Conheça o organizador das festas de Natal na cidade. Sua inspiração é Hugo Lembeck. Saiba o motivo

A magia do Natal em Rio do Campo passa diretamente por Roberto Pires de Souza. Esse nome pode ser desconhecido de alguns, tendo em vista que ele é mais conhecido por "Beto do Cachorro-Quente", alcunha esta que inclusive usou durante o período eleitoral. Organizador dos eventos de Natal na cidade, Beto contou com exclusividade para o Jornal A Tribuna do Vale o que lhe inspirou a investir tempo, e muitas vezes, seus próprios recursos financeiros, para ver o sorriso no rosto das crianças ao receberem uma pequena lembrança.

Mesmo não sendo natural do município, tendo em vista que mora em Rio do Campo há dez anos, Beto se sente um riocampense e planeja permanecer na cidade por muitos anos, por ter sido tão bem recebido. Para tentar retribuir um pouco dessa bela recepção, se especializou no ramo de eventos. Muitos lembram dos eventos de Páscoa, de Dia das Crianças, e principalmente dos seus eventos de Natal. "Oficialmente o primeiro evento foi em 2013. Foi ali que peguei a Pampa, me vesti de Papai Noel e chamei também um palhaço para fazer a distribuição de balas no município com objetivo de ter algo diferente para as crianças", disse o promotor de eventos.

O que poucos sabem, é a inspiração dele. Tudo começou em 1992, quando Beto ainda era o Betinho. Uma criança humilde que morava na cidade de Salete, filho de uma cozinheira do Seminário municipal. Desde aquela época, o município fomenta o "Natal na Praça". "Lá, existia um cidadão muito conhecido chamado Hugo Lembeck. Ele passou nas escolas para falar desse evento que aconteceria em Salete e teria a presença da Xuxa. Claro que era uma cover, mas para as crianças, era a Xuxa. A mãe quase não deixava a gente sair. Mas naquele dia, de tanto a gente insistir, ela deixou. Lembro como se fosse hoje, que aquela Xuxa estava dentro de uma Kombi branca. Naquele momento, lembro que o Hugo estava em cima de um caminhão Mercedes azul, e de lá, questionou as crianças sobre qual é a padroeira de Salete. Quem acertasse a pergunta, ganharia o robô azul do Power Rangers. Éramos pobres e eu saí 'me quebrando' para responder. A molecada toda disse errado e eu falei que era Nossa Senhora da Salete. Aí ganhei o robô que por muitos anos me acompanhou. Aliás, carrego ele ainda hoje no meu coração e na minha história. Posso dizer para você que a inspiração para os eventos de Natal de Rio do Campo tem um nome: Hugo Lembeck", conta Beto, emocionado.

Roberto também citou que espera que como Lembeck tenha sido sua inspiração para dar mais alegria às crianças, alguém que tenha ganho algum presente nesses eventos, possam se inspirar nele para dar continuidade a esse show de alegria natalino. "Precisamos ser lembrados pelas coisas boas que fizemos. Certamente, alguma dessas crianças será o futuro prefeito, vereador, médico, enfermeiro ou seguir qualquer outra profissão. Penso em fazer algo por eles, para que um dia um neto meu possa ser beneficiado em um evento promovido por alguma dessas crianças que participou do nosso evento e ganhou alguma lembrancinha", diz ele. Beto também afirma que pretende continuar a fazer essa boa ação por muitos anos, pelo menos até que a velha Pampa dure e não vire um vaso de flor.

Apesar de ser o promotor e tomar a iniciativa de fazer o evento natalino na cidade, Beto confirma que é impossível fazer tudo sozinho. Por isso, conta com a ajuda de amigos que fazem doações de balas e pirulitos, além dos integrantes da empresa Pura Alegria de Rio do Campo que decoram o evento, disponibilizam brinquedos como a cama elástica e também deixam à disposição um palhaço para animar a garotada. "É um evento que custa de três a quatro mil reais. As doações chegam a quinhentos ou seiscentos reais. O resto a gente faz para que as crianças tenham algo diferente nessa época do ano. Mas tenho prazer de tirar um pouco da nossa casa para repartir com os outros", enfatiza ele.

Em meio a tantos brindes distribuídos, Beto afirma que algumas histórias são inesquecíveis. Em 2016 foi promovido o Natal Solidário, onde brinquedos foram arrecadados junto à população. Os brinquedos danificados recebiam os devidos reparos, eram embalados e entregues para as crianças. Um garoto de família com bom nível de recurso financeiro chegou no final do evento e só tinha sobrado um carrinho pequeno com as rodas quebradas. Sem opções, esse brinquedo foi entregue ao menino. A mãe dele afirmou que o garoto tinha ganho bons presentes, porém, ele disse que queria o presente porque era o Beto que estava lhe dando. Algum tempo depois, a mãe desse garoto disse para o Beto que seu filho continuava brincando com aquele carrinho, mesmo estando danificado.

Outra história lembrada por Beto aconteceu no ano de 2012. Uma família grande que morava em Rio do Campo recebeu pipocas e pirulitos. Hoje em dia, não moram mais na cidade. Porém, há pouco tempo, fizeram uma visita ao organizador de eventos e relataram que essas lembrancinhas foram as únicas recebidas pelas crianças da família naquele Natal.

Antes do término da entrevista, Beto opinou sobre o que poderia ser feito para que a Magia de Natal fosse mais presente no coração dos pequenos riocampenses. "Penso que teríamos que ter uma Casa da Cultura muito mais forte e atuante. Teria que usar o CRAS, o PETI e pessoas que queiram ou precisam fazer um trabalho voluntário, elaborar um projeto e enfeitar a nossa cidade. Por exemplo, colocar bengalas grandes de cinco metros nos postes. Poderia fazer um pinheiro de Natal de dez metros. Algo assim. A população de Rio do Campo quer ajudar e só precisa de incentivo. Dá para fazer, mas teria que partir da Casa da Cultura", opina o comerciante.

Por fim, Beto deixou um recado todo especial de Natal: "Desejo a todos os riocampenses muita paz, saúde e amor no coração. A você, criança, por menor que seja o seu presente, guarde essa lembrança e viva a magia do Natal. O Natal é o reencontro das famílias e a época de viver o amor. É o único momento do ano em que as pessoas param para conversar com as suas famílias, por causa da correria do dia a dia. Que esse seja um Natal fraterno e que na medida do possível, tenha abraço. Um gesto que foi praticamente proibido nesse momento de pandemia. Espero que essa pandemia sirva para aquecer os corações. Que a Magia do Natal venha para alegrar o coração das pessoas", finaliza Beto.