Estudantes de região falam sobre atual situação das UFs
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Arquivo pessoal/ Reprodução JATV - Estudantes das UFs
O Ministério da Educação (MEC) bloqueou, no final de abril, uma parte do orçamento das 63 universidades e dos 38 institutos federais de ensino. O corte, segundo o governo, foi aplicado sobre gastos não obrigatórios, como água, luz, terceirizados, obras, equipamentos e realização de pesquisas.
Após o ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciar uma política de cortes no orçamento da pasta, pesquisadores, estudantes, professores e outros profissionais da educação se levantaram em oposição. Ao cortar 30% das verbas das Universidades Federais e de 40 institutos federais, o ministro disse que instituições de ensino no Brasil 'promovem balbúrdia'.
Além de sofrer com o corte de verbas, a classe universitária da esfera federal vem enfrentando uma desmoralização maçante nas mídias, principalmente nas mídias sociais, devido ao termo usado por Abraham para justificar o corte. Balbúrdia, como citou o ministro, em outras palavras significa desordem e confusão. Vídeos e imagens têm viralizado na internet, indicando baixo nível de estudantes das Universidades Federais.
Mas afinal, qual é o retrato real de uma Universidade Federal? Como se encontram a maioria dos alunos que estão inseridos nessas instituições? Qual o sentimento dos pais desses alunos que acompanham as atuais divulgações nas mídias? Qual a visão do jovem do ensino médio que até então tinha o sonho de ingressar numa Federal? Para esclarecer essas e outras dúvidas, o JATV coletou depoimentos de alunos do município de Rio do Campo, Salete e Santa Terezinha que estudam em três Universidades Federais - UFSC, UFPR e UFRJ.
Terezinhense, Taynara Fernandes é aluna do curso de Direito na UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
Aluna do curso de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina, a jovem Taynara Fernandes Vitorino, de 21 anos, é natural de Salete, mas tem sua residência com a família em Santa Terezinha. É filha de Lenoir Fernandes e Silvero Vitorino. Taynara está no 5° período do total de 10 para concluir o curso.
Foi com muito sacrifício que a jovem ingressou na UFSC
"Estudei na Escola de Educação Básica Padre João Kominek, durante o terceirão soube da UFSC e fiquei encantada com a oportunidade de poder estudar em uma Faculdade Federal que não necessita pagar mensalidade e tem um ensino de qualidade considerado, haja visto, que o curso de Direito na UFSC é o 6° melhor do país.
Meus pais e minha família me apoiaram nessa escolha, entretanto, por estudar em uma escola pública e ter que competir em um vestibular superconcorrido, tive que fazer cursinho durante 1 ano. Após muito sacrifício, ver 8 horas/aulas e fazer 120 questões por dia, rotina maçante de estudos e revisão, consegui ser aprovada, graças a Deus, pois sem Ele garanto que não chegaria onde estou, nos momentos em que pensei que não seria aprovada, em que o cansaço e a saudade de casa chegou, a minha fé foi meu alicerce. Acredito que não é impossível sair do interior e buscar um ensino, um mercado de trabalho melhor, basta ter certeza do que quer e persistir".
A escolha de Taynara por uma Federal
"Escolhi a UFSC por tudo que ela pode me proporcionar. As aulas são ministradas com excelência pelos melhores professores do país e até referências mundiais. Sendo esses com um currículo e experiência imensuráveis. Um exemplo disso é que tenho professores que dão aula na Itália também, outros que fizeram mestrado na faculdade de direito de Coimbra, em Portugal. A qualidade do ensino na UFSC é sensacional, claro, para as pessoas que realmente querem aprender".
A jovem se considera uma boa aluna
"Considero ser uma boa aluna, apesar da minha rotina agitada. No período matutino faço cursinho para passar em concurso público, a tarde faço estágio na Vara do Tribunal do Júri na Comarca da Capital, ou seja, auxílio um juiz e tento aprender o máximo possível, pretendo ser promotora".
