Patrimônio da culinária germânica de Santa Catarina há 130 anos, a Linguiça Blumenau agora é um ativo territorial exclusivo e oficial do Vale do Itajaí. Nesta terça-feira (6), o produto recebeu o selo de Indicação Geográfica do Inpi, que garante que a iguaria só pode ser produzida em 16 municípios que um dia já pertenceram a Blumenau.

A autorização do selo dado à Linguiça Blumenau foi feita pelo Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), que é uma autarquia federal brasileira, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que gerencia questões relacionadas à patentes, marcas e direitos autorais.

Pedido para indicação geográfica da Linguiça Blumenau começou há 5 anos

O pedido de reconhecimento da Indicação Geográfica do termo e do produto “Linguiça Blumenau” teve início em 2019, quando empresários da região, no setor de embutidos e defumados, demonstraram interesse pela ideia.

Segundo a documentação apresentada ao Inpi, o nome geográfico Blumenau passou a identificar o produto cuja origem e características estavam diretamente relacionadas ao processo de colonização alemã na região, fruto da adaptação de um saber trazido pelos imigrantes, tornando-se autêntico, emblemático e típico.

A produção da linguiça fresca e defumada abrange o território original do município de Blumenau em 1894, conforme demonstrado na documentação. O selo de Indicação Geográfica, autorizado em 2024, 130 anos depois, permite a exclusividade da produção da Linguiça Blumenau aos seguintes municípios catarinenses:

  • Blumenau;
  • Gaspar;
  • Pomerode;
  • Timbó;
  • Indaial;
  • Rio dos Cedros;
  • Doutor Pedrinho;
  • Benedito Novo;
  • Rodeio;
  • Presidente Getúlio;
  • Ibirama;
  • Rio do Sul;
  • Lontras;
  • Aurora;
  • Agronômica;
  • Laurentino.

O processo metodológico de construção do dossiê para encaminhamento ao Inpi contou com o apoio do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), incluindo a logomarca e a receita da iguaria.

“Ter o registro de Indicação Geográfica reforça a identidade e o vínculo do produto com o território. No caso da Linguiça Blumenau, há ainda a preservação e a proteção da receita original, que faz parte da história e do dia a dia da comunidade do Vale e Alto Vale catarinense. Por mais que no mundo inteiro se produzam linguiças, essa receita em questão é exclusiva da região oficial da IG, que engloba 16 municípios do estado. É um diferencial, que beneficia diretamente indústria e produtores, e, indiretamente, empreendedores de vários segmentos, como turismo e gastronomia”, explica Alan Claumann, gerente de Desenvolvimento Territorial do Sebrae Santa Catarina.

Além da participação do Sebrae, a solicitação pela Indicação Geográfica partiu da Alblu (Associação das Indústrias Produtoras de Linguiça Blumenau), a requerente do registro.

“Nossa maior conquista foi a união das indústrias produtoras e, por meio desse trabalho conjunto, vamos fazer valer o cumprimento das regras de uso da Indicação Geográfica, seguindo todas as determinações da norma regulamentadora da Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina). Nosso produto é diferenciado, feito com carne nobre e agora terá o respeito que realmente merece”, ressalta João Rodrigues de Souza Júnior, presidente da entidade.

Além da Alblu e do Sebrae, estiveram envolvidas no processo de registro de IG da Linguiça Blumenau a Cidasc, a Secretaria de Estado da Agricultura e as prefeituras de Blumenau, Gaspar, Indaial, Pomerode e Timbó.

“Para o empreendedor da região, essa é uma conquista que vai reverberar em várias instâncias. A indicação geográfica é um registro que valoriza o território e a oferta turística, beneficiando o comércio em geral e solidificando todo o potencial que o Vale do Itajaí tem para negócios que contribuem para o desenvolvimento econômico da região”, lembra Ionita Lunelli, gerente regional do Sebrae no Vale do Itajaí.

LUCAS ADRIANO,BLUMENAU