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Trabalho Missionário

Uma riocampense em Angola

  • Divulgação -

A jovem Adriana da Silva, de 25 anos, nascida e criada em Rio do Campo, onde residiu até seus 18 anos, está no continente africano, realizando um trabalho missionário. Adriana participa de atividades no sul de Angola, um país de língua portuguesa com pouco mais de 20 milhões de habitantes. Técnica em enfermagem, especializada em Ergonomia Aplicada ao Trabalho, tem sua residência atual em Curitiba.Ela é filha de Amandio da Silva, já falecido, e de Maria de Lourdes Kuhnen da Silva, que mora na localidade de Alto Taiozinho, em Rio do Campo.

Adriana concedeu uma entrevista ao Jornal A Tribuna do Vale direto de Angola, através da internet.

JATV: Quando você partiu para a missão?

Adriana: Tive meu primeiro contato com Missões, em janeiro de 2016, quando eu estava de férias, e foi quando entendi em Deus meu Chamado Missionário, e então em julho de 2016, passei a viver integralmente na Missão.

JATV: Qual a sua função na missão?

Adriana: Hoje estou na fase prática de um treinamento que fi z na JOCUM (Jovens com uma Missão) em uma base missionária de Curitiba, ainda estou como aluna até dezembro e o depois ainda está por defi nir.

JATV: Como surgiu a oportunidade de você partir para esta missão?

Adriana: Como já citei antes, tive meu primeiro contato com a missão em janeiro deste ano e foi onde me apaixonei pela Angola, através do relato de um casal de missionários brasileiros que moram na Angola há muitos anos. Ouvir toda a história deles, do trabalho e projetos que desenvolveram nessa nação me fez amar esse País, então em julho quando ingressei na JOCUM, foi lançado um desafi o, onde um grupo de pessoas seriam desafi adas a vir e servir na Angola, dentro das necessidades encontradas aqui. Naquele momento, tive a convicção de que Deus queria que eu fi zesse parte desse projeto e dessa equipe, então orei pedindo a Deus a confi rmação e a provisão necessária para poder realizar esse sonho, Dele, e que Ele plantou em meu coração. Foi uma fase complicada, mas Deus abriu todas as portas necessárias para que isso acontecesse, e muitas pessoas, família e amigos, me ajudaram fi nanceiramente para que eu chegasse aqui na Angola, sou grata a Deus por isso e por cada um que me ajudou.

JATV: Fale um pouco sobre o projeto de missão o qual você faz parte?

Adriana: Primeiramente entendi Deus me despertando para a necessidade da obra missionária, então procurei a JOCUM, base missionária, que treina e envia missionários para diversas regiões, estados, países e povos, conforme a n e - cessidade de cada lugar, é uma instituição que preza por ser resposta de Deus para o mundo todo, atingindo todas as esferas da sociedade, igreja, educação, saúde, através de projetos sociais. Comecei fazendo a ETED (Escola de Treinamento e Discipulado), porém a base oferece várias escolas, dentro da área de aconselhamento, projetos com crianças, escola de Estudo Bíblico, e várias outras, todas reconhecidas pela Universidade das Nações. A escola que eu faço e concluo agora em dezembro consiste em três meses de teóricos e dois meses de prático, que é a fase onde me encontro hoje.

JATV: O que mais pesou na sua decisão de aceitar o desafio?

Adriana: De início o que mais pesou foi estar distante da minha família, mesmo não morando mais em Rio do Campo, sempre que possível ia visitar a todos, e sabia que aceitando o propósito de Deus para mim, não estaria tão presente quanto de costume, e de tudo foi a parte mais dolorosa, sendo que somos muito unidos com minha mãe e irmãos. Depois foi abrir mão do meu trabalho, em Jaraguá do Sul, onde trabalhava no ambulatório da empresa Malwee há quase seis anos, foi uma renúncia difícil, pois amava meu trabalho e os amigos que fi z lá. E por último foi sair de Jaraguá, cidade que eu aprendi a amar, sabendo que talvez não voltasse mais a morar lá, porém mesmo sendo difícil a renúncia, me alegro por ver os frutos da minha obediência a Deus, tudo o que deixei foi por orientação de Deus e tenho visto os seus cuidados comigo e com toda a minha família, o que me deixa bem tranquila e me faz confi ar ainda mais no caminho que tenho traçado em Deus.

JATV: Você teve apoio da família?

Adriana: Ah, falar da minha família é difícil, minha mãe desde muito cedo incentivou eu e meus irmãos a corrermos atrás de nossos sonhos, sei que no início foi para eles uma surpresa muito grande e uma apreensão, pois não sabiam como seria e para onde Deus me levaria nessa jornada, mas Deus foi acalmando seus corações e vejo hoje que eles são os meus maiores incentivadores e de alguma forma vivem o meu 'Chamado' junto comigo. Na verdade minha mãe não só entende e apoia o meu chamado, como foi a maior responsável por tudo o que hoje eu vivo, desde muito criança eu via e admirava o trabalho e a dedicação dela com a Pastoral da Criança em Rio do Campo, cresci vendo em seus olhos o amor pelo projeto e por cada criança da comunidade, e ela foi e é sem duvida o meu espelho, com ela foi que eu aprendi a amar e a cuidar de pessoas, e a demonstrar o amor de Deus na simplicidade. Minha família é o meu porto seguro, sempre me encorajando e mostrando que é possível viver os sonhos que temos, ainda mais quando estes são primeiro os sonhos de Deus.

JATV: Diante desse desafio, você teve algum medo?

