James Harrison, conhecido por suas contribuições para a medicina com doações de sangue que beneficiaram milhões de bebês, faleceu aos 88 anos no último dia 17 de fevereiro, enquanto dormia na Casa de Repouso Peninsula Village, em New South Wales. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (3), segundo o jornal Metro.

Harrison ganhou notoriedade por possuir um anticorpo raro no sangue, chamado Anti-D, essencial na prevenção da Doença Hemolítica Perinatal (RhD). A condição ocorre quando há incompatibilidade entre o sangue da mãe e do feto, podendo levar a complicações graves, como insuficiência cardíaca e danos cerebrais no bebê.

O australiano tornou-se doador de sangue em 1954, após receber uma transfusão em um procedimento cirúrgico. Desde então, passou a doar regularmente, alcançando 1.173 doações ao longo da vida até se aposentar da prática em 2018, aos 81 anos.

A Cruz Vermelha Australiana Lifeblood estima que as doações de Harrison ajudaram a salvar a vida de mais de 2,4 milhões de bebês. O plasma doado foi fundamental no desenvolvimento de uma terapia baseada no Anti-D, que passou a ser amplamente utilizada a partir da década de 1960.

Em reconhecimento às contribuições, Harrison recebeu em 1999 a Medalha da Ordem da Austrália. Ele também foi reconhecido pelo Guinness World Records como o maior doador de plasma sanguíneo do mundo entre 2005 e 2022.

A filha de Harrison, Tracy Mellowship, declarou que o pai tinha orgulho de seu papel na medicina e destacou a importância de seu legado. “Ele salvou vidas sem esperar nada em troca”, afirmou. O CEO da Lifeblood, Stephen Cornelissen AM, também prestou homenagem, ressaltando que Harrison continuou a doar sangue mesmo após o falecimento de sua esposa, Barbara.

Cientistas agora estudam amostras do sangue de Harrison para tentar desenvolver uma versão sintética do Anti-D, chamada de James in a Jar, que poderia beneficiar gestantes em todo o mundo. O motivo pelo qual Harrison produzia quantidades elevadas do anticorpo ainda não foi completamente esclarecido, mas há hipóteses de que sua transfusão na juventude tenha influenciado esse fenômeno.

A trajetória de James Harrison segue sendo lembrada pelo impacto de suas doações, que ajudaram a transformar os tratamentos para gestantes e recém-nascidos em todo o mundo.