A transfiguração do Senhor é uma das passagens bíblicas mais inusitadas que encontramos nas páginas da Bíblia e neste caso o Livro de Mateus no capítulo 17, 1-9. O texto narra o convite de Jesus aos três discípulos para subirem a montanha em um lugar a parte e rezarem com Ele. Eles foram!
O interessante é que Pedro, Tiago e João não tinham lá as suas certezas a respeito de tudo o que Jesus lhes falava. Tanto é que os mesmos levaram um bom tempo para entender quem Jesus era realmente. E aqui está uma das chaves para reflexão deste texto sagrado. Ao não conhecer a Pessoa de Jesus e o Seu grandioso projeto de vida, os seguidores simpatizavam apenas com hipóteses criadas a respeito do Mestre. Poderia ser Jesus apenas mais um revolucionário como tantos outros que já haviam passado e desaparecido em algum lugar da Palestina. Poderia ser Jesus um grande político prático e concreto nas suas propostas políticas e poderia ser Ele um louco levando para o fio da espada um grupo de simpatizantes. Poderiam ter pensado isso antes da transfiguração!
Depois da transfiguração diz o texto que os mesmos seguidores de Jesus ficaram calados diante do que presenciaram no Monte. O que viram os discípulos? Por que só Pedro ousou dizer alguma coisa, motivado pelo que viu e sentiu? Enfim, teríamos muito que nos perguntar sobre a cena no Monte Tabor na região da Galileia. 
A transfiguração é a cena mais íntima onde se manifesta que Jesus é a encarnação do Verbo: é Deus. A transfiguração é a capacidade de olhar o que está dentro. Deixar de olhar só para fora da figura, o que ela realmente significa e é. Ela é intimidade.Outra observação mais prática que Jesus nos ensina é a de que devemos transfigurar diante das relações humanas. Não nos conhecemos mais e vivemos de angustiantes suposições e hipóteses acerca das pessoas próximas de nós. 
Onde não há transfiguração existem amizades e relacionamentos interesseiros. Tem excesso de "Eu acho..." e "Se..." e também há muita mentira. Um exagero de comportamentos falsos. Pessoas falsas e doentes. 
A transfiguração é o ato de humanamente conseguir habitar a alma e o coração do outro. Morar dentro. Conhecer o espaço. Sentir o calor ou o frio. Ver as cores e os humores do outro. Transfigurar é ir além das doentias suposições e pegajosas hipóteses. Há certo grupo de pessoas dentro do quadro dos nossos relacionamentos que são extremamente doentes e que nunca se deram ao luxo de se transfigurar: se permitir conhecer; deixar que alguém more dentro do seu coração e conheça sua alma. Sim! É possível se deixar conhecer ou conhecer o outro sem ter que criar vínculos eróticos, sexuais e afetivos, mas só para pessoas saudáveis, almas boas e corações limpos. O resto é entulho! Atrapalha e deve ser despejado fora.
Quando a pessoa sofre o processo da transfiguração ela se conhece e conhece o outro. Quando conhece o outro e o experiencia na sua mais íntima condição não terá tempo para desejar ter sentimentos inúteis, prazer e lucro. Ao transfigurar, a gente entende a dor do outro. Conhece suas fraquezas e o seu coração. Cria um ambiente de intimidade. E quem já vivenciou a experiência de ser íntimo sabe que não sente a necessidade de criar hipóteses ou achismos... Nem tão pouco fofocar ou denegrir a imagem/figura do outro. Concluo perguntando: Por que em nosso meio há tanta falsidade, mentiras e fofocas? É! Jesus foi e sempre será sábio! Transfigure-se!