Desde o início de junho, o Hospital São Paulo, referência no atendimento ao Covid-19 no Oeste de Santa Catarina, está com dificuldade em adquirir medicamentos para tratar pacientes diagnosticados com o vírus.

Em documento enviado ao governo do Estado na última semana, a diretoria da unidade hospitalar, que fica em Xanxerê, pediu ajuda. A falta de insumos fez o corpo técnico suspender as cirurgias eletivas na última quarta-feira (17).

O mesmo problema ocorre em outra unidade no Vale do Itajaí. O Hospital Oase, em Timbó, também está desabastecido de remédios que são usados no tratamento do coronavírus.

No documento enviado ao Estado pelo hospital de Xanxerê, a direção informou que está com dificuldade para adquirir cinco medicamentos. Outros quatro já estão em "falta nacional".

No pedido de ajuda, que foi direcionado à Central de Regulação de Leitos de Chapecó, ao qual a reportagem do nd+ teve acesso, a direção relata ainda "elevação significativa nos seus preços dos medicamentos".

Na lista dos produtos em falta está o Rocurônico FA. Indicado para UTI , o fármaco é usado para facilitar a intubação e ventilação mecânica.



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Por meio de nota, a administração do Hospital São Paulo garantiu que nenhum paciente precisou ser transferido, ou teve atendimento prejudicado. No entanto, os procedimentos cirúrgicos sem urgência de qualquer convênio estão cancelados. O hospital aguarda resposta do Estado.

Em outro ofício, o Hospital e Maternidade Oase, de Timbó, informou que os fornecedores de medicamentos estão há mais de 30 dias sem fazer entrega. Como consequência, a unidade sofre com falta de bloqueadores neuromusculares - usados nos pacientes de Covid-19.

No documento, enviado ao Estado em 10 de junho, a unidade informou que o estoque "comporta o tratamento dos pacientes que já estão em tratamento nas UTIs".



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O hospital teria solicitado ajuda de outras unidades da região. "Ocorre que, nesse momento não há mais estoque passível de empréstimo ou compra", diz no comunicado.

Os diretores do hospital pediram para que novos pacientes com Covid-10 não fossem mais enviados para a unidade até que o problema fosse solucionado.

A reportagem entrou em contato com a administração do Oase na tarde de terça-feira (16) para questionar se o pedido foi atendido e o abastecimento solucionado. Até o meio-dia desta quinta-feira (18), no entanto, não recebeu retorno.


Secretaria trabalha para solucionar desfalque

A Secretaria de Estado da Saúde informou na manhã desta quinta-feira que procura resolver o problema junto Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Uma compra conjunta deve ser feita levando em consideração os medicamentos em falta. O problema, segundo a pasta, é nacional.

A relação de medicamentos já foi repassada ao conselho nacional que, por sua vez, formalizou pedido de apoio ao Ministério da Saúde.

"Este assunto foi pautado como prioridade máxima no gabinete de crise do Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde", informou a secretaria.


MPF de olho no conselho nacional

O Ministério Público Federal também monitora a falta de medicamentos. Em reunião que ocorreu na quarta-feira (17) entre membros do conselho, da Anvisa e do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas, foi feito acordo para solucionar a falta de sedativos e relaxantes musculares que fazem parte do kit intubação.

Durante o encontro em Brasília, foi combinado que o estoque dos medicamentos será mapeado. O Ministério da Saúde fará a transferência de remédios de um estado para outro, de modo a atender os locais que estejam em situação crítica.

Apesar da movimentação dos órgãos, não há prazo para que as compras cheguem aos hospitais.