Em dose dupla, a força da mulher estará presente na Câmara de Vereadores de Rio do Campo no ano que vem. Se nessa legislatura, apenas a vereadora Gi (PSD) representa a bancada, a partir de 2021, o número de representantes femininas dobrará. As professoras Marilete Vavassori Rafaelli (PSD) e Ádila Conink (PSL) obtiveram êxito no pleito e estarão no parlamento a partir de 1º de janeiro. Marilete conquistou 206 votos, enquanto Ádila precisou 141 sufrágios para garantir a sua eleição. Em 2000, o município também elegeu duas mulheres: Isolete Possamai (do extinto PPB) e Marli Barabach da Silveira (PSDB). Após vinte anos, a cidade voltará a ter duas vereadoras, ambas professoras. Confira a entrevista exclusiva do Jornal A Tribuna do Vale com elas.

JATV: O que lhe motivou a aceitar o desafio de concorrer nesse pleito de 2020? Como foi a campanha?

MARILETE: Esse desafio de ser candidata, penso eu que já vem de família. Desde que eu era criança, a família Vavassori sempre gostou de política. Quando me casei, a família Rafaelli, do meu marido, também gostava. Também sempre gostei de estar no meio do povo e fazer trabalhos voluntários. Acredito que posso ajudar muito o povo de Rio do Campo, pois quero representar todas as áreas, especialmente a saúde, educação e obras. Essa foi uma campanha diferente, pois devido à pandemia, as visitas eram mais rápidas. Em algumas casas, nem íamos por respeito às pessoas idosas. O tempo da campanha também foi curto. Acho que uma campanha para prefeito é mais fácil, pois eram apenas dois candidatos. Mas para vereadores foi muito concorrido, eram cinquenta e dois candidatos. E os candidatos eram bons. Não se pode sair por aí falando mal nem dos seus colegas de partido, nem dos adversários. Precisamos respeitar as diferenças, pois a política passa, mas as amizades e o trabalho em prol do povo riocampense continua.


ÁDILA: Também gosto de estar no meio do povo participando de ações voluntárias. Percebi que sendo candidata, tive a oportunidade de conhecer pessoas que eu ainda não conhecia, podendo conversar com elas e fazer novas amizades. Aceitei o desafio porque gosto da política e também porque entendo que as mulheres devem se engajar mais na política. Lancei meu nome para incentivar as outras mulheres. Quem sabe na próxima campanha, teremos mais mulheres concorrendo.



JATV: Por qual motivo o riocampense e a riocampense optaram por eleger duas mulheres nessas eleições?

ÁDILA: Nas minhas visitas, eu dizia para as pessoas que queria que entrassem três mulheres na Câmara. Isso não aconteceu. Mas sabemos que a maioria dos votos de Rio do Campo são dados pelas mulheres. Se todas se unissem, dava para botar até mais do que três no nosso legislativo. Mas eu e a Marilete somos professoras e sabemos que a partir do ano que vem, faremos um grande trabalho não só para a educação, mas para todas as áreas. Acredito que esses votos vieram para nós, porque as pessoas sabem que as mulheres pensam um pouco diferente dos homens. A mulher pensa mais com o coração. A questão da empatia também é bem maior no universo feminino.


MARILETE: Nós mulheres somos mais sentimentais e pensamos mais. Antes de agir, analisamos. A mulher está tendo um novo espaço na sociedade em todas as áreas, porque a maioria da população tanto em Rio do Campo como no Brasil, são mulheres. Mais mulheres na política fariam a diferença. Sempre sonhava em ver um legislativo só com mulheres, para ver como iria funcionar. Isso pode até ser utopia. Mas eu e a professora Ádila faremos a diferença no legislativo riocampense.



JATV: Mesmo sendo de partidos diferentes, vocês poderão estar juntas nos projetos que visam o bem das mulheres e dos riocampenses, em geral?

MARILETE: Com certeza, poderemos trabalhar juntas. Para mim, a política terminou no dia 15 de novembro às cinco horas da tarde. Dentro da Câmara, temos que trabalhar pelo bem das mulheres e pelo bem de todos os riocampenses, independente de partidos. O que é bom para o povo, tem que ser bom para nós. Temos que esquecer a bandeira, respeitar as diferenças e conviver com todos.


JATV: Muitas vezes, a mulher tem um olhar diferente do homem para determinadas situações. O que a presença de duas mulheres poderá agregar na Câmara de Rio do Campo?

