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Campanhas de mobilização são comuns nos dias de hoje para tratar de assuntos que se tornam problemas de saúde pública, assim, alguns meses são simbólicos para a divulgação e o combate desses problemas, como o mês de outubro, que, para falar sobre o combate ao câncer de mama, virou Outubro Rosa. Ou então o Novembro Azul, que serve para discutir o câncer de próstata. Com o mês de setembro não é diferente, ele pode ser conhecido por Setembro Amarelo e traz à luz um assunto muito importante: o suicídio.
O movimento do Setembro Amarelo é mundial e ocorre no Brasil desde 2014. Ele tem duração de 30 dias e foi escolhido para acontecer no nono mês do ano, pois o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Ele foi trazido ao Brasil pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). O Setembro Amarelo é importante, pois o suicídio ainda é um assunto pouco falado em nossa sociedade, mesmo levando mais de 800 mil vidas por ano. As pessoas não falam sobre isso, mas não impede que o suicídio seja uma prática comum.
A palavra suicídio tem origem do latim sui = "próprio" e caedere = "matar" e significa ação de matar a si mesmo.
O suicídio é tão antigo quanto à história da humanidade, sempre existiu em todos os sexos, faixas etárias, classes sociais e em todas as civilizações e culturas, o que mudou foi a forma de como este ato é interpretado ao longo do tempo.
Historicamente encontramos culturas que enalteciam mortes violentas, sejam essas por batalhas ou suicídio, por exemplo, os Vikings acreditavam que essas pessoas iriam para o Paraíso; Esquimós quando chegam a certa idade separavam- -se do grupo para morrerem sozinhos, assim sobravam mais alimentos para os jovens; Astecas ofereciam-se como oferenda aos deuses em rituais de morte; na China antiga alguns homens se matavam antes das batalhas, acreditando que suas almas dariam forças para os que iam lutar. Atualmente encontramos grupos de pessoas que praticam suicídio coletivo, por motivos variados, ouve-se com frequência na mídia atentados com "homens bomba".
Sobre o suicídio pode-se afirmar que se trata de um fenômeno complexo e que não existe uma única explicação, vários fatores estão associados, entre eles, fatores psicológicos, sociais, ambientais, familiares, culturais e genéticos.
Estima-se que 97% das pessoas que cometem suicídio tem um transtorno mental que não foi diagnosticado ou tratado, também é observado que o comportamento suicida é mais frequente em pacientes psiquiátricos e que a maioria não procura ajuda do profissional da saúde. As doenças como depressão, alcoolismo e drogadição, esquizofrenia, transtorno de personalidade e transtorno mental orgânico estão associadas ao suicídio. Outros fatores como desemprego, perda de status sócio econômico, pressões na profissão, mudanças de cidade, conflito nas relações familiares, rejeição, luto, aposentadoria, vergonha, mudanças na sociedade (políticas e econômicas) também estão associadas em tal comportamento, neste sentido, as pessoas que cometem suicídio normalmente estão tentando fugir de uma situação da vida que lhes parece impossível de enfrentar.
De acordo com dados atuais da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 3.000 pessoas por dia cometem suicídio no mundo, o que significa que a cada 30 segundos uma pessoa se mata. As mulheres tentam o suicídio 4 vezes mais que os homens, mas os homens o cometem (isto é, morrem devido a tentativa) 3 vezes mais do que as mulheres. Isso se explica pelo fato de os homens utilizarem métodos mais agressivos e potencialmente letais nas tentativas, tais como armas de fogo ou enforcamento, ao passo que as mulheres tentam suicídio com métodos menos agressivos e assim com maior chance de serem ineficazes, como tomar remédios ou venenos.
As informações da OMS, a média de suicídios aumentou 60% nos últimos 50 anos, maioria dos suicídios ocorre na faixa dos 15 aos 44 anos. O suicídio é atualmente uma das três principais causas de morte entre os jovens e adultos de 15 a 34 anos, embora a maioria dos casos aconteça entre pessoas de mais de 60 anos. Existe estudo que afirmam que entre 100 habitantes, 17 já tiveram o pensamento de suicídio, 5 fizeram plano de se matar, 3 tentaram o suicídio e apenas 1 foi atendido em pronto socorro, ou seja, procurou ou recebeu o tratamento.
Normalmente a pessoa com ideação suicida apresenta comportamentos e atitudes que revelam sua real intenção, seja por meio de frases abertas como: "Eu preferia estar morto", "Eu não aguento mais", "Minha vontade é de sumir", "Eu sou um peso para os outros", "Os outros vão ser mais feliz sem mim" ou divisão de bens, cartas de despedidas, ou mesmo tentativas frustradas. Isso são sinais de alerta, principalmente quando somados ao quadro de depressão, desesperança, desamparo e desespero. Neste caso, quando a preocupação a respeito de um risco de suicídio ocorrer em relação a uma pessoa, esta deve ser encaminhada a uma avaliação com profissionais da saúde (clínico geral, psiquiatra, psicólogo) para que se possa avaliar adequadamente o risco e oferecer um tratamento para essa pessoa. Esse tratamento poderá ser uma internação, quando for avaliado que o risco é muito grave, ou tratamento ambulatorial, ocasião em que é feita uma avaliação das circunstâncias da vida da pessoa, se ela tem uma família que possa estar presente, observando-a e fornecendo-lhe suporte, e à qual, ela própria, apesar da vontade de se matar, possa comunicar isso e pedir ajuda antes de cometer o ato, podendo ser evitado.
Quando alguém estiver pensando em cometer suicídio é importante comunicar essa ideia para que outros possam ajudá- -lo, pois quem está se sentindo tão mal a ponto de pensar que a morte é sua única saída, com certeza precisará de ajuda.
Fonte: Manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental
Psicóloga Adenilse Losi Meurer
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