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Renúncia de Moisés e Daniela forçaria eleições diretas no estado
Enquanto ganhava corpo a derrota do governo na votação da abertura do processo de impeachment, na tarde de quinta-feira (17), circulava nos bastidores a hipótese de que Carlos Moisés e Daniela Reinehr podem renunciar ao cargo de governador e vice-governadora antes do fim do processo. Seria uma cartada final, que obrigaria à convocação de eleições diretas - ou seja, levaria os catarinenses de volta às urnas.
A medida extrema colocaria uma pedra sobre a possibilidade de que Santa Catarina seja levada a eleições indiretas, em que os próprios deputados escolherão o novo governador para um mandato tampão, até as eleições de 2022.
Chegou-se a dizer que a renúncia seria o conteúdo da carta enviada pelo governador, que foi lida em plenário pela líder do governo, deputada Paulinha (PDT). Pura especulação: no texto, Moisés acenou aos deputados e fez promessa de uma nova relação com o Parlamento, ainda que tarde demais.
O colega Upiara Boschi adiantou que a renúncia de Moisés e Daniela é defendida pela bancada do PT, que votou favorável ao impeachment. Os deputados petistas entendem que seria uma forma de acabar de vez com o processo e o desgaste que ele causa. Por enquanto, estão levantando a bandeira sozinhos dentro da Alesc.
Mas a hipótese de renúncia encontra algum eco dentro do governo. Membros do primeiro escalão, mais próximos de Moisés, ainda a descartam. Dizem que não combinaria com o estilo e a personalidade do governador, que deve se defender até o final. Moisés acredita em uma salvação vinda do Judiciário.
Há, no entanto, fatores que podem pesar na decisão. Um deles é a composição da futura Comissão Mista, com cinco deputados e cinco desembargadores, que decidirá sobre o afastamento. A formação do grupo pode selar o destino de Moisés e Daniela antes mesmo da votação.
Outro ponto a ser observado é que existe mais um processo de impeachment correndo na Alesc, e outro em análise na procuradoria. Depois da questão do reajuste dado aos procuradores, Moisés e Daniela ainda terão que se defender do processo que envolve a compra dos respiradores e a contratação do hospital de campanha. Estariam dispostos a mais esse desgaste?
Como eu disse ontem, na coluna, não há elegância na condução desse processo pela Alesc. Usar a renúncia como resposta pode ser lido como covardia ou coragem, dependendo das circunstâncias. Nesse caso, teria para o governo o sabor de contra-ataque.
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