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Fach News por Lucas Fach

Fach News: O dia em que 'a Barragem de Taió estourou'

Leia a coluna de Lucas Fach no JATV

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Olá, queridos leitores! Essa é a minha última coluna no Jornal! (Mentira. Pegadinha de 1º de abril. Sei que já foi na quarta-feira, mas só deu pra fazer hoje a piadinha. Desculpem). Aliás, essa data é realmente muito curiosa. Poucos sabem a procedência, mas o que tem de marido que diz que estava na igreja e estava no boteco só pra honrar com a piadinha... Mas, enfim, agora essa data já passou. Você caiu em alguma piada nesse primeiro de abril?

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Por falar em mentira, me veio à mente algo que jamais esquecerei. Aliás, a data até já esqueci. Mas foi em alguma das enchentes de Taió. "Estourou a barragem". Quem não ouviu isso? Vieram me buscar e me levar para um morro. Confesso que tinha entendido que a barragem havia vertido. Após me ligarem, fui arrumar o cabelo (sim, eu tinha cabelo naquela época) e fui esperar a carona na frente do portão da minha casa. Quando chegaram desesperados, eu não entendia. Depois é que comecei a compreender. Que loucura! A história continua.

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Quando cheguei no topo do morro, aos berros mandaram eu chamar minha irmã e minha mãe que tinham ficado "lá embaixo. Liguei pra elas e solicitei que fossem ao morro. Com a mesma tranquilidade que eu, trouxeram nosso cachorro, um travesseiro, e pasmem: uma escova de dentes. Afinal de contas, água não faltaria caso a barragem estourasse e inundasse toda a cidade. Acho que nem pasta de dentes, mas por qual motivo pensar em levar uma escova de dentes pro "Apocalipse Taioense"? Esse fato, confesso que eu jamais entenderei.

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Com dezenas de pessoas em pranto, víamos colisões entre automóveis "acotovelando-se" para subirem o morro da "Serra do Kraemer". Só esperando a água cobrir nossos corpos e levar em sentido ignorado, até que algum cidadão teve a ideia de ligar o rádio para saber o que aconteceria nos nossos últimos momentos. Recordo-me com clareza do locutor dizendo: "A Barragem estourou mesmo? Ou será que é história? Vamos esclarecer tudo isso com o operador da Barragem (na época) Jodir da Silva que está aqui em nossos estúdios. Voltamos daqui a pouco, logo após o intervalo". Logo após o intervalo? Como assim? Se viesse a água naquela hora, a última coisa que eu ouviria seria um comercial? Que situação!

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Em um dos poucos momentos de lucidez, pensei: Se o operador da barragem está em uma rádio local e permitiu que fosse feito um intervalo, a coisa tá estranha. Comecei a tranquilizar amigos e parentes que se multiplicavam no morro. Alguns ali já tinham confessado e pedido perdão sobre traição ou erros cometidos, para morrer de consciência limpa. Outros que prometeram pagar as contas assim que descessem do morro, pensando que não teriam essa oportunidade, tiveram que pagar. E assim foi. Para surpresa de poucos, o Jodir afirmou que tudo isso não passou de uma brincadeira de extremo mal gosto. Todos voltaram para suas casas mais tranquilos e com história pra contar.

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Não presenciei, mas contam que pessoas se jogavam do segundo andar de prédios para fugir. Teve gente com pé quebrado correndo. Ouvi dizer que um cadeirante largou a cadeira de rodas, da qual estava de forma temporária devido a uma cirurgia, pra chegar mais rápido ao morro. Tem também a história do homem que não contou, muito menos levou a esposa pro morro. Quando voltou pra casa, talvez tenha preferido que sua vida tivesse acabado pouco antes. Ninguém sabe de onde surgiu esse boato. Nas redes sociais, alguns postaram: "Eu sobrevivi ao 'estouro' da Barragem". Até isso levamos na brincadeira.

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Histórias e estórias sobre esse dia não faltam. Sempre acho que alguém precisa colher depoimentos das pessoas e com essa compilação, fazer um livro. Seria fantástico! Eu seria o primeiro comprador. Fica a dica pra quem quiser lançar sua primeira obra. É difícil brincar com algo tão sério. Mas como não aconteceu, fica mais fácil. Espero que não tenhamos uma próxima vez nem por boato. Mas caso tenha, pense melhor do que a minha irmã quando for levar algum item pro morro. Uma escova de dentes, contínuo não achando uma grande ideia. Aceitamos ideias e sugestões. Se você já passou por alguma experiência de "quase fim de mundo", me avise o que levar. Uma bóia? 50 pila? Aguardo sua sugestão. Um grande abraço e até a próxima com mais histórias!

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