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Raça Montbeliarde projeta futuro promissor na região

Após oito dias de intercâmbio na França, prefeito Rodrigo Preis retorna com ótimas expectativas sobre o projeto Montbeliarde.

Em entrevista ao JATV, Rodrigo fala sobre a importância que essa raça pode ter para o produtor local e de que forma ele poderá aderir ao projeto. ?Eu já tinha ido duas vezes a França, e em ambas tinha pego período de inverno, de frio com neve. Mas desta vez os animais estavam no campo, que é nossa realidade aqui, onde os animais fazem a produção de leite através da pastagem, assim é possível baixar o custo de produção para os agricultores terem maior lucro?, explica.

Segundo o Prefeito, a adaptação para a criação da raça em Rio do Campo é muito boa devido ao clima e relevo que são muito similares com o de lá ?O inverno deles é muito frio e o verão é muito quente, então os animais se adaptam muito bem tanto no frio, como no calor. São animais adaptados para pastagem, caminham muito bem, têm a capacidade de andar melhor, pelo fato de lá ser terreno montanhoso também, então elas têm essa facilidade comparadas a raças existentes aqui na região. Por essas características vemos que esses animais irão se adaptar muito bem em Rio do Campo. Tanto que os animais que temos, trazidos de outros intercâmbios, já estão bem adaptados?, comenta.

Outra característica essencial da raça Montbeliarde, segundo Rodrigo Preis, é que são animais de boa produção leiteira, em média 30 litros por dia. ?Sendo que a alimentação desses animais não passa de 3kg por dia, isso é uma quantidade muito baixa de ração comparada ao que os nossos produtores usam para tirar uma produção de leite dessa. Então irá baixar o custo de produção, consequentemente terão um lucro maior?, explica Preis.
Um fator importante é que essa raça é muito mais resistente a doenças, o que torna o custo para manter os animais menor, afirma Rodrigo.

Preis explica ainda, que a produção de leite da raça Montbeliarde tem um importante diferencial que é o alto teor de sódio, classificado em gordura e proteína, que para a produção de queijo tem um rendimento melhor. ?Com o teor de sódio mais alto, o rendimento na queijaria, no laticínio será maior, consequentemente o laticínio, poderá pagar um pouco mais aos agricultores. Então, vejo que é uma raça que tem muito a contribuir com o desenvolvimento e a sustentabilidade da agricultura familiar da região. São, em sua maioria, propriedades pequenas que precisam de baixo custo de produção e essa raça se encaixa muito bem nessas questões?, esclarece.

No total, doze brasileiros participaram do intercâmbio que o Prefeito Rodrigo Preis participou na França, foram cinco do Rio Grande do Sul e sete de Santa Catarina, sendo cinco do Alto Vale e dois do oeste do estado. Segundo o Prefeito, nos próximos quinze dias esse grupo estará se reunindo e será feito um debate para definir o futuro da raça Montbeliarde no Brasil. ?A partir de então, será decidido qual o rumo que iremos tomar?, comenta Preis.

?Em princípio, seria a constituição de uma associação brasileira da raça Montbeliarde para que possamos ter o registro dela aqui no Brasil, pois a mesma no Brasil ainda não é reconhecida como uma raça por não ter uma associação que possa dar o registro aos produtores. Então, queremos criar uma Associação Brasileira para a raça Montbeliarde. A conversa que tivemos com o grupo é que iremos fortalecer através das cooperativas, associações, sindicatos ligados à agricultura familiar, principalmente ao sistema Cresol, que é o sistema que iniciou o projeto no Sul do Brasil, os sindicatos da Fetraf. Então, o objetivo é fortalecer a raça através dessas instituições que foram pioneiras, que realmente ajudaram e acreditaram no projeto?, explica Rodrigo.

