Somente nesta semana três prefeitos de cidades catarinenses renunciaram aos cargos em Schroeder, Guaramirim e Corupá. Todos eles foram presos em diligências da operação Mensageiro, deflagrada em dezembro de 2022, e que investiga um escândalo de corrupção envolvendo desvio de verbas públicas nas áreas de coleta de lixo e saneamento.

Felipe Voigt (Schroeder), Luis Antônio Chiodini (Guaramirim) e Luiz Carlos Tamanini (Corupá) apresentaram cartas de renúncia às respectivas câmaras municipais. Haverá a leitura em plenário e a determinação para a ocupação definitiva das vagas pelos vices.

Veja quem assume oficialmente:

  • Schroeder: Felipe Voigt (MDB) ➡ Lauro Tomczak (PP)
  • Guaramirim : Luis Antônio Chiodini (PP) ➡ Cláudio Finta (MDB)
  • Corupá: Luiz Carlos Tamanini (MDB) ➡ Osvaldo Devigili (União Brasil)

Os três prefeitos integram os 16 que foram presos desde o início da operação e, até o fim de julho, 12 deles já haviam sido denunciados e virado réus por crimes de corrupção.

Dos detidos, outros quatro renunciaram anteriormente aos cargos e outros dois tiveram os mandatos extintos.


O que dizem os renunciantes

A defesa de Voigt afirmou que após a denúncia apresentou pedido para que o processo fosse remetido à primeira instância, o que já foi deferido.

"A defesa segue determinada a trazer aos autos todos os elementos que, ao final, permitirão com que Felipe seja absolvido", diz a defesa.

Na carta de renúncia, Chiodini fala em dar “tranquilidade aos trabalhos no município” e que tem plena “confiança na capacidade” de gestão do prefeito em exercício, Osvaldo Devigili.

Em nota, o advogado de Tamanini, Luiz Campelo Bessa Neto, informou que o prefeito “entendeu por renunciar neste momento em razão do prosseguimento do processo e da impossibilidade de exercer plenamente o mandato”.


Quando a operação Mensageiro teve início?

Deflagrada em 6 de dezembro de 2022, a Operação Mensageiro já teve quatro fases. Na primeira, quatro prefeitos foram presos, um deles durante uma viagem oficial em Brasília.

Na segunda etapa, em 2 de fevereiro, dois prefeitos também foram detidos. Na terceira fase, o prefeito de Tubarão foi detido junto com o vice. Na quarta etapa, foram presos oito prefeitos.

A investigação do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) começou há um ano e meio, após denúncias, acompanhamento de entregas de dinheiro e rastreamento de celulares.​

A operação investiga um escândalo de corrupção envolvendo desvio de verbas públicas nas áreas de coleta de lixo e saneamento.

Foi descoberto que uma empresa catarinense, a Serrana Engenharia foi responsável por pagar propina para agentes públicos no estado para ter acesso a licitações.

Segundo a apuração do Ministério Público, um empresário seria o responsável pela interlocução com agentes públicos para a negociação de propina.

Esse “mensageiro” não trabalharia mais na empresa há 10 anos, mas fazia o papel de interlocutor com os agentes públicos.

O empresário entregaria dinheiro aos agentes públicos e também apresentaria aos políticos prévias de editais para licitações, com exigências que excluíram a chance de participação de outras concorrentes.

Em nota, o Grupo Serrana informou que, "em respeito ao sigilo judicial, todos os seus esclarecimentos e manifestações serão realizadas exclusivamente nos respectivos processos da Operação Mensageiro".

As investigações são coordenadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e apontam que todos esses prefeitos são suspeitos de participarem no esquema criminoso.

Ao todo, segundo o Gaeco, o esquema teria pago mais de R$ 100 milhões em propina. Já o lucro da empresa passaria dos R$ 430 milhões.

Prefeitos presos em todas as fases:

  • Deyvison Souza (MDB), de Pescaria Brava;
  • Luiz Henrique Saliba (PP), de Papanduva;
  • Antônio Rodrigues (PP), de Balneário Barra do Sul.
  • Antônio Ceron (PSD), prefeito de Lages;
  • Vicente Corrêa Costa (PL), de Capivari de Baixo;
  • Marlon Neuber (PL), de Itapoá;
  • Joares Ponticelli (PP), de Tubarão;
  • Luiz Carlos Tamanini (MDB), de Corupá;
  • Armindo Sesar Tassi, de Massaranduba;
  • Adriano Poffo (MDB), de Ibirama;
  • Adilson Lisczkovski, de Major Vieira
  • Patrick Corrêa, de Imaruí.
  • Luiz Divonsir Shimoguiri, de Três Barras
  • Alfredo Cezar Dreher, de Bela Vista do Toldo
  • Felipe Voigt (MDB), de Schroeder
  • Luis Antônio Chiodini (PP), de Guaramirim

Via G1