Nesta semana a equipe do JATV fez contato com o professor Rodolfo Reiberg, de Santa Terezinha. Quem o conhece, sabe que há quase dois anos tem sido um valente contra o câncer que envolveu alguns órgãos do seu corpo. Mas a lição de vida deste terezinhense é bem maior e surpreendente do que a doença. Acompanhe na sequência.

O professor Rodolfo Reiberg, tem 57 anos, é natural de Itaiópolis e reside no Distrito Rio da Anta, em Santa Terezinha. É casado há 35 anos com Rita Hotz Reiberg, também professora. O casal tem três filhos e duas netas. "Atualmente, sou professor efetivo em séries iniciais na Escola Básica Municipal Alto Rio da Anta. Trabalhei em outras escolas do município de Santa Terezinha e na Escola Isolada Municipal Rio Itaiozinho, na década de 80, quando a nossa região ainda pertencia a Itaiópolis. Assim, somam 24 anos de carreira no magistério", menciona Rodolfo.

Em fevereiro de 2019, Reiberg recebeu a surpresa desagradável, foi diagnosticado com câncer no reto. "Embora não houvesse sintomas doloridos, a incontinência se fazia mais frequente, o que chamou a atenção de minha esposa que algo estava errado comigo", conta o professor e acrescenta "Eu não pude disfarçar mais, nunca havia procurado médico nem feito exames de rotina".

A insistência da esposa Rita foi a sorte do professor "A Dona Rita não aliviou, insistiu até que marquei consulta. Foi a sorte. Os exames revelaram um tumor de grande proporção obstruindo o canal do reto. Então, precisei passar por cirurgia urgente, isso em 21 de março de 2019, para retirada do tumor e colocação de bolsa de estomia. A batalha havia começado. Graças a Deus tudo aconteceu na hora certa. Consegui me adaptar à nova fase da vida. Nova rotina diária. Novas atitudes. Novos hábitos alimentares", revela Rodolfo.

Em seguida, veio o tratamento de quimioterapia. Quando em junho de 2019 o tratamento foi interrompido devido complicações no baço. Uma nova cirurgia era necessária e a mesma ocorreu dia 10 de setembro de 2019. "Após a retirada do baço, o exame de tomografia revelou um nódulo cancerígeno no fígado, medindo sete centímetros. Outro menor no pulmão com menos um centímetro. Então, em novembro de 2019, considerando-se condições favoráveis, reiniciei o tratamento de quimioterapia com acréscimo de aplicações semanais de anticorpos", explica o terezinhense.

Rodolfo conta que a reação do tratamento causou muitas feridas na pele, desde a cabeça até o tórax. "Mesmo com ardume e calor nas feridas, seguia o tratamento, pois me sentia mais forte. Até que em abril de 2020 o exame de tomografia revelou diminuição do tumor no fígado. O médico sugeriu nova cirurgia para a retirada dos tumores".

Desta forma, no dia 3 de junho de 2020 aconteceu a cirurgia dupla: pulmão e fígado no mesmo dia. "Precisei de internamento na UTI, ventilação mecânica e de sangue. Passei cinco dias na UTI e mais doze internado no quarto compartilhado. Foram dias difíceis. O temor da Covid-19, as complicações de retenção de líquido, os rins não trabalhavam direito. Precisei passar por cinco sessões de hemodiálise. Mas graças a Deus tudo passou, embora lenta, a recuperação acontecia", diz Reiberg.

Para Rodolfo, a esposa Rita foi o alicerce. "Preciso dizer que minha esposa foi uma guerreira durante doze dias ao meu lado me ajudando, tanto física quanto espiritualmente, com palavras de estímulo. Também as mensagens motivadoras enviadas pelos filhos. A importância do apoio da família nesse momento foi impar", garante. A grande vitória se revelava também nas palavras dos médicos, afirma Reiberg. "A cirurgia foi um sucesso! Uma importante etapa vencida. Os exames revelaram não haver mais câncer. Nossa alegria foi contagiante. Vencemos uma importante batalha nessa luta contra a doença".

"Porém, a guerra continua", cita Rodolfo. Por orientação do médico oncológico, o professor está fazendo ainda algumas sessões de quimioterapia sem o anticorpo. E novos exames e consultas estão na agenda. "Preciso fazer tudo certo o que pedem os especialistas. Preciso não descuidar dos hábitos alimentares. Preciso praticar atitudes que permitam forças positivas ao corpo e à mente, para, numa eventual necessidade de novas cirurgias ou novos tratamentos, eu estar preparado. Pois, segundo o médico oncológico, não é o que desejamos, mas uma vez revelada a doença câncer, nos primeiros meses e nos primeiros anos após o tratamento, há alguma probabilidade de voltar. Portanto, devo permanecer alerta e preparado para novas batalhas até poder comemorar a vitória definitiva", garante Rodolfo e acrescenta "Confiança em Deus e nos médicos sempre".

Questionado pelo JATV sobre qual seria o momento mais difícil em todo esse período, Reiberg diz que sem dúvida foi o da aceitação da doença. "E também a quebra dos vícios de rotina diária que nos tornam cegos e surdos para a realidade. Hoje, após aceitar ajuda, busco mais a reflexão antes das atitudes. E me faço a pergunta: o que realmente tem valor na minha vida?"



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Diante da dor, lições de vida

"Hoje, me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe... - Almir Sater interpreta muito bem essa minha nova fase. 'Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs...' - conheci o lado negativo daquela rotina de trabalho de preocupações desnecessárias em relação ao porvir. Conheci o lado positivo de agradecer sempre, o despertar para um novo dia, o sabor dos alimentos, a importância do consumo da água no cotidiano, o valor de um simples gesto de amor, o grande valor de um simples elogio, enfim, tudo o que eu preciso para viver bem, já está posto ao alcance de minhas mãos. Basta eu escolher o que me fará bem", expressa Rodolfo.

Outra lição de vida que Reiberg resumi até aqui é a importância do convívio e do amor das pessoas. "Sem dúvida, é saber que, além dos familiares e das pessoas do meu convívio, recebi energias positivas em forma de orações e intenções de muitas pessoas anônimas. Isso mostra que há espaço para se construir um mundo melhor por meio da empatia, solidariedade e amor ao próximo. Assim, ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso, porque já chorei demais..."

 Segundo o professor, com confiança e gratidão é possível vencer cada obstáculo "Agradeço de coração a cada pessoa que, de alguma forma, contribuiu para que esse sorriso confiante tomasse o lugar do medo. Confie sempre! É possível vencer a luta contra a doença. Com a graça de Deus! Sempre, agradeça mais e mais todo o bem recebido, toda oportunidade de viver com tranquilidade um dia de cada vez. Porque: só levo a certeza de que muito pouco eu sei, ou nada sei..."

"Busque ser um 'ser' equilibrado e humilde. Não guarde mágoas. Perdoe", aconselha Rodolfo. "Não economize perguntas. Aprenda. Visite o médico regularmente. Como diziam nossos avós: no início da doença é mais fácil remediar. Cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si, carrega o dom de ser capaz e ser feliz".

Reiberg encerra com o coração grato "Agradeço a Deus pelas pessoas brilhantes que Ele põe em meu campo de batalha: motoristas, profissionais da saúde, familiares, amigos e demais pessoas solidárias. Sem a ajuda dessas pessoas maravilhosas eu não venceria os obstáculos até aqui. Vamos em frente com fé. Muito há para se viver ainda!"