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Repartir a Vida

A partilha sempre esteve presente na vida do ser humano, desde a infância os filhos aprendem com os pais a arte de repartir, dividir o que tem uns com os outros. E este gesto segue até o final da vida de qualquer pessoa e, os que não se adequam com o fato de que a vida é feita de partilha, não vive bem. Neste sentido, devemos revalorizar a vida partindo do princípio da partilha. Não dá para ter uma vida extremamente egoísta e individualizada, pois é urgente a concepção da partilha. Casais de namorados, noivos e casados devem partilhar. Na vida matrimonial a maioria das crises acontece por não existir a habilidade do casal em partilhar suas experiências de vida para se conhecerem melhor. Também existe a ideia de estar juntos, mas não em tudo. Cria-se uma espécie de egoísmo por intenção: salários não divididos, tempo e serviços do lar não partilhados e com tudo isso vem a sobrecarga, o cansaço e estresse. Na vivência do dia a dia o casal também não consegue partilhar as dificuldades vividas no trabalho estressante. "Cada um com seu problema!" Diz um, "Já estou de saco cheio" diz o outro e quando menos se percebem estão distante um do outro, pelo fato de não terem mais partilhado nada... Nem os afetos e carinhos do tempo de namoro e das paixões. Em relação aos filhos acontecem coisas semelhantes, os pais de tão cansados e saturados com as amizades, com o trabalho e as preocupações não se responsabilizam mais por partilhar com os filhos os afetos geradores de segurança e saúde; também não dividem mais as emoções e os sentimentos de compaixão. Esquece-se de partilhar os conhecimentos adquiridos com a experiência de vida e nem os culturais que são extremamente importantes para manter a tradição e a história da família. Não existe mais tempo propício nas famílias para partilhar coisas simples. Quase não existe nem mais tempo dos pais para partilhar com os filhos. Também é necessário ressaltar a questão da partilha do tempo em geral na vida de algumas pessoas que não mais conseguem 'partilhá- -lo' com membros da própria família, nem com os amigos e para os eventos costumeiros como futebol, Igreja, passeio e descanso. A ausência da ideia de partilhar a vida aos poucos está acabando e ao mesmo tempo isto acaba com o ser humano, pois o mesmo é feito de partilhas, desde a concepção até os últimos instantes de sua vida. Tem-se falado muito nas últimas décadas em facilitar a vida das pessoas para que tenham mais tempo de vida e tempo para partilhar as alegrias. Veio a televisão, o computador, o automóvel, a internet entre tantas outras oportunidades para facilitar a vida e cada vez mais vemos as pessoas egoístas e individualizadas em suas casas. Não mais partilhando o tempo, as oportunidades e o dom da alegria. O que será que aconteceu com o ser humano? Para aonde estamos caminhando? Aonde queremos chegar com tudo isso? Faz pensar cada vez mais nossas atitudes e os nossos gestos.

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