O caos de um enxame resultou no sucesso da Produção de Pólen
A vida na apicultura de Luiz Antonio Sosnowski iniciou em 1983, através de curso de apicultura junto à estação Experimental de Zootecnica de Pindamonhangaba (SP).
Foi através de um convite que tudo começou "Em 1983 um amigo me convidou para retirar um enxame, para conhecer a atividade apícola. Na época minha família tinha uma padaria numa cidade pequena, mais ou menos do tamanho de Rio do Campo, e havia um enxame alojado no telhado da casa de um de nossos padeiros. Resumindo, foi um caos, as abelhas alvoroçaram e ferroaram muitas pessoas ao redor de onde o enxame estava alojado e levei tantas ferroadas que fiquei de cama três dias. Porém, isso me motivou a buscar entender o porquê de tamanho caos. Fui até a Estação Experimental de Zootecnica do Instituto de Zootecnia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo, naquela época referência em apicultura no Brasil, e me inscrevi num curso de apicultura e posteriormente em um estágio de um mês". Desta forma Luiz Antonio começou com a criação de abelhas voltadas para a produção de mel "Após três anos, ou seja, em 1986, ainda não conseguia obter resultados econômicos suficientes para sustentar a atividade como fonte de renda principal e decidi buscar outra alternativa de produção, uma vez que as abelhas produzem outros produtos além do mel, como a própolis, a geleia real, o pólen, a cera, rainhas e enxames".
Novamente Luiz Antonio foi buscar conhecimento no Instituto de Zootecnia em um curso de produção de geleia real "Nesta data estava lá um recém chegado pesquisador colombiano com um projeto inédito 'Produção de pólen'. Fiquei apaixonado pelo trabalho de produção e manejo que ele desenvolveu; ficamos amigos e coordenei seus trabalhos durante cinco anos e, após nos separarmos, não parei de estudar, pesquisar e desenvolver equipamentos, processos de beneficiamento, métodos de manejo e seleção de material biológico através da criação de rainhas".
O amor ao trabalho incentivou Luiz Antonio a concluir o curso superior "Em 2002 voltei para a universidade e terminei o curso de Ciências Biológicas Bacharelado com ênfase na área ambiental na UNIVAP - Universidade do Vale do Paraíba, em São José dos Campos - SP. Como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) escolhi o tema de apicultura e, havendo uma incubadora tecnológica na UNIVAP, em 2004 convidei meu orientador e um técnico em biologia da UNIVAP para fundarmos uma empresa de base tecnológica, a SER Apis - Pesquisa, beneficiamento e assessoria apícola Ltda. Apresentamos o projeto ao Conselho da Incubadora, o qual foi aprovado e nos 8 anos seguintes desenvolvemos vários trabalhos com metodologia científica, resultando em publicações, participações em eventos de iniciação científica, seminários de apicultura, feiras de tecnologia dentre outros. Pudemos apresentar os resultados de nossas pesquisas voltadas ao aprimoramento de técnicas de manejo, desenvolvimento de equipamentos de campo e processos de beneficiamento de pólen, o que nos rendeu patentes nestas duas áreas: produção de pólen com um coletor que apresenta recursos de manejo que nenhum outro equipamento da apicultura mundial dispõe, e industrialização, com o desenvolvimento de uma estufa de desidratação com recursos de controle de microorganismos, temperatura, sistema de desidratação homogênea dando qualidade superior ao produto final para o mercado. Todo esse trabalho desenvolvido dentro do ambiente de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) teve aporte de recursos de Fomento à pesquisa em programas da FINEP - Financiadora de Estudos e Pesquisas do Ministério de Ciências e Tecnologia, SESC-SENAI-SP e recursos disponíveis para pesquisas nos convênios com a UNIVAP. Vários destes trabalhos podem ser encontrados em nosso sítio eletrônico http://www.serapis.com.br. Após três anos, a empresa foi graduada na incubadora tecnológica e passou a integrar o ambiente de Parque Tecnológico da UNIVAP, ocupando áreas específicas dentro do campus da UNIVAP para o desenvolvimento dos trabalhos que hoje trouxemos para Rio do Campo".