Adriana: Com certeza tive medo, tanto ao abrir mão de tudo para ir integralmente para a Missão, quanto ao aceitar o desafi o para a Angola, de todas as minhas preocupações a maior delas era no bem estar da minha família, sendo que eu estaria longe deles, e também na questão financeira, porque como Missionária não tenho um salário, e para poder me manter na Missão, tenho dependido de pessoas que Deus tem tocado no coração para me ajudar, e que tem sido anjos nas mãos de Deus. O medo sempre está presente de alguma forma, mas Deus tem mostrado e dado provas em todo o tempo do cuidado dele comigo e com a minha família, e me sinto mais protegida hoje do que eu me sentia antes.

JATV: Como você buscou se preparar para esta missão?

Adriana: Primeiramente foi tendo a certeza do que Deus realmente queria para mim, depois foi buscando ferramentas que pudessem ser úteis no campo Missionário, como cursos e livros que fossem me servindo de norte, além da minha formação na área da saúde que geralmente abre muitas portas na Missão, assim posso juntar Chamado com profi ssão e agregar as duas em prol daqueles que necessitam ser cuidados.

JATV: Quais as barreiras que você enfrentou ao chegar em Angola?

Adriana: Acho que a principal barreira foi vencer o meu medo de realmente abrir mão da minha comodidade para viver esse processo, sem saber como ele seria. Já ao chegar na Angola, fui ver uma culturatotalmente diferente da nossa cultura no Brasil, e de tudo, o que mais foi difícil foi realmente me adaptar ao estilo de vida deles, à alimentação, aos costumes e procurar viver como se eu realmente fosse uma angolana, para assim de alguma forma entender as necessidades e carências deles.

JATV: Como é o seu dia a dia?

Adriana: Minha rotina aqui é fazendo trabalho em comunidades, igrejas e ensinando crianças, tudo dentro dos princípios bíblicos, e tendo como nosso exemplo Jesus Cristo, dessa forma servimos com estudos, teatros, artes, atendimento de saúde, quando necessário, e várias outras ferramentas que Deus nos vai dando ao longo do tempo. Assim trabalhamos de terça a domingo e temos a segunda- -feira de folga.

JATV: Cite algumas, das principais, diferenças entre o Brasil e o país onde você está?

Adriana: A Angola é apaixonante, vejo mais semelhanças do que diferenças, em relação ao nosso Brasil. É um povo muito acolhedor, receptivo, mesmo nas maiores dificuldades, onde muitas vezes não tem nem o que comer ou vestir direito. Estão sempre nos confortando e nos ensinando com um sorriso ardente no rosto, vejo que são muito parecidos com os brasileiros nessa questão, mas o que pude ver como uma grande diferença, é a questão cultural mesmo, costumes e cosmovisões diferentes, a alimentação é totalmente diferente, amam suas comidas típicas, o Funge (Pirão), a Papa (com farinha de arroz) e o Ksanga, não abrem mão disso por nada, e como brasileiros tivemos muita dificuldade em nos adaptarmos.

JATV: Do que mais você sente falta daqui do Brasil?

Adriana: O que eu mais tenho sentido falta é da comidinha preparada pela minha mãe, eu amo a Angola, mas a saudade dos braços da minha mãe é o que mais tem me chamado de volta ao Brasil, sem contar que amo a minha nação e as minhas origens.

JATV: Até quando ficará em Angola?

Adriana: Ficarei na Angola até início de dezembro, e no Natal estarei em Rio do Campo matando a saudade de todo mundo.

JATV: Que lições importantes essa nova experiência traz para você?

Adriana: A experiência de valorizar a vida, tudo o que Deus tem me dado, cada oportunidade e o privilégio de poder fazer parte dos seus propósitos, estar na Angola ou mesmo em Missões, me faz sentir uma filha de Deus honrada e privilegiada, e diante de cada carência e necessidade me faz olhar para a minha vida e ver que ela só faz sentido, se eu viver por uma causa maior, que não é buscar os meus próprios interesses, buscando uma posição profissional, um status, ou bens materiais, porque de tudo a minha maior razão de viver, é em primeiro obedecer a voz do meu Deus e ser resposta para as pessoas, é poder me doar com tudo o que sou e que aprendi a ser, para cuidar de pessoas, elas são o bem maior de Deus, foram criadas a sua imagem e semelhança, meu papel é refletir Cristo e levar o seu amor onde quer que eu vá.

JATV: O que você diria aos brasileiros, após esta missão?

Adriana: Que nós somos um povo abençoado por Deus, e que devemos todos encontrar uma motivação maior e uma razão palpável para viver nossas vidas. Me entristeço ao ver tantas pessoas vivendo por viver, sem ter encontrado um real motivo, ou um sentido para que ela valha a pena. Tantos jovens se entregando a qualquer circunstâncias, buscando se satisfazer em coisas que ao final, não traz paz e nem acrescentam em nada. Vejo tantas pessoas gastando suas vidas em busca de bens materiais, dinheiro e pertences, vejo pessoas se vendendo por tão pouco, e ao final, não se dão conta de que temos apenas uma vida, dada por Deus para viver, e que precisamos fazer o melhor que podemos, ajudando, compartilhando, vivendo em unidade e deixando um legado para pessoas ou para uma geração. Meu incentivo e desafio, é de que cada um busque seu lugar no mundo e viva intensamente a sua missão, nossa vida é curta e passa muito rápido, sonhos são feitos para serem conquistados, o meu sonho é fazer a vontade de Deus e a minha missão é de praticar a ordenança que Ele nos dá em sua Palavra 'Ide e fazei discípulos, batizando-os em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo'. (Mt.28:19).

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