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Em uma iniciativa pioneira, representantes do setor agropecuário da região empreenderam uma viagem à França com o objetivo de aprofundar seus conhecimentos sobre a produção leiteira, focando especialmente na raça Montbiliard. Essa raça, que foi introduzida no Brasil em 2010, tem mostrado excelente adaptação e resultados promissores não apenas na região e estado, mas também no Rio Grande do Sul, onde várias experiências têm se destacado positivamente.
Os participantes deste intercâmbio representam uma variedade de entidades e organizações, incluindo cooperativas de produção de leite, sindicatos e instituições de ensino. Entre os participantes estavam Anderson Huf, representante de uma cooperativa de Pinhalzinho; Éder Antônio Tochetto, representante sindical de Seara; Valdecir Caxoeira, presidente da Cooperfavi em Dona Emma; Adriano Zimath, representante da Cresol de Witmarsum; Henrique Schulze, agricultor representante da Cresol de Dona Emma; Taylor Sergio Buss, médico veterinário de Salete; Larissa Junkes Preis, representante estudantil; e Rodrigo Preis, representante da Cooper Salete e Fetraf/SC.
A viagem foi parcialmente financiada pelas entidades representadas, com alguns participantes, como Taylor e Larissa, cobrindo seus próprios custos. Rodrigo Preis compartilhou que metade de suas despesas foi suportada pela Cooper Salete, evidenciando um investimento conjunto no conhecimento e fortalecimento do setor.
A escolha da raça Montbiliard não é aleatória. Conhecida por sua versatilidade e adaptabilidade, ela se encaixa perfeitamente nas condições climáticas e de manejo encontradas no Brasil, oferecendo uma oportunidade única de melhorar a qualidade e a quantidade da produção leiteira. A viagem teve como foco não apenas entender as características específicas da raça, mas também explorar as técnicas de melhoramento genético que têm contribuído para o sucesso da produção leiteira na França.
Uma das paradas cruciais nesta jornada de conhecimento foi a visita a uma central de melhoramento genético. Esta central, operada por um consórcio de cooperativas, desempenha um papel vital no desenvolvimento e na implementação de estratégias de melhoramento para os produtores locais. A experiência adquirida na visita oferece conhecimentos valiosos sobre como métodos semelhantes podem ser aplicados no Brasil, potencialmente revolucionando a maneira como produtores regionais encaram o melhoramento genético em seus territórios.
Além do foco na genética, a delegação explorou o processo de produção de queijo, visitando uma queijaria local. Este aspecto da viagem permitiu aos participantes entenderem melhor a cadeia de valor da produção leiteira, desde a ordenha até a mesa do consumidor, enfatizando a importância da qualidade do leite na fabricação de produtos lácteos de alta qualidade.
Outro aspecto fundamental da viagem foi o encontro com representantes de entidades sindicais francesas. Esses diálogos visaram fortalecer os laços sindicais e compartilhar estratégias para a promoção dos direitos e do bem-estar dos trabalhadores do setor agropecuário. A troca de experiências com o movimento sindical francês é um passo importante para reforçar o sindicalismo no Brasil, oferecendo novas perspectivas e abordagens para a advocacia e a negociação coletiva.
Rodrigo compartilhou detalhes sobre a agenda durante a viagem à França:
"A programação do nosso intercâmbio na França foi centrada principalmente nas visitas a propriedades leiteiras. Visitamos quatro fazendas para observar de perto todo o sistema de produção leiteira, analisando como o leite é produzido no país e a produtividade dos animais, que alcançam uma produção excepcional de até 9000 litros de leite por lactação de 305 dias. Esses animais recebem no máximo 4 kg de ração diária, com restrições ao consumo de silagem em algumas regiões para atender aos padrões de produção de determinados tipos de queijo. Durante o inverno, os animais enfrentam o desafio de permanecer abrigados devido à neve. A raça Montbiliard, que produz leite rico em sólidos e também se destaca na produção de carne, agrega valor tanto ao descarte de fêmeas quanto à venda de machos, seja recém-nascidos ou após a engorda, mostrando sua importância para a pecuária leiteira e de corte em nossa região.
