A cidade de Joinville, no Norte catarinense, registrou a perda da moradora mais jovem por coronavírus: Juliana de Jesus Campos, que completou 33 anos em 18 de junho, data que passou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São José. Para o marido dela, Alessandro Santos, é um momento de duas perdas: a mãe dele, Maria das Graças Antônio dos Santos, também morreu por coronavírus em 5 de junho, aos 67 anos.

Com essas mortes, já são 33 pessoas que perderam a vida para a covid- 19 no município desde o início da pandemia. "Queria conscientizar vocês que o vírus mata. Aqui é mais uma família que está chorando devido ao coronavírus. Tem que se cuidar sim, se proteger sim, essa dor que estamos passando que mais ninguém passe por isso. É muito doloroso", disse Alessandro.

Juliana havia sido diagnosticada com lúpus há cerca de seis meses. A doença causava cansaço, inchaço e dores no corpo, e já havia provocado um problema no rim.

Mesmo assim, Alessandro conta que nada disso a impedia de viver bem, acompanhar o crescimento das duas filhas, de 13 e 14 anos, e de continuar realizando os sonhos que eles tinham juntos há 16 anos, desde que começaram a namorar, em Itanhaém, cidade paulista.

Juliana trabalhava como vigilante, mas, depois que foi diagnosticada com lúpus, passou a dedicar-se à venda de bijuterias e outros acessórios pelas redes sociais. O marido conta que a mulher era muito querida por todos e que, depois que contraiu o coronavírus, havia grupos fazendo orações por ela em várias cidades do país.

Em maio, a mãe de Alessandro deixou São Paulo justamente para sair do local que era o epicentro da pandemia quando a doença chegou ao Brasil. Após alguns dias, no entanto, ela começou a passar mal e todos os integrantes da família foram socorrê-la.

Maria da Graça foi para o Hospital São José e, dois dias depois, foi diagnosticada com a covid-19. Dois dias depois, Alessandro começou a sentir-se mal e também precisou ser internado no Hospital São José. Os médicos chegaram a cogitar o uso dos respiradores, mas Alessandro conseguiu evoluir e pôde voltar para casa para concluir o período de tratamento e isolamento. 

No entanto, dois dias depois de ele retornar do hospital, foi a vez de Juliana começar a apresentar os sintomas da covid-19.

Nesse meio tempo, as filhas de Alessandro e Juliana também testaram positivo para coronavírus, mas puderam permanecer em casa. Elas tiveram perda de paladar e olfato, sintomas do coronavírus, enquanto tinham mãe e avó internadas na UTI de covid-19. Maria da Graça morreu em 5 de junho, enquanto Juliana ainda lutava pela vida no hospital.

Menos de duas semanas depois, ele recebeu uma ligação do hospital dizendo que apesar do quadro de Juliana ter evoluído por um tempo, ela estava dependendo totalmente dos respiradores. Naquele momento, Alessandro disse que sentiu que estava também perdendo a esposa.

Depois, ele recebeu uma permissão incomum: foi autorizado a entrar na unidade para ver a esposa pela última vez, um dia antes da morte de Juliana.

"Os médicos viram minha situação, de como perdi minha mãe. E acho que, como já havia contraído a doença, eles puderam autorizar minha entrada. Foi muito bom poder me despedir, aliviou um pouco a dor. É uma pancada muito grande", recordou Alessandro.