Prestes a completar a maioridade, adolescente é adotada em Rio do Sul
data atualização
18/12/2025 14:09
Audiência realizada na comarca marcou a formalização de um vínculo construído ao longo dos anos, às vésperas do Natal
Às vésperas do Natal, um momento de emoção e esperança marcou a comarca de Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí. Na sexta-feira, 12 de dezembro, uma adolescente de 17 anos foi oficialmente adotada, poucos meses antes de completar a maioridade, garantindo o reconhecimento jurídico de um vínculo já consolidado pelo afeto e pela convivência.
Acolhida desde 2019
A jovem estava em acolhimento institucional desde 2019. Ao longo dos anos, foram realizadas tentativas de inserção em família substituta, todas sem sucesso. Com a proximidade dos 18 anos, que serão completados em abril de 2026, o futuro apontava para a saída da instituição sem a formalização de um núcleo familiar definitivo.
Audiência marcada pela emoção
A audiência que oficializou a adoção foi descrita como emocionante e simbólica. Segundo o juiz Marcio Preis, titular da Vara da Família, Órfãos, Sucessões e Infância e Juventude, o processo ocorreu fora do cadastro nacional de adoção devido à inexistência de interessados, mas foi sustentado por um vínculo afetivo sólido entre adotante e adotada.
“As tratativas da adoção vinham ocorrendo de longa data, mas foram levadas a efeito somente agora em razão da decisão da pessoa interessada na adoção. Havia forte vínculo entre a adotante e a adotada. A audiência foi muito emocionante e representou um maravilhoso compromisso de caridade e amor por parte da mãe”, destacou o magistrado.
Vínculo construído com o tempo
A adotante, Mara Raquel Pires de Lima, já havia adotado anteriormente o irmão da adolescente. Ela conta que conheceu os irmãos ainda no abrigo e que a aproximação foi acontecendo aos poucos, em visitas e passeios. O afeto, segundo ela, cresceu naturalmente ao longo dos anos.
“Ano passado ela me chamou de mãe e me deu um arrepio”, relembra Mara, que passou a refletir sobre o significado daquele gesto. Em dezembro, a decisão de formalizar a adoção foi tomada, compreendendo a importância jurídica e simbólica de oficializar uma relação que já existia na prática.
“Agora é para sempre”
A reação da adolescente ao saber da adoção foi imediata e carregada de emoção. “Ela queria muito. Quando perguntei se queria ser minha filha, ela respondeu: ‘Quero muito, peço isso a Deus todos os dias’. Eu disse que ela já era minha filha e que agora seria para sempre, todos juntos”, contou a adotante.
Mara, que agora é mãe de três filhos, afirma que a adoção tardia reforça que vínculos verdadeiros não têm prazo. Motorista de carreta, ela faz questão de destacar o orgulho pela profissão e pela família que construiu. “Sou uma mãe guerreira, batalho muito para dar o melhor aos meus filhos”, afirma.
Adoção tardia e novos começos
O caso reforça a importância da adoção tardia e mostra que, mesmo quando a maioridade se aproxima, ainda é possível garantir pertencimento, proteção e dignidade por meio do reconhecimento legal e afetivo de uma família.
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