Além das fazendas leiteiras, visitamos uma propriedade de gado de corte que adquire machos de propriedades vizinhas, e uma central de melhoramento genético composta por nove cooperativas. Esta central desempenha um papel crucial na qualificação e no melhoramento da genética do rebanho, garantindo que o sêmen dos animais selecionados retorne às propriedades, um processo que pudemos acompanhar de perto.
Visitamos também uma queijaria regional, produtora do queijo Comté, um produto específico feito a partir do leite da raça Montbiliard. Para a produção desse queijo, as vacas não podem consumir silagem, e a ração é limitada a no máximo 4 kg por dia. Além disso, o leite deve ser coletado diariamente e mantido entre 10 e 12 graus, mostrando o cuidado necessário para preservar as características específicas que conferem ao queijo seu sabor único. A queijaria, uma cooperativa com 25 associados em uma área compacta, reflete a valorização de produtos com características regionais na França, uma prática que agrega valor ao produto final.
Este modelo de produção, baseado na cooperação e na qualidade, oferece lições valiosas para nós, destacando a importância do trabalho conjunto e da valorização do produto regional."
Rodrigo Preis levou sua filha, Larissa, demonstrando a transmissão de conhecimento e interesse pelas gerações futuras na agricultura. Larissa, estudante do Instituto Federal Catarinense, vê a viagem como uma preparação para um possível estágio na França, refletindo a contínua busca por aprendizado e evolução na profissão.
A viagem de intercâmbio à França, participada por representantes brasileiros, revelou-se uma oportunidade ímpar de aprendizado sobre novas práticas agrícolas que prometem revolucionar a criação da raça Montbiliard em Santa Catarina. Absorvendo o modelo de produção francês, destacam-se técnicas inovadoras e um enfoque sustentável que poderão ser adaptadas para aprimorar a produtividade e sustentabilidade da pecuária local.
Primeiramente, a experiência francesa sublinha a importância de uma regulação equilibrada na produção, visando evitar excessos e oscilações de mercado - um contraste notável com os desafios enfrentados no Brasil. Tal abordagem não apenas garante uma oferta estável, mas também promove uma produção consciente e ajustada à demanda, potencialmente inspirando políticas semelhantes em Santa Catarina.
Além disso, a ênfase na longevidade dos animais surge como um princípio fundamental para aumentar a rentabilidade. Ao priorizar a saúde e a fertilidade, permitindo que as vacas tenham mais lactações ao longo de suas vidas, os produtores podem reduzir a rotatividade de animais e maximizar a eficiência produtiva. Este método ressalta a importância de investir em pastagens de qualidade e em práticas de manejo que reduzam os custos de produção, mantendo a sustentabilidade ambiental e econômica.
O melhoramento genético, focado na rusticidade, saúde, resistência e fertilidade dos animais, é outro pilar que os produtores catarinenses podem adotar. A atenção especial ao casco dos animais, por exemplo, não só melhora a mobilidade e a alimentação, mas também a saúde geral e a produtividade, evidenciando o potencial de práticas de manejo mais refinadas que possam ser introduzidas na região.
O intercâmbio também destacou a relevância de abordagens coletivas na seleção genética, promovendo um sistema onde os melhores reprodutores são compartilhados entre os produtores, beneficiando a comunidade como um todo. Essa prática, além de promover a qualidade genética, fortalece a cooperação e a solidariedade entre os agricultores.
Com a intenção de difundir e fortalecer a raça Montbiliard em Santa Catarina, o projeto abraça as discussões sobre cooperativismo, agregação de valor aos produtos, produção leiteira a pasto e melhoramento genético. A inspiração vinda do modelo sindical francês, bem organizado e suporte aos agricultores, também é um modelo a ser considerado para impulsionar a agricultura local.
Este intercâmbio é um testemunho do compromisso do setor agropecuário da região com a inovação, a sustentabilidade e o desenvolvimento socioeconômico. Ao buscar conhecimento e inspiração na França, um país com uma longa tradição em excelência agrícola, os participantes da viagem estão não apenas investindo em seu próprio crescimento profissional, mas também na prosperidade futura da produção leiteira no Brasil. Este esforço conjunto não apenas eleva o padrão de nossa agropecuária, mas também fortalece as relações internacionais e a cooperação no campo da agricultura e pecuária.
A comitiva de Rio do Campo retorna com novas perspectivas e técnicas que prometem beneficiar a região e fortalecer ainda mais o setor agropecuário local.
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