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Leite

2023 inicia com alta atípica para o setor lácteo nacional

  • Foto: Arquivo/OP Rural -

Pesquisas do Cepea mostram que o ano de 2023 começa de forma atípica para o setor lácteo nacional, sendo marcado por altas de preços ao longo de toda cadeia produtiva.

Historicamente o que se observa é desvalorização do leite no início do ano, por conta do aumento sazonal da produção – o qual, por sua vez, está atrelado à melhoria das pastagens, em decorrência de típicas chuvas da primavera e do verão. Contudo, neste início de 2023, verifica-se justamente o oposto: limitação da produção, em consequência do clima adverso, resultado do fenômeno La Niña.

No Sul, o avanço da entressafra, que seria normal nesta época do ano, foi intensificado, devido à forte estiagem na região, que reduziu a captação para além do esperado. Ao mesmo tempo, no Sudeste e Centro-Oeste, que, sazonalmente, estariam passando pelo pico da safra, o excesso de chuvas tem prejudicado a produção.

O Índice de Captação Leiteira do Cepea (ICAP-L) recuou 0,15% de novembro para dezembro na Média Brasil. Nos Estados do
Sul, houve retração média de 2%, ao passo que, nos Estados do Sudeste e Centro-Oeste, a alta foi de apenas 1%.

Além da questão climática, é importante destacar que o estreitamento das margens dos produtores também tem reforçado a diminuição dos investimentos no campo. Pesquisas do Cepea mostram que o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 0,68% em janeiro.

Com a receita em queda desde agosto e os preços firmes dos insumos – especialmente da ração, o poder de compra do pecuarista tem diminuído, dificultando um incremento ou até mesmo a manutenção da oferta.

Nesse contexto, agentes de mercado relataram que a concorrência por fornecedores voltou a crescer ainda no final do ano passado. Isso enfraqueceu o movimento de queda nos preços ao produtor e, na Média Brasil líquida do Cepea, o leite captado em dezembro fechou em R$ 2,52/litro, recuo de apenas 0,8% em relação ao mês anterior, em termos reais.

Com a produção limitada à campo, a média mensal do leite spot em Minas Gerais vem subindo desde a segunda quinzena de dezembro e registra alta de 22,4% na média de janeiro, quando chegou a R$ 2,81/litro, segundo pesquisa do Cepea (os valores foram deflacionados pelo IPCA de janeiro). A valorização da matéria-prima resultou em aumento nos preços dos lácteos em janeiro.

A pesquisa do Cepea realizada com o apoio da OCB mostrou que, em janeiro, o preço médio do UHT subiu 4,2%, o da muçarela 3,3% e o do leite em pó 1%. Assim, a expectativa é de que os preços ao produtor possam registrar altas em janeiro,
numa movimentação considerada “precoce” pelo setor, mas que se justifica pela diminuição da produção e pelo aumento da concorrência dos laticínios por fornecedores.

É importante observar que a oferta interna limitada e o aumento dos preços ao longo de toda cadeia estimularam o aumento de 2,8% nas importações e a queda de 30,1% nas exportações de lácteos em janeiro. As compras externas, que vinham em queda desde outubro, chegaram a 156,9 milhões de litros em equivalente leite, sendo 2,3 maior que o internalizado no mesmo período do ano passado.

Fonte: Assessoria Cepea

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