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Casal de Rio do Campo completou 60 anos de casados
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- Créditos: Jornal A Tribuna do Vale - www.jatv.com.br
O Jornal A Tribuna do Vale visitou o casal para registrar as Bodas de Diamante
No longínquo dia vinte de agosto de mil novecentos e sessenta, aconteceu um casamento na atual Paróquia do Rio da Prata, em Rio do Campo, que certamente marcou época. Nesse dia, Ignácio Waiszczyk, na época com 22 anos, acrescentava o seu sobrenome a jovem Iadviga Kaleski. Ela tinha 18 anos. O tempo se passou e eles completaram a marca de 60 anos de casados.
Como houve grande festa nas Bodas de Prata (25 anos de casados) e também nas Bodas de Ouro (50 anos de casados), a família até pensou em fazer um grande evento comemorativo de mais essa data. Porém, em virtude da pandemia, não puderam celebrar. O casal afirma que há dez anos, foi feita uma festa para muitas pessoas, onde foi consumido um boi, um porco, frangos, duzentos litros de chope. Como a data não poderia passar em branco, a equipe de reportagens do Jornal A Tribuna do Vale visitou o casal para registrar as Bodas de Diamante.
Fomos recebidos com muito carinho pela Bela, uma das cachorrinhas do casal. Simples e simpática, ela reflete a propriedade da família Waiszczyk. Questionados sobre como se conheceram, trocaram olhares e confessaram que faz tanto tempo que não recordam dos primeiros contatos. O que lembrar é que o início do casamento foi difícil. "Na época era tudo na base da enxada. Nós trabalhávamos na agricultura. Não era fácil ganhar dinheiro. Morávamos em uma casa antiga de madeira, acordava cedo e ia para a roça, pois era a única renda que tínhamos" lembra ele. Após alguns anos, começaram a lidar com gado, queijos e venda para madeireiras, onde a vida começou a deslanchar. Em mais uma aventura financeira, Ignácio comprou dois caminhões. "O primeiro comprei em 1973 e o outro, no ano seguinte, para escoar a produção. Trabalhei com empregado e empresa registrada até 1978" conta ele, que tinha parceria com cooperativas. Na linha de trabalho, dona Iadviga é favorável ao trabalho para menores de 18 anos. "Hoje em dia, quem é menor não pode trabalhar. Nossos dois filhos estudavam no centro de Rio do Campo. Acordavam de madrugada, faziam o lanche, estudavam, voltavam para casa e nos ajudavam" conta a mãe orgulhosa. Ela ainda ressaltou que os filhos tiveram oportunidade de sair da agricultura, mas optaram em ficar na propriedade rural.
A conversa sobre o orgulho que o casal tem sobre seus filhos, "foi longe". Tomou boa parte do tempo da entrevista em vídeo que você poderá conferir em breve nas redes sociais do JATV. O olho brilhava ao falar da prole. A única tristeza foi falar de um filho que padeceu cedo. Mas dos quatro que permanecem vivos, a alegria é resplandecente. As histórias sobre os seis netos (quatro homens e duas mulheres) também era motivo de alegria. A cobrança bem humorada foi por conta da inexistência de bisnetos até o momento.
Rotina do casal
De bem com a vida, ambos relatam o amor por viver nessa propriedade. Com a ajuda de uma bengala, Ignácio vive caminhando e ajudando sua esposa a cuidar da horta, das galinhas, do gado e até da fabricação de queijo. Na nossa visita, três belos queijos estavam secando nas proximidades de um varal. "Eu tomo uma xicarazinha de café bem quente e vou alimentar o boizinho que temos. Gosto de cuidar da criação de animais. Aqui a gente não compra carne suína, de gado, frango, peixe ou ovelha" diz ele. "Vegetais também não compramos. Só compramos frutas e outras coisinhas" conta ela. Assim vive o casal, que moram sozinhos há 21 anos, porém, rodeados por filhos que sempre os atendem quando necessitam.
São felizes morando no Rio da Prata?
O amor por onde moram volta a ser citado. Segundo eles, os filhos já ofereceram uma morada no centro de Rio do Campo para que eles não tivessem mais o trabalho rural, que por vezes, pode ser puxado. Não para Iadviga, que afirmou que por amar o seu dia-a-dia, nunca precisou ficar internada ou fazer exames de ultrassom, mamografia ou Raio-X. Apenas exames de rotina que nunca indicaram algo grave na sua saúde. "Graças ao bom Deus tenho uma boa saúde e sempre trabalhando" diz ela.
Já Ignácio até tem alguns problemas de saúde. O problema na perna o impede de realizar as tarefas de casa com mais rapidez, mas não o impede de colaborar. Ele conta que já ficou internado entre a vida e a morte, mas sobreviveu. Com problema na coluna, rins e também afetado pelo diabetes, não choraminga e segue trabalhando. "Estou bem. Até renovei a minha Carteira de Habilitação. Mesmo sendo caminhoneiro e dirigindo a mais de 40 anos, nunca tive uma multa" conta o motorista orgulhoso.
O que um mais admira no outro?
Após tantos anos juntos, alguns podem nem saber o que faz com que continuem juntos e se amando. Não é o caso do casal Waiszczyk. Ao serem questionados, responderam prontamente. Iadviga conta que seu marido bebe socialmente cerveja e vinho. Porém, nunca passou do limite. "Além disso, ele nunca gostou de sair sozinho. Só ia onde nós dois podíamos ir" conta ela. Já Ignácio conta que admira a sua esposa, pois além de cuidar da propriedade deles, ela se destaca pela transparência. "Ela não faz nada escondido. Cada um tem o seu dinheiro, mas se ela precisa do meu, ela pega e já me diz. Se acontece algo conta um de nós, ou contra nós dois, ela sempre me avisa" disse ele.
O segredo dos 60 anos casados
Ambos concordaram que o matrimônio realizado pela Igreja Católica, faz com que o casal faça um compromisso perante pessoas queridas, e principalmente perante Deus, que não vão se separar. "Nós juramos que só a morte vai nos separar. Cada um sabe disso. Para que jurar falso? Muita gente nova 'casa e descasa'. Se deu certo, deu. Então só faz um contrato e nem casa na igreja", recomenda a esposa.
"Se assumiu, cumpra. Fique com a pessoa quem você se casou. Se ver que não tem como cumprir o juramento, não se case" recomenda Ignácio. Sobre o tema, o casal finalizou dizendo que os pais dos noivos não devem se intrometer sobre "casamentos arranjados", ou seja, ficar indicando marido ou mulher. "Não pode dizer 'você tem que se casar com fulano ou ciclano'. Eles que precisam decidir" concorda o casal.
Túnel do tempo
A pergunta que fechou a entrevista foi bem corriqueira. Será que, caso eles pudessem entrar em um túnel do tempo e voltar para antes do casamento, mesmo assim eles tomariam a decisão de se casar um com o outro?
"Ah, mas isso com certeza. Cada pessoa é diferente uma da outra. Nós já estamos tão acostumados a viver juntos depois de 60 anos de casados, que eu não trocaria. Se fosse para casar, casaria de novo", afirma a dona Iadviga de forma muito convicta.
"Com certeza. Como eu ficaria sem ela?" finaliza Ignácio em grande estilo.
O vídeo da entrevista estará disponível nos próximos dias no nosso canal do YouTube.
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