Escolher Rio do Campo para desenvolver o projeto não foi por acaso "Após vários meses de avaliações em vários estados do país - Pará, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, realizando planos de negócio para cada uma destas regiões, foi aqui que encontramos o melhor alinhamento de condições favoráveis ao projeto como: flora polinífera, agricultura familiar fortalecida, forte presença do agente financeiro no agronegócio, projetos do poder público na busca de novas oportunidades de emprego e renda para a agricultura familiar, a cultura do sistema de produção integrada já estabelecida no meio rural. Isso tudo pesou positivamente no plano de negócio para Rio do Campo, deixando as demais regiões em classificação bem inferior. O apoio do poder público foi determinante para que ocorresse a apresentação do projeto aos agricultores. A partir de 2012, através do então secretário de agricultura Tarcísio Kulkamp e do prefeito Rodrigo Preis, ocorreram várias reuniões e divulgações do projeto junto aos agricultores e desde então a prefeitura e secretaria da agricultura, com o apoio da Câmara de Vereadores, apoiam a implantação deste projeto no município.
A finalidade é positiva para os riocampenses "Para o poder público a finalidade é gerar emprego e renda em uma nova atividade que propicie oportunidade à juventude se manter na sua propriedade e em uma atividade que possa gerar receita e renda alternativa à fumicultura. Para a SER Apis, a finalidade deste projeto é cumprir sua missão, e claro, gerar renda ao agricultor parceiro, seja ela complementar ou principal, dependendo da opção de cada um. É missão da SER Apis através do trabalho de polinização realizado pelas abelhas, servir ao meio ambiente e ao ser humano, por meio da recuperação de áreas degradadas; contribuir na melhoria da qualidade de vida, decorrente do equilíbrio ambiental; promover o aumento da qualidade dos alimentos; e fornecer produtos apiterápicos (produtos das colmeias) tão íntegros como quando encontrados nas colmeias, para uso na manutenção da saúde física e mental de quem os consumir".
A produção do Pólen
O sistema de trabalho é muito semelhante ao sistema de integração, e oferece assistência técnica gratuita para padronização de manejos, processos, controle de qualidade, avaliação e discussão de resultados. O agricultor implanta o apiário de 45 colmeias em uma área de sua propriedade que não seja utilizada para nenhuma atividade e que não interfira nas atividades que já são realizadas. Esta área é de aproximadamente meio hectare e a escolha é feita por em uma visita técnica prévia para avaliação do potencial da região e da propriedade. Após definido o potencial, o agricultor passa por um processo de acesso ao crédito do PRONAF, e liberando o crédito, adquire diretamente dos fornecedores indicados no projeto os itens necessários à montagem do apiário: utensílios do dia a dia da produção, insumos, equipamentos e enxames selecionados. Todo esse processo ocorre com acompanhamento da SER Apis que também oferece os treinamentos técnicos para padronização dos processos que garantirão a qualidade do produto "in natura" para entrega em sua unidade industrial em Rio do Campo. O agricultor fará coletas diárias e armazenará o pólen em freezers durante 30 dias e entregará ao técnico da SER Apis que realizará a visita de assistência técnica mensal, recebendo à vista segundo o volume de entrega de pólen; a compra é garantida em contrato.
Incentivo do Poder Público
Segundo Luiz Antonio, para a SER Apis, a prefeitura de Rio do Campo vem apoiando o projeto através da organização de reuniões com agricultores interessados, chamadas no JATV dos dias de campo realizados nos apiários da empresa em Rio do Campo e recentemente a concessão de uso de um terreno para construção do Centro de Capacitação e Treinamento em apicultura para produção de pólen e mel.
