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Reportagem

Assalto ao Banco do Brasil: o que se sabe

  • Gean Beiger/JATV -

Normalmente as madrugadas da tranquila cidade de Rio do Campo são silenciosas e propícias ao mais profundo sono de seus moradores, que na sua maioria trabalham assíduos e comprometidos enquanto o sol brilha. No entanto, em alguns horários dessas madrugadas, muitos riocampenses, desses que fazem parte da maioria, comprometidos com suas responsabilidades, com seus empregos, trafegam, caminham ou pedalam pelas ruas da cidade, em horas alternadas, conforme abrem as portas de algumas empresas, a maioria malharias, que iniciam suas jornadas de trabalho ainda nas madrugadas.

Porém na sexta-feira (01), uma ação criminosa, que ocorreu por volta de 1h50 na Rua 29 de Dezembro, no Centro, deu uma nova versão para as madrugadas silenciosas da cidade. Bandidos usando explosivos, conhecidos como dinamites, destruíram parte da Agência do Banco do Brasil. Dos quatro caixas eletrônicos, dois foram destruídos. No momento da ocorrência, havia apenas um policial atendendo os municípios de Rio do Campo e Santa Terezinha.

Uma moradora que viu parte da ação dos bandidos relatou que dois meliantes estavam na rua, armados, que gritaram para ela "Entra pra dentro, entra, entra". A moradora entrou na sua residência, ficou escondida, mas viu quando chegou o ônibus da HCR, deram dois tiros no ônibus e mandaram o motorista ir para trás. E depois ficaram gritando com os companheiros "Vai, vai, apura, não demora" (Fonte: RBA).    

Populares, incluindo a reportagem do JATV, confirmam que foram três fortes explosões ouvidas nos quarteirões próximos à Agência. No momento da chegada da polícia ao local, populares estavam dentro da agência e informaram que estava envolvida na ação uma caminhonete branca "SW4" e um carro pequeno também de cor branca. Cinco homens estariam dando cobertura a três outros bandidos que estavam dentro do banco, eles usavam armas longas e curtas.

Naquela madrugada a polícia cercou as vias de saída do município para tentar impedir a fuga dos meliantes. Sendo as rodovias de acesso a Taió, Salete e Santa Terezinha, possíveis caminhos para a fuga. Uma moradora próxima do local, falou ao JATV que o veículo saiu em alta velocidade em direção à localidade de Taiozinho.
Na rodovia de acesso a Santa Terezinha os policiais encontraram vários objetos, conhecidos como miguelito (grampos de cerca unidos com solda), jogados na pista para furar pneus, provavelmente deixados ali pelos assaltantes. 

O valor exato levado pelos bandidos nem o tamanho do prejuízo causado ao Banco, que ficou isolado até a chegada da Polícia Civil na tarde da sexta-feira (01), não foi repassado. Conforme uma primeira informação, não havia um valor tão alto nos terminais de autoatendimento, levando em consideração que nessa data é comum o depósito de salário de servidores públicos e aposentados.

Motorista foi feito refém durante o assalto

"Eles me pararam na frente do Lelo Motos, entraram no ônibus e me mandaram ir para o fundo"

 

Fernando José Moreira de 30 anos, mora em Rio do Campo, é motorista de ônibus e foi rendido pelos bandidos na madrugada do assalto. Ele tinha trocado o horário com um colega e estava retornando para casa quando passou pelo local "Era final de expediente, eu já estava voltando para casa, vindo de Santa Terezinha, após levar os funcionários da empresa".

No caminho, Fernando não havia notado nenhuma movimentação estranha, mas após ser alvo da ação, recordou-se de ter visto a caminhonete usada no crime indo em direção a Rio do Campo, próximo a localidade de Taiozinho. Fernando foi surpreendido em frente a uma loja de motos, ao lado do banco "Eles me pararam na frente do Lelo Motos, entraram no ônibus e me mandaram ir para o fundo", contou citando que teve uma arma apontada para si.

Naquele horário havia nevoeiro, os bandidos estavam com lanternas, confirma Fernando, que estava sozinho. O bandido que parou Fernando estava bem armado. Com tranquilidade por parte dos assaltantes, Fernando relatou que não houve agressões "Eles simplesmente me mandaram ir para o fundo do ônibus".

