O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados na tarde de sábado (1º), em Brasília, após vencer a eleição interna que definiu o novo comando da Casa. Motta substituirá Arthur Lira (PP-AL) no cargo e ficará à frente da Câmara pelos próximos dois anos. Aos 35 anos, o parlamentar assume o cargo como o mais jovem presidente da história da Casa, um marco para sua carreira política. Esta é a quarta vez consecutiva que Motta é eleito para o cargo de deputado federal, tendo iniciado sua trajetória na Câmara em 2010, quando foi o mais jovem parlamentar a assumir um mandato, aos 21 anos.

Com uma trajetória política de destaque, Hugo Motta tem sua origem no MDB, partido pelo qual foi eleito em seus três primeiros mandatos, mas foi na última eleição que se filiou ao Republicanos, sigla tradicionalmente ligada à Igreja Universal do Reino de Deus e ao empresário Edir Macedo. Sua ascensão na política é também reflexo de sua origem familiar. O parlamentar é considerado um “herdeiro político”, já que sua família possui uma longa tradição de cargos públicos na Paraíba. Seu avô materno, Edivaldo Motta, foi deputado estadual e federal, enquanto sua avó, Francisca Motta, foi vice-prefeita de Patos e prefeita da cidade entre 2013 e 2016, além de deputada estadual por seis mandatos. Seu avô paterno, Nabor Wanderley da Nóbrega, também exerceu a função de prefeito de Patos, e seu pai, Nabor Wanderley Filho, foi prefeito da cidade e deputado estadual.

Na Câmara, Motta se destacou por sua atuação nas comissões. Em 2014, presidiu a Comissão de Fiscalização e Controle, e em 2015 foi o responsável pela presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, um dos episódios de maior repercussão política da última década, que teve forte impacto no governo da ex-presidente Dilma Rousseff e culminou no processo de impeachment da petista. Sua relação com a operação Lava Jato e com figuras como o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) também geraram polêmica. Motta foi apontado como integrante da “tropa de choque” de Cunha, e chegou a ser mencionado em reportagens sobre possíveis ações políticas realizadas para proteger a imagem do ex-presidente da Câmara.

Além disso, o novo presidente da Câmara é frequentemente associado a setores distantes do atual governo, como o agronegócio e o mercado financeiro, o que gerou especulações sobre seu posicionamento em relação às pautas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, Motta se apresenta como um político focado no diálogo, buscando uma gestão marcada pela negociação e pela construção de consensos, principalmente diante da polarização política que tem dominado a política brasileira nos últimos anos.

Apesar das divergências em sua trajetória, Hugo Motta foi o candidato de apoio do governo Lula na disputa pela presidência da Câmara. Sua eleição foi vista como uma tentativa de apaziguar as tensões entre diferentes correntes políticas dentro da Casa. Com isso, o PT e o PL, partidos com peso significativo na composição da Câmara, terão cargos importantes na Mesa Diretora e na chefia de algumas das principais comissões. O novo presidente da Casa se comprometeu a manter um ambiente de colaboração e evitar confrontos diretos, focando em uma administração que promova a unidade e o diálogo, essencial para o andamento dos trabalhos legislativos.

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