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- Foto D+News. Galpão de aves em Itaiópolis
Medida foi determinada após ações do Ministério Público devido à poluição no Rio São Lourenço; produtores relatam prejuízos e risco de mortalidade nas granjas
A suspensão temporária das atividades da unidade da JBS/Seara em Itaiópolis completou vários dias e tem causado apreensão entre os produtores integrados da região. A medida foi tomada após o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) notificar a empresa e outros órgãos públicos em razão da contaminação do Rio São Lourenço, que cruza o município de Mafra e apresenta excesso de nutrientes e esgoto não tratado.
Ações do Ministério Público
O MPSC ajuizou quatro ações civis públicas com pedido de liminar contra a Celesc Geração S/A, o Serviço de Limpeza Urbana de Mafra (Seluma), a JBS/Seara Alimentos Ltda., o Município de Mafra, o Estado de Santa Catarina e o Instituto do Meio Ambiente (IMA).
As ações têm como base o Inquérito Civil nº 06.2025.00004464-9, que identificou níveis acima do limite legal de coliformes termotolerantes e nutrientes, segundo a Resolução Conama nº 357/2005.
O objetivo do MP é interromper imediatamente as fontes de poluição e responsabilizar os envolvidos pelos danos ambientais, sociais e coletivos.
Frangos fora do ponto de abate e prejuízos crescentes
Produtores relatam que o abate foi interrompido na quinta-feira (6) e, desde então, nenhum lote de aves foi recebido pela unidade. Com isso, os frangos continuam crescendo além do peso ideal, o que eleva custos e aumenta o risco de mortalidade.
“Os frangos já estão com 45 dias, acima do ponto ideal de abate. Isso aumenta o consumo de ração e energia, e o prejuízo é diário”, disse um avicultor que preferiu não se identificar.
Segundo ele, o ciclo produtivo — que normalmente comporta seis lotes por ano — foi interrompido. “Sem o vazio sanitário, não conseguimos alojar o próximo lote. É um efeito em cadeia”, relatou.
800 mil aves represadas
Com a paralisação, estima-se que cerca de 800 mil frangos estejam sem destino. A unidade de Itaiópolis abatia, em média, 180 mil aves por dia. Parte da produção tem sido redirecionada para outras plantas da JBS, como a de Lapa (PR), mas o volume absorvido é pequeno — cerca de 110 mil frangos por dia.
“Os frangos maiores ficam. E esses, com 60 dias, começam a morrer por excesso de peso e calor”, explicou outro produtor, que calcula prejuízos diários entre R$ 800 e R$ 1.000 por galpão, podendo chegar a R$ 3 mil por dia no total.
Expectativa por retomada
Na sexta-feira (8), produtores se reuniram com representantes da JBS, mas ainda não há previsão oficial de retorno. A empresa teria informado que depende de novas orientações do MPSC e do IMA.
Fontes internas informaram, de forma extraoficial, que o abate deve permanecer suspenso até terça-feira (11), quando deve ocorrer uma reunião com o Ministério Público e o IMA para discutir um possível Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
Impactos econômicos e sociais
A Prefeitura de Itaiópolis afirmou, por meio de nota, que acompanha a situação com preocupação, tanto pelos impactos ambientais quanto pelos reflexos econômicos. A JBS/Seara ainda não se pronunciou oficialmente.
Enquanto isso, centenas de famílias enfrentam perdas e funcionários da unidade relatam apreensão com a possibilidade de redução de jornada, férias coletivas ou demissões.
A crise que começou com um problema ambiental agora ameaça a sustentabilidade de pequenos produtores e trabalhadores da cadeia avícola no Planalto Norte.
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Fonte: Demais FM
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