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Grãos

Clima já faz Brasil perder 11 milhões de toneladas de grãos

A safra está apenas começando, e os estragos causados pelas adversidades climáticas já resultam em uma perda de 11 milhões de toneladas de grãos no Brasil, em comparação com o potencial produtivo esperado em outubro.

A cada mês, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) vem reduzindo o potencial total de produção. Em outubro, a projeção era de 317,5 milhões de toneladas. Nesta quarta-feira (10), o volume foi revisado para 306,4 milhões.

O Rio Grande do Sul, estado mais impactado pelos efeitos climáticos nos últimos anos, será a exceção, prevendo-se um aumento na produção de grãos. Os gaúchos colherão 44% a mais de milho, 68% a mais de soja e 11% a mais de arroz.

Já Mato Grosso, afetado pela irregularidade das chuvas, enfrentará uma redução na produção de grãos de 11,4 milhões de toneladas, passando de 101 milhões em 2023 para 89,6 milhões neste ano.

O Paraná, segundo maior produtor, terá a safra reduzida para 43,2 milhões de toneladas, 3 milhões a menos do que no ano passado. Além do Rio Grande do Sul, Ceará, Roraima, Amazonas e Pará, com participações restritas na produção nacional, terão aumento na produção. O Rio de Janeiro, o menor produtor nacional, manterá o mesmo volume.

O Rio Grande do Sul, o terceiro maior produtor nacional, deverá elevar a produção de grãos para 39 milhões de toneladas neste ano, um volume 41% superior ao de 2023, mas ainda 2 milhões abaixo do previsto em outubro.

As condições climáticas desfavoráveis afetam os principais itens da produção agrícola brasileira: soja e milho. A produção de soja, inicialmente estimada em 162 milhões de toneladas, caiu para 155 milhões, de acordo com as últimas previsões da Conab.

Esses dados consideram o desempenho das lavouras até o final de dezembro. No entanto, o fenômeno El Niño, responsável pelas adversidades climáticas, manterá seus efeitos nos próximos meses, com potencial para uma redução ainda maior da safra.

Algumas consultorias já estimam a produção de soja em 151 milhões de toneladas, ficando abaixo do recorde de 154,6 milhões em 2023.

O clima gera incertezas também para os produtores de milho. Em outubro, a Conab estimava a área destinada ao cereal em 21,2 milhões de hectares, com potencial de produção de 119,4 milhões de toneladas.

Nesta quarta-feira, o órgão federal reduziu a área para 21 milhões de hectares, com produção de 117,6 milhões. A safrinha, a principal do país, terá uma redução de 4,5% na área e de 11% no volume. Mato Grosso, líder na produção, tem uma previsão de produção de 45 milhões de toneladas, abaixo dos 51 milhões do ano passado. A safrinha será semeada após a colheita de soja.

O clima afeta também produtos básicos. A primeira safra de feijão terá uma quebra de 4% no volume, recuando para 916 mil toneladas. A safra de arroz foi ajustada para 10,7 milhões, uma pequena redução, mas ainda um volume superior ao de 2023.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) também revisou suas projeções de safra para 2024. O volume total de grãos será de 306,5 milhões, 2 milhões a menos do que estimava em outubro.

O IBGE elevou a produção de soja para 154 milhões de toneladas, 1,3% a mais do que previa anteriormente, e reduziu a de milho para 117 milhões, uma queda de 1,4%.

O volume previsto de grãos ainda é confortável para o consumo do país. No entanto, o recorde de exportação de 102 milhões de toneladas de soja em 2023 dificilmente será repetido neste ano.

A primeira posição no ranking mundial de milho também deverá ser perdida, principalmente porque o consumo interno cresce com a evolução da produção de proteínas e do aumento da moagem do cereal para a produção de etanol.

Em 2023, o país gerou receitas externas de US$ 167 bilhões no setor de agronegócio, um valor que dificilmente será alcançado neste ano. Esses números foram apurados pela Folha com base nas vendas de alimentos e de outros produtos relacionados ao setor.

Um aumento das receitas ocorreria com elevação dos preços internacionais, o que, por ora, não está no radar do mercado. Apesar das estimativas de restrições na produção brasileira, outras regiões produtoras, como a Argentina, se recuperam de perdas no ano passado.

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