O que fazer quando você depende da agricultura para viver, porém sofre de câncer de pele? Essa foi uma das perguntas que Silvestre Paulhak se fez. Morador da Tifa São Vicente, no Alto Santa Terezinha, Silvestre já precisou passar por alguns procedimentos cirúrgicos, pois sua pele sofre com o sol. No corpo, diversas marcas de pequenas cirurgias em virtude do problema. Para continuar em sua linda e bem cuidada propriedade, Silvestre decidiu optar por uma inovação: construir uma estufa para a plantação de tomates.

A equipe de reportagens do JATV foi até a cidade de Santa Terezinha para conhecer um pouco melhor a produção da fruta e conversar com a família. Com o investimento de cerca de R$ 27.000,00 através da Sicoob da cidade, a construção foi iniciada no final do ano passado. "Este valor é fora a mão de obra, pois eu mesmo fiz tudo", menciona Silvestre. Além do abrigo reduzir o calor do sol, as "cortinas de proteção" praticamente eliminam a presença dos indesejados insetos, que por ocasiões, prejudicam a safra. "Com isso, consigo deixar o tomate praticamente 100% orgânico. Usei um pouco de agrotóxico apenas no início. Mas agora, só uso adubo", diz Paulhak, satisfeito com a lavoura.

A construção é recente. Esse foi o primeiro ano em que o produtor desenvolveu a cultura. Sua família também cultiva feijão, além de trabalhar com fumo e gado. Porém, Silvestre se dedica ao tomate. Além do problema de pele, outro motivo que levou o Terezinhense a tomar a decisão de cultivar tomates foi a merenda escolar através da agricultura familiar. A pandemia do Coronavírus atrapalhou bastante os seus planos, pois parte da produção seria para as escolas da cidade. Com a falta das aulas presenciais, grande parte da produção desse ano precisou ser descartada. Silvestre ressalta que o preço para a merenda chegaria próximo a R$ 4,80 a R$ 5,00 o quilo. Sem essas compras e com excesso de produção, está vendendo de R$ 2 a 3 reais por quilo nos mercados.


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Muitos podem achar que as perdas podem estar ligadas a estiagem. Ele também ressalta que o prejuízo que teve, deve-se somente à pandemia. "Água nós temos. A minha nascente está fornecendo água para quatro famílias", esclarece o agricultor que garante a qualidade na irrigação.

O "Andarol 2" foi o tipo de tomate escolhido para o cultivo. A dica sobre o tipo do tomate partiu de um agrônomo de Rio do Sul. "Ele que me passou a variedade que combina com essa região. Tive também um pouco de apoio da Epagri de Santa Terezinha. Estamos aprendendo, pois é o primeiro ano que estamos cultivando", ressalta Silvestre.

Não é tão difícil encontrar a propriedade Paulhak. Quem trafega pela obra do novo asfalto no Alto Santa Terezinha pode adentrar à direita já quase no topo da serra. Placas feitas pelos familiares vão dando a dica da proximidade. Nossa equipe de reportagens flagrou duas delas, indicando que faltavam 2km e 1km, respectivamente. Territorialmente, Santa Terezinha é gigante. Questionado se é o único produtor da cultura no município, Silvestre preferiu não arriscar. Disse acreditar que sim, mas devido a grandiosidade da cidade, não tem certeza. "Soube que teve gente plantando tomate, mas parece que esse ano, preferiram não plantar".

Sincero, Paulhak frisa por diversas vezes na entrevista que está em fase de testes. No entanto, dá alguns detalhes sobre o plantio e a colheita do tomate feitos por ele. "O ciclo pode variar de quatro a cinco meses ou até mais. Levou cerca de dez dias para germinar. Depois, mais uns vinte dias para plantar. Aí dentro de um mês começam a soltar alguns cachinhos. Semeei em novembro e em dezembro eu plantei. Em março, comecei a colher", afirma o produtor.


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Foram plantados 1000 pés com sementes e mais 500 com brotinhos. A estimativa de colheita era de oito toneladas. "Mas não vai dar isso. Se der quatro mil quilos, já está bom. Vou perder quase metade. Não cuidei muito bem, pois como falei, fiz esse projeto para vender para a merenda escolar. Sem poder contar com isso, precisei procurar os mercados. Mas tem alguns mercados que querem ganhar mais do que a gente. Aí é complicado", diz ele.

Antes de iniciar o projeto, Silvestre visitou algumas estufas parecidas com a que construiria. Fez algumas modificações que achou necessárias e começou o plantio. A estufa é grande. Tem 12 metros de largura por 60 metros de comprimento. "Alguns disseram que era grande demais. Mas fiz desse tamanho e não me arrependo. O 'Tito', técnico da Epagri de Santa Terezinha que mora em Rio do Sul me ajudou. Fizemos juntos o caderno de campo. A ajuda dele foi muito boa pra mim", destaca Paulhak.

E para onde vai tanto tomate sem seu principal comprador que seria via merenda escolar? Essa foi uma pergunta que ele mesmo se fez. Mercados da cidade, vizinhos e população em geral principalmente da cidade de Santa Terezinha compraram a sua produção. "O Mercado Mavegal aqui de Santa Terezinha comprou quase dois mil quilos. O resto, foi bastante 'picado'".

Muitos podem pensar que o prejuízo que teve esse ano o desanimou. Estão enganados! "A gente tem que produzir alimento. Não estou arrependido. Ano que vem, continuarei. Talvez diversifique mais produtos, mas vou continuar", conta o produtor, confiante com a próxima safra. A esposa de Silvestre, Dona Lita, também concorda que deve continuar.

A última pergunta feita a Paulhak foi se ele recomenda que mais pessoas façam a produção. A resposta foi sim. "Feito com sabedoria e experiência, o tomate poderá render bons frutos para as famílias terezinhenses", finaliza Silvestre.

Essa entrevista em vídeo com imagens internas e externas da estufa, poderão ser vistas nos próximos dias no canal do JATV no Youtube e na nossa página do Facebook.




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