Jovem é estuprada em plena luz do dia próximo à Prefeitura de Joinville
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“Quando minha mãe chegou à delegacia, troquei de calça. Foi horrível. Foi horrível encostar em mim. Eu nunca me senti tão suja na vida”. O relato forte e dolorido é de uma jovem de 20 anos que foi estuprada, em plena luz do dia, no Centro de Joinville, maior cidade de Santa Catarina.
O estupro aconteceu na tarde de segunda-feira (9), por volta das 16h30, na avenida Hermann August Lepper, conhecida como avenida Beira Rio. A jovem tinha acabado de sair da Prefeitura, que fica a poucos metros do local em que o estupro aconteceu, quando começou a ser seguida por um homem.
“Eu estava andando normalmente, não é um caminho que eu faço todos os dias, mas sempre andei na rua sozinha e nunca tive problema. Quando saí da prefeitura senti algo estranho, mas continuei caminhando. Na avenida, percebi que ele estava me seguindo, olhei para trás, apertei o passo, mas ele também e me alcançou, me segurou pelo braço”, lembra a jovem.
Conhecida pelas árvores ao longo de toda a avenida, foi justamente entre duas delas que a jovem foi estuprada, em plena luz do dia, com todo o movimento de veículos na avenida. “Ele me colocou no meio das duas árvores, me empurrou, pegou no meu braço, disse que era um assalto e disse para não gritar ou iria me matar. Eu falei que poderia levar tudo, mas que não me machucasse. Ele tirou o pênis e começou a se masturbar atrás de mim, ficou se esfregando em mim e eu não consegui gritar. Não conseguia fazer nada. Acho que porque ele falou que me mataria. Não consegui ter reação”, conta.
Após o estupro, o homem que vestia um short, uma camisa de time de futebol e estava com uma sacola na mão, a ameaçou novamente, falando para ir na direção contrária e não olhar para trás. “Ele não levou nada de material, mas levou um pouco da minha vontade de viver”, escreveu a jovem em um forte relato que fez nas redes sociais e que repercutiu rapidamente.
Depois do estupro ela se abrigou na guarita de uma empresa e foi acolhida também por uma amiga, com quem iria encontrar depois de sair da prefeitura, mas antes foi estuprada em plena luz do dia. Imediatamente, a jovem ligou para a Polícia Militar, fez boletim de ocorrência e foi encaminhada à Dpcami (Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso), onde repetiu o depoimento, tirou a calça, que foi encaminhada para perícia, e foi atendida. “Me senti um pouco invalidada, fui questionada várias vezes, se eu tinha certeza do que tinha acontecido, se estava ciente, se tinha prestado atenção, se era realmente isso”, afirma.
De acordo com o delegado Eduardo de Mendonça, os trabalhos iniciaram ainda na segunda-feira e há suspeitos sendo investigados. A jovem, inclusive, recebeu imagens. “Depois que fui para casa, alguns policiais foram até lá e me mostraram fotos de alguns suspeitos, mas não consegui reconhecer o rosto. Comparando com as câmeras dá para ver um pouco, mas não tive certeza”, diz.
O delegado explica que as amostras de esperma colhidas na calça da jovem foram encaminhadas para análise e a investigação continua para identificar o suspeito, com auxílio de imagens de câmeras de monitoramento e segurança da região.
A jovem ressalta que não teve nenhuma dúvida sobre realizar a denúncia e fazer o relato para alertar as mulheres joinvilenses e, ainda, chamar a atenção para a segurança na cidade. Ela trabalha na internet há quase três anos e reforça a importância de divulgar o que aconteceu.
“Eu sei a importância de poder ter voz e alcance na sociedade que vivemos. Precisamos falar porque se não falar, nada vai acontecer. Recebi muitas mensagens de mulheres que já passaram por isso, vários relatos e elas se sentiram confortáveis em compartilhar comigo. O meu intuito com o relato na internet era de que as pessoas falassem sobre isso e foi cumprido”, reforça.
Na manhã desta terça-feira (10), horas após o estupro, a jovem passou próximo ao local em que tudo aconteceu e o instinto foi imediato. “Não quis olhar”, fala. Apesar do trauma, ela, que é estudante de psicologia chama atenção para a falta de segurança. “Se isso aconteceu no Centro da cidade, imagina o que acontece na periferia, onde não tem segurança?”, fala.
O amparo psicológico, o apoio familiar e a solidariedade na internet têm sido uma avalanche que tem deixado a jovem forte. E ela garante que vai em busca de justiça e segurança.
“Poderia ser qualquer pessoa, qualquer mulher, poderia ser uma criança. Eu não quero deixar que isso me afete ao ponto de eu não conseguir andar na rua, comer, dormir. Se eu pudesse, não derramaria uma lágrima, porque o ódio que estou sentindo no peito é maior do que a tristeza e não quero que isso afete a minha vida a ponto de me destruir. Quando acontece, você se sente sozinha, se sente o ser mais repugnante do mundo, mas não estamos sozinhas e não podemos deixar isso impune”, finaliza.
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