Taynara comenta sobre seu alicerce para o futuro na área jurídica
"Acredito que as ferramentas que a faculdade oferece são de imensa importância, mas não seria uma boa profissional, apenas porque estudei na UFSC. Mas sim, por tudo que meus pais me ensinaram e tudo que aprendi na região do Alto Vale, todo o sacrifício daqueles que trabalham na roça, na malharia, na mineração de areia, essa essência do pessoal do interior de querer fazer as coisas certas que me cativa e move a buscar a justiça em tudo que faço".
Na opinião da jovem, a mídia é um instrumento de massa de manobra e intensifica muito as coisas
"A mídia é um instrumento de massa de manobra e intensifica muito as coisas que ocorrem em âmbitos de pequena amplitude, ou seja, grande parte das afirmações de desordem e descasos nas Universidades Federais não é verdadeira. Posso afirmar isso, pois praticamente vivo na UFSC e garanto que essas afirmações são sem base nenhuma, e a quem dúvida convido para fazer uma visita na Universidade Federal de Santa Catarina.
Como prova disso na semana passada de 14 a 17 de maio, ocorreu o Maior Congresso Gratuito de Direito do Brasil inteiramente organizado por estudantes e eu tive a oportunidade de participar, tivemos mais de 5.000 pessoas inscritas e que compareceram. Dentre os palestrantes desse evento estavam grandes doutrinadores como Dr. Nelson Rosenvald e Dr. Carlos Roberto Bitencourt, além dos Ministros Jorge Mussi e Marcos Buzzi".
Sobre os cortes de verbas, Taynara lamenta
Acredito que perante a situação econômica do Brasil, alguns cortes são necessários, entretanto, da forma que foi realizado foi errado. Deveria ter sido feito um planejamento junto às Universidade Federais para verificar as possibilidades de corte que menos afetariam a estrutura e os alunos, sendo essa aplicada no próximo ano ao invés de comprometer todo o ano letivo vigente de nós alunos.
Além disso, a maioria dos estudantes da Federal são de baixas renda e o custo de vida é alto em Florianópolis, ter que pagar aluguel, transporte, saúde, não é fácil, principalmente para aqueles que não tem auxílio de seus pais. Dessa forma, é uma grande aflição para aqueles que precisam.
É importante destacar que a Universidade Federal não é um gasto, mas um investimento para a sociedade, haja visto que prepara profissionais capacitados e não mecanizados, prontos para enfrentar situações e não se conformar com as respostas 'prontas'''.
Saletense, Bruno Luiz Zonta cursa medicina na Universidade Federal do Paraná - UFPR
Bruno Luiz Zonta, de 22 anos, é filho de Jorandi Zonta e Neiva Venturi Zonta. Bruno é natural de Salete, município onde sua família reside. O jovem está no terceiro período da faculdade de medicina.
A trajetória de Zonta até a UFPR
"Estudei por um ano no Colégio Energia (hoje COC), em Rio do Sul. Após segui para Curitiba estudar no curso Positivo, onde estudei por mais dois anos, quando finalmente passei no vestibular. Foram três anos de muito estudo e muito foco para conseguir entrar em uma Universidade Federal, em um curso tão difícil. Não foi, de forma alguma, uma conquista fácil".
Bruno diz que escolheu uma Universidade Federal por dois motivos
"Primeiro: a minha família não possui condições de bancar uma universidade particular nesse curso, o qual todos sabem que é muito caro. O segundo motivo, e até mais importante, foi pelo diploma. Todos que conhecem um pouco do mercado de trabalho sabem muito bem que o diploma de uma Universidade Federal pesa mais, para qualquer curso. Isso ocorre porque, querendo ou não, elas formam melhores profissionais, mais preparados para encarar os desafios que surgem. E todo esse processo já inicia no vestibular, uma prova difícil que seleciona apenas aqueles que estão realmente preparados para enfrentá-la, desafio que não é nem um pouco fácil, mas só quem já passou por uma Universidade Federal sabe o que e como é realmente dentro dessa instituição".
