Terezinhense afirma que seu parreiral de uvas pode ser derrubado por falta de incentivo
Em um município como Santa Terezinha, onde a agropecuária tem uma participação de 85,3% na economia o incentivo do poder público à agricultura é extremamente importante. No município a fumicultura ainda é predominante e representa a maior fonte de renda aos agricultores.
Aos 54 anos, o agricultor Osmar da Rosa relata que há 15 começou a plantar uvas em sua propriedade, na localidade de Canela, em Santa Terezinha, através de recursos próprios. Ele se capacitou através de diversos cursos para concretizar o projeto de seu parreiral.
Osmar contou que a vontade de cultivar uvas surgiu da tendência em diversificar a agricultura. De início, o agricultor tentou investir em leite, mas não teve o sucesso esperado. Já com a implantação da uva orgânica, a produção nos primeiros anos foi muito satisfatória.
Com o passar do tempo, as safras de Osmar começaram a serem prejudicadas por fungos e doenças. O produtor reclama que esse é o momento onde falta mais apoio do poder público "No fumo, quando acontece granizo ainda tem a Afubra que cobre os prejuízos, já na uva, se perde tudo" e acrescenta "Esse ano, logo após a floração, deu uma chuva de granizo bem fina e destruiu o parreiral. Me desanimei e quis arrancar tudo, mas minha esposa não deixou. Estou bastante em dúvida se vou continuar ou não".
O produtor terezinhense considera que mais apoio de empresas como Epagri, Embrapa e órgãos de pesquisa é extremamente importante para apoiar a diversificação. O agricultor comentou a ausência dos institutos e lamentou que seu parreiral pode estar com os dias contados "Eu tenho pena porque aqui vem crianças, idosos, ficam bem contentes em baixo do ambiente. Eu libero a uva para chupar debaixo do parreiral. Mas a partir do tempo que não está rendendo, a gente não tem animo para trabalhar". Osmar acredita que o fumo recebe o maior incentivo em seu município porque ele tem garantia de rendimento.
O investimento para um hectare de uva está em torno de 60 mil reais atualmente, afirma Osmar que ainda relata a dificuldade em conseguir assegurar sua propriedade ". Já procurei seguro nos bancos e todos dizem que para uva não tem. Uma vez em um banco, chegaram a dizer que para cada hectare de uva custaria 7.000 reais por ano o seguro. Fui ver para colocar uma cobertura no parreiral, mas como estamos em uma região de muito vento, posso colocar a cobertura e no mesmo ano dar um vento e estragar tudo", comentou.
Comecei a fazer cursos em 1993, pelo ano de 2000 comecei a plantar. Não recebi incentivo algum, fiz tudo com recursos próprios. Até fiz um financiamento uma vez para implantar, para ajudar um pouco. Porque hoje para plantar um hectare de uva será gasto em torno de 60 mil reais, então é um investimento muito alto. Tenho muita pena porque depois que ela está nesse estágio de só produzir falta incentivo e um seguro.
Em seu hectare de parreiral, Osmar tem mil pés de uva plantados. Assim que termina a safra, uma limpeza precisa ser feita, além da adubação para a próxima safra.
Osmar conta como foi o plantio das primeiras mudas "Quando fui implantar o parreiral, veio um técnico de outra cidade com a uva que era plantada naquela localidade e sofri muito porque peguei variedades improdutíveis em nossa região. Eram 18 variedades, tive um trabalho muito grande, pois tive que cortar diversas", explicou.
As uvas que o parreiral de Osmar tem hoje produzem bem. Ele comenta que tem uma uva nova, ainda pouco conhecida "O nome é Niebel, uma uva muito resistente, muita gente está pedindo, vou até fazer um pouco de muda para o pessoal. Se eu destruir a plantação, contudo quero deixar muda para que alguém produza minha uva", comentou.
Neste ano, o parreiral capaz de produzir até 15 toneladas deve oferecer uma colheita de apenas duas "Tivemos um ano muito difícil, mas tive um cuidado muito bom com ela", disse Osmar. Essa produção é vendida em sua propriedade "Se eu colher 10 mil quilos eu vendo tudo aqui, temos bastante simpatia com o pessoal. Problema de venda eu não tenho", acrescentou.
O produtor de uva já teve a oportunidade de ser Secretário de Agricultura do município por um ano. Ele afirma que sempre batalhou pela diversificação de produção "Vemos em municípios onde só se plantava muito fumo e hoje se planta pouco", afirmou.
Sua visão é de que as dificuldades para diversificar a cultura não se limitam a falta de incentivo do poder público "O problema é que estamos muito longe de acesso, e nossa mão de obra aqui é muito cara para diversificar uma agricultura", relatou e afirmou ainda que "O governo não se preocupa conosco. Deveria ser feita a rodovia para ligação com o Planalto Norte para escoar nossa produção, se não haver uma escoação da produção em asfalto, não há como implantar a diversificação, pois o frete assim é muito caro. Então para nossa região a primeira coisa a ser feita para a diversificação é uma rodovia que ligue ao Planalto Norte para o escoamento", finalizou.
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