“Batia no bumbum”: mãe relata traumas da filha agredida por professora em Rio do Campo
data atualização
23/10/2025 08:01
Mulher de Rio do Campo afirma que a filha de dois anos aparece em vídeos que mostram agressões dentro de uma escola municipal
Em entrevista exclusiva, a mãe de uma das vítimas das professoras denunciadas pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por maus-tratos detalhou os traumas vividos pela filha após os episódios de violência.
Moradora de Rio do Campo, a mulher, que preferiu não se identificar e será chamada de “Maria” nesta reportagem, matriculou a filha em uma escola de educação infantil da rede municipal no início deste ano. O que seria o começo da vida escolar da criança se transformou em um período de sofrimento e medo.
A descoberta angustiante
Segundo o MPSC, a professora regente e a auxiliar foram flagradas em cerca de 100 vídeos maltratando as crianças. Entre as imagens, registradas entre março e abril deste ano, Maria reconheceu a filha, de pouco mais de dois anos, sendo arremessada contra um colchão usado para descanso dos alunos.
De acordo com a mãe, a menina era comunicativa e já havia passado pelo processo de desfralde. No entanto, em março, passou a recusar-se a usar o banheiro, demonstrando pavor até mesmo em casa. O comportamento mudou de forma brusca, levando os pais a procurarem ajuda.
“Conversei com a professora, que disse que não estava acontecendo nada. Depois a direção afirmou que estava tudo certo. Mas minha filha começou a falar que a professora dizia que ‘bateria no bumbum’”, contou Maria.
Após registrar o caso na polícia, a mãe soube que já havia denúncia anônima contra a professora.
“Imagens gravíssimas”
Assim que o caso foi denunciado, a Polícia Civil e o Ministério Público de Santa Catarina iniciaram uma ação conjunta para esclarecer os fatos e buscar o afastamento das servidoras envolvidas.
O pedido, inicialmente negado pela Justiça de primeiro grau, foi acatado após recurso com pedido de urgência. O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) determinou o afastamento cautelar da professora e da auxiliar de turma.
A Promotoria de Justiça da Comarca de Rio do Campo identificou mais de 50 registros que mostram comportamentos de violência, como puxões, tapas, empurrões e arremessos de crianças contra colchonetes.
“As imagens são gravíssimas e demonstram condutas absolutamente incompatíveis com o nível do magistério do Município de Rio do Campo”, afirmou o promotor Felipe Lambert de Faria, autor da denúncia.
Pedido de condenação
O MPSC pediu a condenação das rés pelos crimes de maus-tratos, além do pagamento de R$ 10 mil de indenização mínima por vítima e R$ 200 mil por dano moral coletivo.
“A reparação coletiva pretende restaurar o ambiente de proteção e impedir a repetição de abusos, diante de agressões que abalaram a confiança da comunidade na creche e violaram direitos difusos”, explicou o promotor.
Segundo o MPSC, as servidoras abusaram da autoridade que exerciam sobre as crianças, com o uso de violência contra pessoas sem capacidade de defesa.
A mãe, que assistiu às imagens da filha sendo ferida, cobra posicionamento da Prefeitura de Rio do Campo e exige Justiça. O órgão foi procurado pela reportagem, mas não retornou até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.
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