Para Zonta, a qualidade do ensino na UFPR é inquestionável
"Não é à toa que é a melhor universidade, entre as públicas ou privadas do Paraná e a 7ª melhor universidade do Brasil".
Questionado, Bruno diz que tem um bom desempenho como aluno
"Tenho muita sorte de minha família poder permitir que eu foque 100% em minha formação acadêmica. E realmente, a minha graduação é meu foco. Até então, não cheguei nem perto de reprovar em matéria alguma, então, posso considerar que tenho um bom desempenho".
Por cursar na UFPR o jovem acredita que será um bom profissional
"Tenho certeza disso. A UFPR é a 8ª melhor Universidade em Medicina do país, e possui o maior Hospital Universitário do Paraná (Hospital de Clínicas de Curitiba), que é inclusive 100% SUS. Tudo isso tem como objetivo a minha formação profissional, bem como a de meus colegas".
Sobre o cenário divulgado nas mídias, de desordem e balbúrdia de alunos dentro das Universidades Federais, Bruno contesta
"É ridículo como as pessoas acham que a Universidade Federal é. Após quase um ano e meio na UFPR, posso afirmar com total certeza que não acontece nada do que é divulgado. Não há alunos andando sem roupa pela universidade e não há nada nesse sentido. Aqui é um lugar muito sério, onde a pesquisa e o ensino são prioridade. Por exemplo, uma das fotos utilizadas para denegrir a imagem das Universidades Federais foi tirada na Austrália, em uma manifestação feita lá. Ou seja, a foto não aconteceu nem no Brasil, quanto mais afirmar que são alunos de alguma Universidade Federal. Esse tipo de coisa é divulgado apenas por pessoas que, infelizmente, nunca frequentaram uma Universidade Federal e não sabem o que realmente acontece lá dentro. Com certeza, não acontecem balbúrdias, como propagado. Se estiver interessado, várias páginas em redes sociais estão divulgando várias coisas, de profundo impacto positivo na sociedade, que acontecem por causa da atuação das Universidades Federais. Uma dessas páginas chama-se "Registros da balbúrdia na UFPR", que mostra explicitamente a real "balbúrdia" que acontece nas Universidades Federais".
Quanto aos anúncios de cortes de verbas para as Universidades Federais, Zonta lamenta
"Sou totalmente contra os cortes, claro. O governo tem tirado verba de áreas essenciais à nação, uma delas a educação. Falaram que seria retirado para repassar para a educação básica, mas o repasse não foi feito. Qualquer pessoa sensata sabe que não existe soberania nacional sem desenvolvimento de ciência, inovação tecnológica e cultura, e o corte de verbas é dar um 'tiro no próprio pé'. A Alemanha, por exemplo, anunciou um aumento de 2 bilhões nos investimentos governamentais feitos na educação.
Muitos dizem que não é corte, é contingenciamento. Mas vou explicar aqui o que realmente aconteceu, de uma forma bem didática. Vamos supor que o governo é o pai, e a universidade pública o filho. O pai depositou 100,00 reais na conta de poupança para o filho menor de idade e falou para ele: "Você tem 70,00 reais para gastar e os outros 30,00 permanecem na poupança para ser utilizado mais tarde". Isso é contingenciamento. Agora, se o pai depositou 100,00 na conta de poupança para o filho menor de idade, mas logo depois ele tirou 30,00 reais da conta e falou para o filho: "Agora pode gastar os 70,00 reais que você tem" e a conta ficou zerada, isso é um corte, e foi o que ocorreu com as Universidades. Pela primeira vez o governo cortou o orçamento, ou seja, ele tirou 30% da conta das universidades. Diferente de anos anteriores como 2017, por exemplo, que o governo deixou o orçamento na Universidade e só contingenciou o limite de empenho.