Para os agricultores, oferece gratuitamente em parceria com a SER Apis, cursos de apicultura, material didático para os cursos, salas equipadas com recursos audiovisuais e didáticos, além de disponibilizar máquinas e cascalho com preços subsidiados para a implantação dos apiários nas propriedades em que for necessário preparo de área e melhoria de acesso ao apiário.
Famílias riocampenses iniciam neste ramo
Luiz Antonio apresenta duas famílias que estão iniciando neste ano na atividade "Leandro Luis Pavlak e o Wanderlei Richeski, da localidade de Rio da Prata. Ambos passaram pelo processo de apresentação do projeto durante o dia de campo que ocorreu em dezembro de 2014, com o apoio da prefeitura de Rio do Campo e, após avaliarem o plano de negócio que receberam durante o evento, agendaram uma visita técnica em suas propriedades. Definimos o local do apiário nas propriedades onde não interferisse nas atividades agrícolas que são desenvolvidas e então foram encaminhados à projetista do banco para montar o projeto do PRONAF e acessaram a linha de crédito específica para este projeto de produção de pólen. Aprovados os projetos agendamos os treinamentos, que teve início com um curso básico de apicultura e outros seis que ocorrem nas propriedades: preparo da área para montagem do apiário; preparo e organização da área para preparo e estocagem de material de campo utilizado nas atividades do dia a dia; preparo e organização da área para armazenagem de açúcar e preparo de alimentação artificial; preparo e organização da área para processamento da cera; área de recebimento e estocagem da coleta diária do pólen; avaliação de desempenho no manejo das colmeias após o primeiro mês de coleta".
O processo de financiamento bancário para esta atividade
Agora há facilidades, afirma Luiz Antonio "Após 12 meses de trabalho com o Banco do Brasil, conseguimos aprovar uma linha de crédito específica do projeto de produção de pólen para a região do Alto Vale do Itajaí. Isso significa que qualquer agricultor dos 28 municípios do Alto Vale que se interessar na produção de pólen e estiver apto ao PRONAF pode acessá-lo. Basta requerer junto à EPAGRI a DAP - Declaração de Aptidão ao PRONAF e procurar a projetista do banco, a Franciani Durda (47 9917-8488 - WhatsApp), ela orientará e encaminhará toda a documentação necessária à montagem e apresentação do projeto, fazendo o acompanhamento até a aprovação. A SER Apis também acompanha o andamento de cada projeto para que tudo ocorra dentro dos prazos e normas legais do banco. O PRONAF é de 40 mil de investimento mais 7 mil de custeio para compra de 100% dos itens necessários ao início da produção de pólen. Tem carência de 1 ano, juros de 5,5% ao ano, 10 anos para pagar (o projeto se paga em 9 anos) e não precisa de garantias reais, somente avalista".
O retorno financeiro
Cada apiário é composto por 45 colmeias com caixas Langstroth construídas seguindo a norma técnica NBR ABNT 15713 para que as técnicas de manejo sejam possíveis de serem aplicadas durante as quatro estações do ano. A safra da produção de pólen é de oito meses, iniciando em agosto e encerrando em março, produzindo em média de 770 kg de pólen "in natura" por apiário/ano gerando um ganho mensal real ao agricultor de um salário mínimo, durante os doze meses do ano "Todas as despesas de produção, depreciação e amortização do PRONAF já estão debitadas deste resultado. Importante lembrar que após o término do pagamento do PRONAF o valor de amortização anual passa a integrar a renda do agricultor, aumentando sua renda para próximo de 1,5 salários mensalmente. Se o agricultor decidir se profissionalizar na produção de pólen e alcançar o número de 200 colmeias poderá alcançar um pró-labore mensal de 3 mil reais e gerar mais 3 empregos com carteira assinada. Caso os colaboradores sejam membros da família a composição da renda familiar poderá alcançar 8 mil reais mensais", incentiva Luiz Antonio.
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