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Pesquisa genética abre portas para revolução no cultivo do arroz
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Divulgação - Um talo de arroz é visto em Laguna, nas Filipinas, no dia 10 de outubro de 2015
Há também o fato de que os patógenos estão se tornando cada vez mais resistentes aos pesticidas ou de que a água doce, essencial para o cultivo de arroz, está rareando em muitas partes do mundo.
A pesquisa genética está prestes a revolucionar as técnicas ancestrais do cultivo de arroz e tornar mais resistente e nutritivo o cereal que alimenta metade do planeta, dizem os especialistas.
A partir de um gigantesco banco de variedades conservadas nas Filipinas, uma equipe internacional de pesquisadores conseguiu determinar, usando uma tecnologia chinesa, a sequência do genoma de mais de 3.000 tipos de arroz e realizar uma espécie de inventário de seus genes.
Com estes dados, os agricultores poderão potencializar algumas características do cereal para obter variedades de maior rendimento, mais resistentes ou mais nutritivas, informaram à AFP os pesquisadores que participam do projeto.
"Isso contribuirá para reforçar a segurança alimentar", afirma Kenneth McNally, um bioquímico norte-americano do Instituto Internacional de Pesquisa sobre o Arroz (IRRI), com sede em Los Baños, no sul de Manila.
Com o passar dos séculos, os agricultores melhoraram as variedades fazendo cruzamentos ou isolando algumas de suas características.
Mas, segundo McNally, trabalhavam tateando, desconhecendo quais genes controlavam quais propriedades.
O sequenciamento do genoma permitirá acelerar o processo e obter variedades melhoradas em menos de três anos, em vez dos 12 que levava sem contar com as informações genéticas.
- Revolução alimentar -
O IRRI, uma ONG criada em 1960 que trabalha com vários governos, colaborou neste projeto com a BGI, uma empresa de alta tecnologia chinesa especializada em genômica.
A equipe de McNally coletou amostras de folhas extraídas em sua maioria das 127.000 variedades armazenadas no banco de dados do IRRI e os enviou à China.
Os pesquisadores destacam por outro lado que seu trabalho não tem nada a ver com a produção de organismos geneticamente modificados (OGM).
E ressaltam que estas técnicas serão mais úteis considerando a degradação das condições do cultivo de arroz e a explosão demográfica mundial.
Na verdade, o desenvolvimento urbano, o aumento do nível do mar e a proliferação de tempestades e secas causadas pelas alterações climáticas são prejudiciais às terras agrícolas em todo o mundo.
Há também o fato de que os patógenos estão se tornando cada vez mais resistentes aos pesticidas ou de que a água doce, essencial para o cultivo de arroz, está rareando em muitas partes do mundo.
Os investigadores esperam que as novas variedades resistirão a esses problemas. "Poderemos obter as propriedades que queremos, em termos de resistência à seca e a doenças, e de desempenho", garante Nikolai Alexandrov, bioanalista russo do IRRI.
Os cientistas ainda falam de uma segunda "revolução verde".
A primeira, nos anos 1960, veio das mãos do agrônomo americano e prêmio Nobel da Paz, Norman Borlaug, cuja investigação sobre uma resistente variedade do trigo permitiu disparar o rendimento dos cultivos nos países em desenvolvimento, tirando milhões de pessoas da miséria.
Os pesquisadores também esperam poder produzir mais variedades ricas em nutrientes suscetíveis ao combate de algumas doenças humanas.
"Estudamos o enriquecimento em micronutrientes", afirma Nese Sreenivasulu, pesquisador indiano do IRRI.
Assim, a prevalência de diabetes do tipo 2, que afeta centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, poderia ser limitada com variedades de arroz que liberarão o açúcar mais lentamente no sangue.
O IRRI espera desenvolver além disso um cereal mais rico em zinco, que permitiria lutar contra os atrasos de crescimento e as mortes ligadas a diarreia no sudeste asiático.
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