Outros argumentam que o corte foi, na verdade, de apenas 3,5%. Porém, foi realmente de 30%. Vou explicar também: o orçamento das Federais se divide em dois: o gasto obrigatório e o chamado gasto discricionário. O obrigatório nem passa pelas contas da Universidade, e diz respeito a salário e aposentadoria. O segundo, que recebeu o corte, contempla todo o restante: pagamento de água, luz, telefone, limpeza, financiamento de bolsas de pesquisa, etc. De fato, o corte foi de 3,43% do orçamento total, mas isso corresponde a 30% do tal gasto discricionário. Ou seja, foi cortado o dinheiro de fato utilizado, que de fato é enviado a Universidade. Algumas instituições tiveram cortes até maiores, de mais de 40% dessa verba. Na UFPR, os 30% representam um corte de 48 milhões de reais, e o reitor da universidade, Professor Dr. Ricardo Marcelo Fonseca, já avisou que a UFPR fecha em agosto, caso o corte ocorra".
Bruno Eduardo Dematté, riocampense, estudante de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
O estudante do 6º período do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Bruno Eduardo Dematté, tem 23 anos, é natural de Presidente Getúlio, foi criado em Dona Emma e é morador de Rio do Campo. É filho de Ilda Kaleski e Mauro Dematté.
Os desafios para chegar à UFRJ
"Conquistar uma vaga em uma Universidade Federal foi uma tarefa árdua. Num cenário de centenas de bons candidatos disputando cada vaga é necessário ter foco e perseverança para se obter êxito. No meu caso, foram cruciais os dois anos dedicados aos estudos e ao meu trabalho como tutor no colégio que estudei após a conclusão do ensino médio. Muitas pessoas tiveram papel importante na minha conquista, principalmente minha família, minha namorada e meus professores e diretores - desde o primário. Sou eternamente grato aos que sempre estiveram e estão ao meu lado".
Porquê Bruno escolheu uma Universidade Federal
"Indubitavelmente, e em primeiro lugar, a opção pela Universidade Federal se deu pela grande qualidade do ensino e formação oferecida, que é um grande diferencial no mercado de trabalho. Ademais, essas instituições são as grandes responsáveis pelo desenvolvimento científico-tecnológico em todas as áreas do conhecimento, o que desde cedo me despertou interesse. Trabalhar com a ciência diretamente é um privilégio. Por fim, dentre os diversos motivos mais que eu poderia citar, as entidades públicas de ensino promovem uma equidade no que diz respeito ao acesso. Ou seja, mesmo pessoas que não teriam condições socioeconômicas de arcar com a formação possuem uma porta de entrada, de excelência, para a vida profissional - grupo que me inclui".
A qualidade do ensino na UFRJ, na opinião de Bruno
"Embora apresente alguns problemas relacionados às estruturas físicas, que ficam muitas vezes deterioradas pela falta de gestão e recursos, o ensino na UFRJ é dos mais tradicionais do Brasil. Especificamente em minha área, a escola de Medicina da Universidade do Brasil foi criada em 1808 e formou alguns dos médicos mais importantes da história mundial, dentre eles: Oswaldo Cruz (importante sanitarista brasileiro), Carlos Chagas (descobridor da Doença de Chagas) e Ivo Pitanguy (referido como 'o maior cirurgião plástico do mundo'). Desse modo, a faculdade possui um prestígio global. Recentemente, foi assinado um acordo bilateral de revalidação de diplomas automático entre a UFRJ e a Universidade de Lisboa, sendo assim o médico formado na UFRJ passa a ter sua formação reconhecida em toda a União Europeia. Tal acordo, inusitado no Brasil, demonstra o reconhecimento internacional da qualidade de ensino. Além disso, a UFRJ sempre figura entre as melhores universidades brasileiras em rankings mundiais, latino-americanos e nacionais. Possui também sucessivas avaliações com notas máximas pelo MEC, muito superiores as medias das universidades privadas, tendo sido eleita diversas vezes a melhor do país".
