afirmou.

Na oportunidade da entrevista ao jornal, Marta contou como adquiriu conhecimentos com remédios caseiros "Quando criança os remédios eram feitos em casa, quando nós tínhamos muita tosse, muita gripe, meu pai pegava uma cana, sapecava ela ao fogo de tacho, descascava e dava para nós chuparmos. Meu pai fazia vários remédios, e minha Oma, mãe dele, fazia remédios também. Quando eu tinha 14 anos ela me ensinou a pôr o útero das mulheres no lugar e disse: 'Marta, eu vou te ensinar a benzer'. Ela me ensinou, e é a única oração que não consegui mudar para o brasileiro, tenho que benzer baixinho para não pensarem que é outra coisa. A Oma disse: 'Com esse trabalho você ainda vai ganhar uma casa para ajudar os pobres brasileiros para curar a hepatite e ajudar os pequenos a virem ao mundo'. Eu sonhava em ser parteira, aprendi com a dona Ana Weber, já fiz vários partos sozinha, hoje não posso fazer, pois não tenho diploma", explicou Dona Marta, em julho de 2015.

Os índios, chegaram a fazer parte do dia a dia da vida de Marta e com eles ela também adquiriu conhecimento "Antigamente haviam índios nessas terras, alguns falavam nossa língua. Os índios eram amigos, nós dávamos alimentos para eles, deixávamos em um local e eles buscavam". Com os índios Dona Marta conquistou ensinamentos "Quando fui morar na Tifa Varella, o meu marido gostava de caçar e viu um índio machucado, então o índio perguntou se o Branco podia levar ele para ferver um remédio, depois ele me ensinou vários remédios. Meu pai dizia que não devia julgar cor nem raça, devia julgar a pessoa pelo que ela é. Os índios nos presenteavam com caça, frutas. Os índios moravam no meio do mato mesmo e aos poucos foram indo embora".

Esta é uma homenagem do Jornal A Tribuna do Vale à Família Meurer.