ÁDILA: As mulheres pensam mais e analisam tudo com mais carinho. Penso que esse olhar fará a diferença na Câmara de Vereadores. As pessoas estão votando mais nas mulheres para termos um trabalho mais igualitário, trabalhando com o povo e para o povo. Não entramos na Câmara por acaso. Entramos para fazer a diferença. Temos apenas quatro anos para mostrar a nossa força e garra, pois não somos vereadoras, nós estamos vereadoras. É um prazo curto, quatro anos não é muita coisa, olhando a dimensão do município. Temos muita coisa para fazer. Ainda não assumimos, mas nas caminhadas que faço na cidade, já tenho um olhar diferenciado. Para onde olho, vejo serviço.


JATV: Você acredita que precisa mais opções de capacitação de emprego e também de lazer para as mulheres de Rio do Campo?

ÁDILA: Durante a campanha, as pessoas me pediam para ter mais capacitação para empregos. Na área do lazer, também tínhamos muitos pedidos. Precisamos trazer mais capacitações para Rio do Campo. Nas malharias, por exemplo, na maioria das vezes as capacitações são feitas dentro das empresas. Acho errado o dono da malharia pagar para que as pessoas aprendam. Para eu ser professora, paguei o curso para depois trabalhar. A capacitação tem que existir, mas quem quiser participar tem que pagar, pois quando sai do bolso a gente dá mais valor. Na área do lazer, vemos que muitas coisas podem mudar. Mas precisamos nos sentar, conversar sobre as ações com todos os vereadores para chegar a um consenso.


JATV: Como espera que seja essa legislatura com tantas mudanças de vereadores na Câmara de Rio do Campo?

MARILETE: Penso que essa mudança será boa, pois pessoas novas entram com pensamentos novos. Não que os que se reelegeram não tenham ideias boas. Mas quando você entra, você quer mostrar serviço. Parece que sempre quer mudar e buscar coisas novas. Com certeza, os nove vereadores que se elegeram vão trabalhar em prol de Rio do Campo, pois são pessoas interessadas no povo, e não em interesses próprios, independente da sigla partidária.


JATV: Como vereadora governista, o que espera de Vidal e Acácio para os próximos quatro anos?

MARILETE: Não só espero, como tenho certeza, já os conhecia antes da campanha e sei que farão um bom trabalho, pois querem o bem do povo riocampense. Eles vão trabalhar pela igualdade, se colocando no lugar de cada cidadão. Independente da coligação que foram eleitos, vão trabalhar para todos. Tenho certeza de que farão um bom mandato, e com o apoio dos vereadores, será muito melhor para eles e também para a nossa sociedade.


JATV: Como vereadora de oposição, o que espera de Vidal e Acácio para os próximos quatro anos?

ÁDILA: Espero que eles façam um trabalho igualitário. Fui candidata de oposição, mas agora vamos trabalhar em conjunto. Eu cumprirei com as minhas obrigações e farei um trabalho com muito compromisso e responsabilidade em prol de toda população.


JATV: Recado para a população de Rio do Campo, especialmente para as mulheres.

ÁDILA: Quero agradecer as mulheres e também aos homens. Fiz 141 votos, mas com certeza não foram só votos de mulheres. Poderíamos ter uma Câmara ainda mais feminina. Não foi dessa vez, mas em breve poderá ser. Muito obrigado a cada um dos cento e quarenta e um votos depositados na minha pessoa. Foram votos de amor e de carinho. Como já disse em um vídeo, para mim isso equivale a uns 300 votos, pois minha campanha foi limpa, honesta e transparente. Não falei mal de ninguém, não puxei o tapete de ninguém e respeitei o voto das pessoas. Quando me diziam que tinham compromisso com o "fulano", eu dizia para seguir em frente com o seu candidato. Aliás, tem uma pesquisa que diz que 30% dos votos de quem se elege, não foi o candidato que pediu, mas sim os amigos da gente. Fica para todos o meu agradecimento eterno. Para as mulheres, quero dizer que somos a maioria no município, e por isso, na próxima campanha, gostaríamos de ter umas vinte mulheres como candidatas. Por fim, peço que Deus nos proteja para trabalharmos quatro anos em prol da população riocampense.


MARILETE: Quero agradecer a cada eleitor, a cada voto de confiança. Os votos depositados para mim são de pessoas que acreditam no meu trabalho e na minha competência. Quero dizer que trabalhei honestamente na campanha. Também quero pedir para as mulheres, para que possamos nos unir e fazer parte da política. Isso não só em Rio do Campo. Precisamos mostrar a nossa força. Muito obrigado também aos homens, pois não foram só as mulheres que votaram em mim. Quero agora fazer um trabalho de legislar e fiscalizar para o bem de todos. Assim, desejo um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo. Que tenhamos nesses quatro anos de legislatura, um lado humano, companheiro e solidário em prol da comunidade riocampense.