O desempenho do jovem como aluno
"Eu considero meu desempenho acadêmico muito bom e isso me abriu diversas portas desde o início, tenho atuado em alguns projetos, além da própria grade, e faço isso com muito amor. Entre os quais, eu participo de dois grupos de pesquisas que considero de suma importância. Um deles é relacionado à epidemiologia e a evolução do câncer de colo uterino na população que faz uso do Hospital Universitário. O outro projeto é na área da pesquisa básica (para esclarecer: básica porque está relacionada às bases científicas, aos estudos nas bancadas de laboratório), no qual se buscam novas alternativas de medicamentos para a dor, pesquisando novos alvos terapêuticos que depois poderão ser testados e estar disponíveis no mercado".
Questionado, Bruno afirma que será um bom profissional por estudar na UFRJ
"Confio que serei um bom profissional. Somando-se as numerosas oportunidades com a luta e o esforço diário farei tudo que estiver ao meu alcance. Há uma frase que eu gosto muito: 'Põe quanto és no mínimo que fazes' (Fernando Pessoa)".
Quanto ao cenário que vem sendo divulgado nas mídias, de desordens e descasos de alunos dentro das Universidades Federais, o Riocampense comenta
"Quanto aos escândalos recentes e a tentativa de negativar a imagem da Universidade Pública, vejo outros interesses, e não apenas de mudar o cenário para melhor, como se tenta argumentar. Infelizmente, alguns pouquíssimos alunos acabam tendo condutas inadequadas, e isso não é exclusividade das faculdades federais. Quando eu digo pouquíssimos são pouquíssimos mesmo. Imagine 6 ou 7 pessoas cometendo ultraje público ao pudor, pelo motivo alegado que seja. Agora, dividindo 7 para 70.000 (número aproximado de alunos da UFRJ) e você verá que a representatividade numérica do evento é de 0,0001%. Enquanto isso, vamos supor que pelo menos um terço dos alunos façam algum tipo de pesquisa científica ou projeto de extensão (que visa beneficiar a comunidade), isso daria aproximadamente 23 e 333 alunos. Agora, será que a melhor opção que existe é punir a todos? Incluindo retirar parte da verba que seria usada para todas aquelas pesquisas? Seria o melhor caminho a seguir? Além disso, eu nunca presenciei nenhuma cena como as que vem sendo divulgadas por mídias sociais, ainda, algumas são sabidamente notícias falsas e outras não guardam relação com a Universidade.
No que toca o uso de drogas lícitas ou ilícitas, as quais nunca usei e nem pretendo fazer uso, posso afirmar que jamais presenciei qualquer tipo de incentivo ou apologia vindo de algum docente para estudante. Até porque essa é uma questão de saúde pública, que não é fútil, e que merece uma atenção especial por parte da sociedade. Afinal, vemos usuários dentro e fora da universidade, que nada mais é do que uma amostragem da população brasileira".
Opinião de Bruno quanto aos cortes de verbas para as instituições de ensino federal
"Caro leitor, eu não possuo afiliação política ou sou seguidor de nenhuma catequese da velha dicotomia direita-esquerda, a meu ver, há complexidade maior e que não pode ser colocada em um plano cartesiano. Infelizmente, a atual conjuntura política não parece querer trabalhar realmente em favor da educação, da ciência e saúde (sim, os Hospitais Universitários entraram na conta).
Os 41% cortados da UFRJ foram atribuídos à balbúrdia que eu nunca vi. Transformar o termo corte em contingenciamento de nada adianta, uma vez que o dinheiro muito dificilmente chegará. Outrossim, a ideia de que as verbas discricionárias podem ser gastas da maneira que o reitor quiser é muito maliciosa e perversa, visto que aí entram os gastos como: água, energia elétrica, segurança e limpeza e que não podem ser negligenciados. Finalmente, do mesmo jeito que critico agora, quando a educação for a prioridade eu aplaudo de pé".
