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Rapaz de 19 anos batalha para ajudar sua família que ainda está na Venezuela
O Jornal A Tribuna do Vale conta para você nessa oportunidade o caso de Justin Jose Labrador Torres de 19 anos. De forma corajosa, o rapaz saiu da Venezuela para melhorar a vida. Para isso, escolheu vir para o Brasil, especificamente para a cidade de Taió.
Para se ter uma ideia da defasagem da moeda de lá, um real brasileiro, equivale a quase 50.000 bolívares venezuelanos. Em 2019, a inflação naquele país foi de quase 10.000%, enquanto no Brasil, não chegou a 5%. O salário mínimo de 800.000 bolívares equivale a menos de cinco dólares, ou cerca de vinte e cinco reais, o equivalente a compra de um quilo de carne bovina.
Desde 2013, quem comanda o país é Nicolás Maduro do Partido Socialista Unido da Venezuela. Ele tem mandato por mais cinco anos. Segundo Justin, depois que Maduro assumiu, o país piorou muito. O Brasil reconhece Juan Guaidó como representante oficial do país. Antes, quem comandava a Venezuela era Hugo Chávez, do mesmo partido de Maduro. Chávez ficou no poder de 1999 a 2013 (ficou 47 horas detido em 2002, onde o país teve outros dois presidentes).
Trabalhando em uma das grandes empresas da cidade, o rapaz venuzuelano já passou por muitos perrengues, tanto no seu país de origem, quanto em Roraima, primeiro local que ficou após deixar a Venezuela. Ele segue ajudando sua família que ainda está na Venezuela. Confira o bate-papo exclusivo do JATV com Justin:
JATV- Conte um pouco da sua vida na Venezuela e como é morar nos dias de hoje nesse país.
JUSTIN - Nosso país é bonito. O problema é que trabalhando lá, não dá para comprar comida e roupas. Eles pagam bem pouquinho. Eu nasci em Maturín, na capital do estado de Monágua na Venezuela. Todo o país é bonito. O país tem bastante ouro, petróleo e diamante. Mas hoje em dia, a coisa está ruim. Não tem médico, não tem agricultura. Tudo acabou quando o presidente Maduro ganhou a eleição. Ele piorou o país.
JATV - Como surgiu a chance de partir para Taió?
JUSTIN - Quando saí da Venezuela, fui para Boa Vista, em Roraima. Para falar a verdade, passei mais fome em Boa Vista do que na Venezuela. Eu dormia em uma mata, perto de um rio. Lá, eu trabalhava na rua botando papéis de propaganda nos limpadores dos carros. Aí eu ganhava um real, as vezes dois. Não era muito, mas com isso eu conseguia comprar um pouco de comida.
JATV - Seus familiares ainda estão por lá. Como eles estão? Pensam em sair da Venezuela?
JUSTIN - Meus três irmãos e minha mãe ainda moram lá. Sobre meus irmãos, o Jeimy tem 17 anos, o Jeferson tem 14 e o Jordan tem três anos. Eles querem sair de lá e morar aqui no Brasil. Queria muito trazer a minha família em janeiro do ano que vem. Meu pai ficou em Boa Vista, Roraima, mas ele não está conseguindo trabalho. É muito ruim lá. Tem muita gente ruim. Também tem muita gente dormindo na rua. Eu tive mais dificuldade lá do que na Venezuela. Lá não tem trabalho. Muitos venezuelanos estão em Roraima procurando trabalho, mas não querem dar emprego para as pessoas do nosso país. Uma grande parte está sem emprego, dormindo nas ruas, passando fome ou comendo lixo. Sinceramente, acho que Boa Vista está pior do que a Venezuela.
JATV - Atualmente, você mora sozinho? Trabalha aonde? Estuda?
JUSTIN - Na verdade, me sinto sozinho por não morar com meus pais e irmãos. Mas estou morando com meus primos, por enquanto. A Simone aqui da Lorenzetti está me ajudando para que eu possa me mudar e morar sozinho. Como meu primo tem família, ele também precisa de privacidade. Não quero incomodar. Estou trabalhando na empresa Lorenzetti Química (Louro). Com o meu salário, ajudo a minha família no que posso ajudar. Por causa da pandemia, por enquanto não estou estudando, mas quero estudar. Lá na Venezuela, eu estava estudando com design gráfico. Também sou compositor de músicas. Aqui em Taió, quero trabalhar bastante para ajudar a minha família.
*Edição: Após a entrevista, ele conseguiu alugar uma kitnet e atualmente está morando sozinho.
JATV - O que acha de morar em Taió? É legal?
JUSTIN - Nossa, eu acho Taió ótimo para viver! As pessoas são muito amáveis. É muito bom. Eu mudei de vida ao chegar aqui. As pessoas são tranquilas e quero ficar morando aqui. O único problema é que conheço pouca gente, mas é muito bom morar aqui.
JATV - Teve algum problema com o idioma aqui no Brasil?
JUSTIN - Eu ainda não falo muito bem o português. Estou aprendendo.
JATV - Você já sofreu algum tipo de preconceito?
JUSTIN - Em Taió, não. Ganhei a passagem e até ajuda do governo. Sou muito grato a Deus por ter posto essa cidade na minha vida. Eu adoro morar nessa cidade.
JATV - Você precisa de algum tipo de ajuda?
JUSTIN - Para falar a verdade, agora não estou precisando de ajuda para viver. Claro que queria ajudar mais a minha família, mas vivo bem aqui.
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