Ao que Fernando conseguiu observar, havia cinco meliantes "Na minha contagem tinha cinco. Quatro fora do carro e um estava dentro, um motorista esperando", relata. Fernando diz que ficou rendido por volta de dois minutos, mas na hora não sentiu medo.

"O valor da minha família hoje é maior", comenta o motorista que tem dois filhos ainda pequenos "Já era antes, agora é maior ainda". 
Questionado sobre a realidade da segurança pública da região, Fernando afirma que a situação está ruim e deveria ser melhor. Hoje ele diz que se sente vulnerável a ações criminosas.

Sargento Silveira fala sobre o policiamento após o assalto

O 3º Sargento da Polícia Militar de Rio do Campo, Luiz Carlos Silveira, concedeu uma entrevista ao Jornal A Tribuna do Vale e contou quais as medidas que a PM tomou após o assalto para tentar evitar este tipo de ocorrência "A Polícia Militar age com prevenção, intensificando nossas rondas, principalmente a noturna. Estamos monitorando principalmente os veículos de fora, porque muitas vezes esse pessoal usa carros clonados e de fora".

 

No mês passado, Silveira falou ao JATV que havia um efetivo de cinco policiais em Rio do Campo. O Sargento explicou porquê durante a ação criminosa não havia nenhum militar do município, apenas um de Santa Terezinha "Os Policiais Militares tem uma quantidade de horas que precisam trabalhar. As horas excedentes são dadas pelo governo do estado como banco de horas. O policial, por uma ou duas vezes ao mês, precisa tirar esse banco. Durante essa folga, não temos policiais para repor o horário". Isso acontece porque o Estado não paga horas extras aos policiais.

Caso o Sargento não conceda a folga aos policiais conforme determina o banco de horas, ele pode até mesmo ser penalizado. Silveira explica que existe um prazo para conceder essa escala aos policiais "O banco de horas serve para aquele policial que já está com bastante tempo de serviço poder ter aquele descanso que não está tendo".

O próprio Sargento afirma que por diversas vezes está saindo para acompanhar as rondas para dar mais segurança à própria guarnição. Sobre o crime, Silveira comenta que antes de qualquer ação, os bandidos mapeiam o local por semanas e até meses. Na visão do Sargento a falta de policiamento não deve ter sido um fato isolado para atrair os assaltantes.

Silveira admite que se os bandidos monitoraram a situação do policiamento na cidade, certamente perceberam a fragilidade que há. Mas essa questão atualmente domina todo o estado. Em Rio do Campo, o Sargento Silveira diz que seria necessário a soma de quatro policiais ao grupo para garantir um trabalho integral de segurança. O Sargento ainda reforça que a situação de Rio do Campo é um reflexo da situação de todo estado de Santa Catarina.

Para Silveira, o estado deve se mobilizar futuramente na contratação e formação de novos agentes. "A região de Rio do Campo deve receber novos policiais no futuro", menciona o Sargento.
Ao que tudo indica, todos os envolvidos no roubo ao banco portavam armas longas e curtas, o que poderia ocasionar fatalidades caso a polícia chegasse no local com um número pequeno de agentes. "Nesta situação, não teríamos muito o que fazer", comenta.

De acordo com o Sargento, os policiais que estão na região são dedicados ao trabalho exemplificando que prontamente se fizeram presentes policiais de cidades como Salete e Taió. Isso mostra que embora o efetivo seja pequeno, não é escasso, como declara Silveira ao JATV.

Com agência fechada, clientes procuram alternativas

Após ter sido destruída, a agência do Banco do Brasil está passando por reformas para voltar ao atendimento. Os trabalhos na agência estão acontecendo, no entanto nenhum tipo de movimentação com dinheiro está sendo realizada.

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Caso o cliente necessite sacar ou depositar, precisa se deslocar até Santa Terezinha, Salete ou Taió. Transações envolvendo dinheiro em espécie também podem ser realizadas em postos de atendimentos alternativos em Rio do Campo, como a agência dos Correios e a Drogaria Farmagnus, que durante toda a semana segue com filas. Nestes locais podem ser feitos saques, depósitos e pagamentos.

A volta à normalidade na agência deve ocorrer em um período de 30 dias. 

 

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