Gustavo Heitor Bittencourt estuda Engenharia Química na UFPR - Universidade Federal do Paraná
O estudante do curso de Engenharia Química na UFPR Gustavo Heitor Bittencourt, tem 20 anos, é natural de Joinville, e reside com a família em Rio do Campo desde 2010. Gustavo está no 4º período do curso.
Após o ensino médio veio o desejo de ingressar na Federal, afirma Gustavo
"Fiz um ano de cursinho no colégio Energia (COC), em Rio do Sul. Contei com o apoio de alguns amigos como o Breno e o Bruno Dematté, eles me ajudaram muito nessa caminhada. Mas foi um ano no qual minha rotina mudou completamente, abriu minha mente para o que é uma universidade, o que é um vestibular, coisa que no colégio público não é muito citado é incentivado. Quem me acompanhou viu o quão diferente foi minha rotina naquele ano, e o quão difícil é entrar nessa instituição, a UFPR".
O jovem diz ter escolhido a UFPR pela qualidade do ensino e a valorização do diploma
"Cursar uma faculdade em uma universidade particular é caro, e, caso tente uma bolsa, é muito burocrático. Além de Engenharia Química não ser um curso que tem em qualquer universidade, as universidades particulares deixam a desejar em muitos aspectos. Escolhi a UFPR principalmente pela qualidade do ensino e pelo diploma, que no Brasil, o diploma de uma universidade Pública é muito valorizado. E, ainda, a UFPR está entre as 10 melhores universidades do país, a qualidade do ensino e estrutura são impressionantes. Como eu vim de uma cidade bem pequena como Rio do Campo, na nossa cultura sabemos muito pouco sobre as universidades federais, poucos sabem a importância que elas têm, até mesmo nas salas de aula meus professores criticavam as Universidades Federais. Porém, a realidade é totalmente diferente do que se pensa".
Gustavo elogia a qualidade do ensino na UFPR
"A qualidade do ensino na UFPR é ótima. Exige muito esforço e não é fácil, porém, é isso que nos torna melhores profissionais.
Para Gustavo, o curso de Engenharia Química exige muito esforço e foco do aluno
"Como meu curso tem a grade curricular muito pesada, acaba dificultando para focar em tudo, então, acabamos focando no que é mais importante. Com 10, 11 matérias por semestre, acabamos tendo um pouco de dificuldade, mas com foco e determinação, dá para conseguir um bom desempenho".
O Riocampense acredita que será um bom profissional por cursar na UFPR
"Com certeza acredito que com a conclusão da graduação nessa instituição, serei um bom profissional. Hoje na UFPR temos muitos auxílios para que isso seja possível, como por exemplo a 'Empresa Júnior de Engenharia Química', onde nos capacita para que não cheguemos no mercado de trabalho 'cru', mas sim com uma bagagem. Além disso, temos a 'Escola Piloto de Engenharia Química', a qual foi a primeira do país e hoje é uma das mais respeitadas. Sendo assim, tenho muito exemplos de amigos que terminaram o curso e trabalham em grandes empresas como Boticário, WEG, Ambev e Votorantin".
Sobre o cenário que vem sendo divulgado nas mídias, de 'balburdia' e desordem de alunos dentro das Universidades Federais, Gustavo comenta
"Sobre o que é divulgado, acabo ficando em choque, sinceramente não sei em quais Universidades Federais eles andam, porque não vejo nada disso na UFPR, muito pelo contrário. Quando cheguei na UFPR achei incrível, pois é só andar pelo campus e ver o pessoal sentado nos gramados, lendo livros e estudando, o prédio da biblioteca é lotado a semana inteira por alunos estudando. A balbúrdia retratada não consta com a realidade, principalmente quando dizem que pessoas andam nuas nas universidades, não faz sentido nenhum. As Universidades Federais produzem 95% da ciência no Brasil, toda semana vemos matérias como, por exemplo, descobrimento de cura de doenças feitas por alunos das UF's, porém, essas matérias acabam sendo pouco divulgadas pela mídia".
Por Jornal A Tribuna do Vale
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