A Epagri continua atenta ao deslocamento da nuvem de gafanhotos pelo território argentino, mesmo com a possibilidade remota de a praga chegar a Santa Catarina. As condições meteorológicas climáticas previstas para o estado indicam a chegada de uma frente fria acompanhada de queda de temperatura, o que não favoreceria a chegada dos insetos ao território catarinense. Ainda assim, pesquisadores da Epagri aprofundam estudos para conhecer melhor esse fenômeno natural.

Leandro Delalibera Geremias, entomólogo da Estação Experimental da Epagri em Ituporanga, conta que desde a década de 1950 tem sido observada uma diminuição da incidência desta praga na Argentina. No Brasil, foram registrados surtos de gafanhotos de outras espécies em diferentes regiões até o início de 1990, contudo na maioria das vezes de forma esporádica e sem atingir Santa Catarina. A partir de 2015, pequenas infestações foram observadas no território argentino. Neste momento a equipe de entomologistas da Epagri busca informações junto a estudiosos do Brasil e do exterior.


Monitoramento

Ao mesmo tempo em que aprofunda conhecimentos sobre a praga, a Epagri acompanha o deslocamento da nuvem na Argentina. Kleber Trabaquini, pesquisador do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Epagri/Ciram), diz que a evolução da praga no país vizinho vem sendo registrada pelo Serviço Nacional de Sanidad y Calidad Agroalimentaria (Senasa), órgão ligado ao governo federal. É a partir dessa instituição que as autoridades catarinenses se atualizam sobre o tema.

O Senasa criou um banco de dados que está sendo alimentado por avistamentos in loco, ou seja, a pessoa informa ao órgão onde viu a nuvem e aquela informação é inserida em um mapa com as coordenadas geográficas. Isso tem sido feito desde 1º de maio, quando se iniciaram os registros. A velocidade média de deslocamento da nuvem é de 100 quilômetros por dia, mas isso pode variar, influenciado principalmente pelo vento.

Segundo o pesquisador da Epagri/Ciram, tecnologias de mapeamento remoto, como radares e imagens de satélite, por exemplo, ainda não conseguiram superar a eficácia dos informes por avistamentos. Em seu estudo, descobriu que em Las Vegas, nos Estados Unidos, uma nuvem de gafanhotos já foi registrada por radar. Na Europa há registro da praga por imagem de satélite. "Mas isso depende muito da densidade da nuvem", descreve Kleber, destacando que esse tipo de registro ainda não foi possível na Argentina.