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São quase 70 anos de sacerdócio
No cruzamento da Avenida Rebouças com a Rua Henrique Schaumann e a Avenida Brasil, encontra-se a Igreja Senhor Bom Jesus dos Passos, na Praça Portugal, bairro de Pinheiros, construída na primeira metade do século XX. A comunidade foi criada Paróquia em 8 de setembro de 1985, desmembrada dos territórios das Paróquias São Paulo da Cruz (Calvário), Nossa Senhora do Monte Serrate, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e Nossa Senhora do Brasil.
Há 35 anos, o responsável pela comunidade paroquial é o Padre Vitor Bertoli, Pároco, que, aos 92 anos, continua seu intenso trabalho pastoral de atendimento às pessoas em situação de rua e às famílias mais necessitadas, especialmente neste período de pandemia.
O Sacerdote, que também é membro, desde 1960, do Movimento por um Mundo Melhor (MMM), foi contemplado este ano com a medalha São Paulo Apóstolo, concedida pela Arquidiocese de São Paulo, na categoria "ação caritativa e promoção humana".
Uma missão de ir ao encontro
Todas as sextas-feiras e sábados, a Paróquia entrega cerca de 200 refeições para os mais vulneráveis, por iniciativa do Pároco e de um pequeno grupo de leigos. Segundo o cálculo do Padre Vitor, em todos esses anos, foram mais de 140 mil pessoas assistidas pelo serviço caritativo promovido semanalmente.
"Desde 1985, estou como Pároco na Paróquia Senhor Bom Jesus dos Passos. Assim como somos, eu e os fiéis, nós aceitamos e amamos. O combustível disso é o Conselho Paroquial de Pastoral (CPP), pois sempre intensificamos essa missão de ir ao encontro dos sofredores que vivem nas ruas", reforçou o Sacerdote em entrevista ao O SÃO PAULO.
Nascido em 7 de janeiro de 1928, na cidade de Taió, o Sacerdote preside missa diariamente, atende confissões e participa das ações caritativas: "Procuro fazer minha pequena parte na missão em que o Senhor me colocou. Sinto-me aceito e acolhido pela comunidade, sobretudo na colaboração das atividades pastorais", enfatizou.
Durante estes meses de pandemia, o Padre tem procurado manter contato com os fiéis por meio das mídias digitais, celebrando missas que são transmitidas on-line e, com a ajuda dos paroquianos, telefonando para aqueles que mais necessitam de conforto. Além disso, escreve semanalmente reflexões sobre o Evangelho para as redes sociais da Paróquia.
Por um mundo melhor
"Jesus nos disse que, para que o mundo creia, é preciso que sejamos um, como Ele e o Pai são um só. Não há dúvidas, todos querem um mundo melhor", disse o Sacerdote, na cerimônia de entrega da Medalha São Paulo Apóstolo, no dia 11, no Tuca, referindo-se ao movimento ao qual pertence e que hoje atua em 25 países, tendo sido fundado em 1952, pelo Papa Pio XII, com o objetivo de transformar o mundo por meio da unidade.
O Padre recordou que foi convidado para fazer parte do MMM, na década de 1960, pelo Padre Jesuíta Ricardo Lombardi, italiano que recebeu de Pio XII a missão de espalhar pelo mundo a proposta do Pontífice por meio de cursos, formações e outras iniciativas. Segundo Padre Vitor, participar dessa missão em busca de um mundo melhor contribui muito para sua vida e vocação.
"Perguntaram a Dom Luciano Mendes de Almeida [ex-Arcebispo de Mariana (MG), já falecido], um santo homem, o que ele seria se não fosse padre. Respondeu: 'Nada!'. Parafraseando o que seria eu sem o Movimento por um Mundo Melhor? Seria tudo diferente, e no meu coração, seria quase nada", enfatizou.
68 anos de sacerdócio
Padre Vitor iniciou seus estudos para o sacerdócio em 1945, cursando Filosofia no Seminário Central do Ipiranga, em São Paulo. Em Roma, estudou Teologia no Colégio Pio Brasileiro e fez mestrado em Direito Canônico na Universidade Gregoriana.
"Meu despertar vocacional foi na preparação para a primeira Eucaristia. Em uma das catequeses, a Irmã Luísa disse que Jesus iria conceder aquilo que pedíssemos no momento. Pedi para ser sacerdote e aqui estou, padre há 68 anos. Numa hora de forte crise, escrevi ao Padre João Calábria, hoje canonizado pela Igreja, e ele me respondeu que iria rezar todos os dias por mim e aqui estou", concluiu.
Padre Vitor foi ordenado no dia 8 de março de 1952 na Basílica de São João de Latrão, em Roma, com o clero da Diocese de Joinville (SC), pelas mãos do Cardeal Aloísio Traglia, então Bispo Auxiliar de Roma.
Antes de atuar como sacerdote em São Paulo, passou pelas dioceses catarinenses de Joinville e Salete e pela Arquidiocese do Rio de Janeiro. Além de Pároco da Paróquia Senhor Bom Jesus dos Passos, é Diretor Espiritual do Movimento por um Mundo Melhor. Entre 1986 e 2003, foi professor de Filosofia do Centro Universitário Assunção (Unifai).
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