Santa Catarina ocupa a liderança nacional em registros de rifles, fuzis e carabinas em nome de pessoas físicas, conforme revelado pelo 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O estado possui aproximadamente 24,6 mil dessas armas, representando o maior número entre os estados brasileiros. Este total reflete um aumento de 34% em comparação com as armas do mesmo tipo registradas em nome de pessoas jurídicas, como clubes de tiro e empresas de segurança.

Além dos rifles, fuzis e carabinas, Santa Catarina conta com 39,4 mil pistolas em circulação. A predominância de armas longas, como rifles e fuzis, é um aspecto notável, embora especialistas ressaltem que o potencial de dano dessas armas é determinado mais pelo calibre da munição do que pelo tipo de arma em si.

Roberto Uchoa, membro do conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, explica que o impacto de uma arma está diretamente relacionado ao calibre da munição que ela utiliza. “O calibre define a energia cinética e o potencial de dano de uma arma”, afirma Uchoa. Ele observa que armas curtas e longas podem ter calibres variados, o que influencia seu poder letal.

Bene Barbosa, analista de segurança e especialista em armas e munições, acrescenta que carabinas, que são frequentemente utilizadas para tiro esportivo, podem ter calibres pequenos. “A ideia de uma compra massiva de armas de grosso calibre é um equívoco. Até mesmo uma carabina de calibre 22, que é de menor potência, é classificada como um rifle ou carabina”, explica Barbosa.

O elevado número de rifles, fuzis e carabinas em Santa Catarina pode ser atribuído ao perfil rural do estado. Uchoa sugere que, em áreas rurais, a preferência por armas longas se deve à necessidade de enfrentar distâncias maiores e terrenos abertos. “Armas longas são mais adequadas para essas condições do que armas curtas, que são mais móveis e práticas para defesa pessoal”, observa.

O cenário político e legislativo também influencia os números. Durante o governo de Jair Bolsonaro, calibres antes restritos foram autorizados para compra. No entanto, essas mudanças foram revertidas com a nova administração de Luiz Inácio Lula da Silva, que restabeleceu restrições.

Barbosa ressalta que muitas das armas registradas como rifles, fuzis e carabinas em Santa Catarina são usadas para tiro esportivo e controle de javalis. “O esporte e a necessidade de controle de javalis contribuíram para o aumento na aquisição dessas armas”, conclui Barbosa.