A formação de uma cooperativa específica possibilitará a importação de sêmen e também o melhoramento genético no Brasil. O modelo de melhoramento genético da França é bem interessante, afirma o Prefeito. ?Quem controla o melhoramento genético lá são as cooperativas desta área. Onde as raças têm um controle de consanguinidade para não haver parentesco entre os animais e isso traz maior sanidade aos animais. Não havendo consanguinidade, há um resultado melhor em produção, também não há tantas doenças nos animais?, conta.

Na França, a Cooperativa também é responsável pela inseminação dos animais e do controle de parentesco entre os mesmos e ainda do controle leiteiro, conta Preis. ?Pois lá, como eles têm todo um controle, podem pegar os melhores touros para as vacas, os que terão melhor produção. E se nós quisermos fazer isso no Brasil, teremos que ter um controle, não ter consanguinidade, ter um controle leiteiro, tirar os filhos das melhores vacas para serem os futuros reprodutores para um dia não precisar mais importar. Mas a importação hoje é necessária para melhorar as condições genéticas do nosso rebanho?, afirma Rodrigo.

O sistema das propriedades na França foi objeto de atenção de Rodrigo, ele comenta que é um modelo diferente, mas que pode ser aplicado na região ?Muitas propriedades na França, são em dois ou três sócios, a grande maioria das propriedades tem uma sociedade que diminui os custos de produção para eles. Muitas vezes, dois vizinhos se juntam, criam uma propriedade só, onde haverá só um estábulo, uma só ordenhadeira, isso baixa custo. Já é um modelo interessante a organização que eles têm dentro das propriedades, a grande maioria dos produtores que visitamos entregam leite para sua cooperativa, são pequenas cooperativas de 5 a 10 produtores. São produtores de uma comunidade que se reúnem e montam seu próprio laticínio?, explica.

O Prefeito cita que o leite da raça Montbeliarde é usado para a produção de queijo comté ?Para produzir esse queijo, os animais têm que ter uma alimentação específica, não pode receber silagem, não pode ter uma alimentação com muita ração, mas o diferencial é que ele não pode sair da propriedade e o queijo não pode andar mais do que 25km, o que faz com que o queijo tenha que ser produzido no laticínio da comunidade, mas a renda se torna muito melhor, a qualidade do queijo é muito maior. Visitamos os produtores que vendem para uma cooperativa e um que vende para o tradicional, o produtor que vende para as cooperativas ganha 50 centavos de euro que é para fazer o queijo Comté, que é a cooperativa dele mesmo?, comentou.

Os produtores que vendem para os laticínios tradicionais ganham cerca de 33 centavos de euro por litro de leite. Rodrigo conta que há um diferencial, pois, o próprio produtor está agregando valor além daquele queijo ser específico da região e da raça.
?Podemos pensar alguma coisa, para tentar desenvolver através das cooperativas, que podemos colocar nossa marca regional, onde iremos produzir determinado tipo de queijo, determinado produto que a região possa produzir. Não precisamos pensar só em queijo. Um exemplo é o queijo minas, onde é produzido em apenas uma região do Brasil, isso agrega valor àquela região, já temos casos no Brasil, que a gente pode pensar em coisas nesse sentido?, afirma o Prefeito Rodrigo Preis.

O grupo que viajou à França se reunirá e terá a missão de levar as informações colhidas na Europa aos agricultores do sul do Brasil, através de Prefeituras e outros setores que tenham ligação com produtores rurais.

?Queremos fazer com que os produtores possam ter uma rentabilidade maior, controle genético, valor agregado ao produto e por que não, pensar nas propriedades em se associarem e montar uma pequena associação?, comenta Rodrigo e afirma que tudo faz parte de um grande desafio.
Haverá rodadas de reuniões em todo o Alto Vale ?Passaremos em todos os municípios mostrando as experiências de lá para todos os agricultores. E também dentro de Rio do Campo faremos reuniões com os agricultores para que possamos começar a discutir esses modelos de produção, tentar adaptar para nossa realidade. Mas o objetivo final é que o produtor tenha rentabilidade e sustentabilidade maior na sua propriedade, e que o produtor possa ter uma qualidade de vida boa?, finaliza.

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