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Milena Popadiuk

'As fases do luto' por Milena Popadiuk

Não adianta, a dor só passa quando passamos por ela. E para cada um, há um tempo de passagem

O luto é um processo, um conjunto de emoções, o qual é o resultado de uma perda muito impactante. Somente quem passa por isso sabe explicar a dor de perder um ente querido.

O luto é algo individual. A verdade é que podemos nos esforçar para definir o que é luto, mas não conseguiremos, jamais, ser precisos. Cada um vivencia o luto de uma forma diferente. E o tempo de duração difere de pessoa para pessoa.

Superar o luto é fundamental! É igualmente importante que a perda não seja reprimida!

Você sabia que o luto tem cinco fases?

Então trago aqui estudos da psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross. Tampouco, significa que os cinco estágios são experimentados por todos os processos de luto. Lembre-se, não é um sistema exato. Algumas pessoas vivenciam em ordens diferentes.

O primeiro estágio: Negação - pode ser íntima e silenciosa, até mesmo comparada com um pesadelo, apresenta uma suspensão de realidade concreta. A pessoa nega a perda para evitar lidar com as emoções da perda.

O segundo estágio: Raiva - a pessoa fica revoltada com o que aconteceu, passando a não entender o ocorrido e desenvolver o sentimento de raiva.

O terceiro estágio: Barganha - a pessoa tem imaginação temporária, como se fosse possível reverter o fato. Algumas pessoas buscam e fazem acordos ou promessas para que as coisas voltem a ser como era antes.

O quarto estágio: Depressão - é nessa fase que a falta do ente querido é sentida com intensidade. Percebe-se que não há mais o que fazer, impotência diante da situação e a pessoa se sente triste, isolada, culpada.

O quinto estágio: Aceitação - Aceitar também não é deixar de sentir. O luto se torna parte da essência, um marco indelével da história pessoal. O sentir se modifica, mas não se esgota. E pode provocar retornos a estágios de luto descritos anteriormente. Ainda que não esteja feliz a pessoa consegue estar em paz com a situação, aceitando-a com dignidade.

Lembre-se de que não estamos falando de ciências exatas, mas de nossas emoções. A dor do luto não é um transtorno mental que precisa ser curado ou medicado. O luto precisa ser vivido.

Mas e aí, vocês devem estar se perguntando? Por que eu escolhi falar sobre luto? Há alguns dias perdi minha mãe, aos 43 anos de idade, vítima de câncer de estômago em tratamento durante nove meses. Minha mãe nunca desistiu de lutar.

Eu já havia estudado sobre as fases do luto, e no meu caso passei por dois estágios. O primeiro - negação, realmente eu negava ter perdido ela para evitar de chorar e lidar com as emoções. Quinto - aceitação, após alguns dias aceitei a perda depois de entender que ela havia cumprido seus propósitos aqui na terra, e partiu para outro plano espiritual segundo o que eu creio.

Aceitar a perda é diferente do que esquecer. Nunca mais iremos esquecer o ente querido, na primeira vez que reunirmos a família, ao nos sentarmos para as refeições, durante à noite, na hora de dormir, sempre haverá memórias boas, saudades.

Além de não nos apegarmos a uma ideia de que o luto ocorre em fases cronológicas, ordenadas, com tempo certo de duração, devemos saber que as etapas podem surgir bastante embaralhadas. Como foi o meu caso.

Também não é incomum que, após o estágio da aceitação, eventos resgatem sensações que se julgavam superadas. Datas específicas, imagens, lugares, cheiros, músicas... tudo pode suscitar uma lembrança afetiva, capaz de restaurar sofrimentos. Isso não significa um retrocesso. É apenas testemunho de que o amor que sentimos não foi esquecido. O ente querido é parte de nós. Vive em nossa memória.

Como forma de ajuda você pode procurar ajuda psicológica. Na terapia, encontramos uma conversa que respeita nossos entraves, mas nos provoca a pensamentos novos. Um psicólogo não nos consola e diz que "tudo ficará bem". Mas nos ajuda a encontrar nossos próprios meios para, aos poucos, digerirmos a nova condição e nos adaptarmos, da melhor forma possível.

Não adianta, a dor só passa quando passamos por ela. E para cada um, há um tempo de passagem. Sentir é parte do processo de cura. 

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